Ibovespa cai 0,87%, aos 129 mil pontos, mas sobe no mês; Ambev (ABEV3) recua 6,5% e JBS (JBSS3) fecha em alta
O Ibovespa encerrou a sessão desta quinta-feira (29) em baixa de 0,87%, aos 129.020,02 pontos. A mínima diária foi de 128.669,29 pontos, enquanto a máxima foi de 130.154,84 pontos. No mês de fevereiro, o índice avançou 0,99% – depois da queda de 4,79% ao longo de janeiro. Já o volume financeiro do dia somou R$ 28,8 bilhões.
O Ibovespa hoje se descolou das principais Bolsas de Valores de Nova York, que fecharam o dia no campo positivo.
- Dow Jones: +0,12%, aos 38.994,29 pontos;
- S&P500: +0,52%, aos 5.095,88 pontos;
- Nasdaq: +0,90%, aos 16.091,92 pontos.
Segundo Alexsandro Nishimura, economista e sócio da Nomos, o Ibovespa hoje continuou descolado dos seus pares da Bolsa de Valores de Nova York, como tem sido a tônica recente, sem conseguido acompanhar o rali das “techs”, comandadas pelo entusiasmo com a inteligência artificial (IA).
“Especificamente, hoje, enquanto as bolsas norte-americanas se apoiaram no alívio com a inflação, o IBOV sentiu o peso da queda de blue chips como bancos, Ambev (ABEV3) e Petrobras (PETR4), mas foi um movimento bem generalizado”, explicou.
Um dos temas importantes hoje foi a divulgação dos novos dados da PNAD Contínua, que apresentaram um “aquecimento” do mercado de trabalho. Os dados de desemprego foram inferiores às expectativas. Além disso, a renda avançou, o que poderia influenciar no processo de desinflação.
“Isso gerou indagações sobre como o Copom pode fazer a leitura e aumentando a chance do Copom não esticar os cortes muito abaixo dos 10%, quem sabe sequer rompendo a barreira do um dígito”, destaca Nishimura.
As ações da Petrobras (PETR4) apresentaram um pregão com bastante volatilidade, diante da alternância de sinais, entre uma tentativa de recuperação depois do forte sell-off de ontem (28), em razão dos receios em relação ao pagamento de dividendos, mas sob pressão pela queda do petróleo nos mercados internacionais, diante dos temores em relação à demanda.
Após o tombo de mais de 5% para Petrobras ON e PN ontem, com a reponderação das expectativas sobre dividendos – tendo em vista os sinais dados pelo presidente da estatal, Jean Paul Prates -, as ações da empresa seguiram em baixa, hoje de 0,91% (ON) e de 0,72% (PN), no fechamento. O dia também foi negativo para as ações de grandes bancos, com destaque para Itaú (ITUB4, 2,47%). Na ponta ganhadora do Ibovespa, ficaram Marfrig (MRFG3, +3,88%), JBS (JBSS3,+2,72%) e Petz (PETZ4,+2,21%). No lado oposto, Pão de Açúcar (PCAR3, -8,62%), após resultados trimestrais, e Ultrapar (UGPA3, -3,86%).
Diante da baixa do petróleo hoje (29) e a partir de um ambiente macro com maior aversão ao risco, todo o setor de petróleo foi puxado para baixo na Bolsa de Valores brasileira (B3).
As ações da Ambev foram impactadas após divulgação do novo balanço trimestral da companhia, cujos resultados ficaram abaixo do esperado.
Na última sessão de janeiro, o dólar havia fechado a R$ 4,9374 e, ao longo de fevereiro, teve alta de 0,72% frente à moeda brasileira, a R$ 4,9725, Assim, ao fim de janeiro, o índice da B3, em dólar, estava em 25.874,40 pontos, refletindo então o avanço de 1,73% da moeda americana no mês, frente ao real, e a queda de 4,79% acumulada pelo Ibovespa no primeiro mês do ano. Agora, na moeda americana, o Ibovespa foi um pouco além, a 25.946,71 pontos, mas ainda bem abaixo do nível de fechamento de 2023, aos 27.647,67 pontos, quando o índice da B3 estava em suas máximas históricas nominais.
“A queda nesta última sessão do mês foi muito puxada pelas ações de bancos, basicamente em realização de lucros – à exceção de Bradesco, que já vinha depreciado desde o último balanço – e pelo prosseguimento do ajuste em Petrobras. Vale mostrou leve recuperação na sessão, mas continua bem depreciada em relação a dezembro, quando a ação estava a R$ 77 ou R$ 78. China em meio a dúvidas sobre o nível de atividade econômica e a incerteza sobre a sucessão no comando da empresa pesaram, desde então, sobre a ação da mineradora”, diz Gabriel Mota, operador de renda variável da Manchester Investimentos.
Hoje, Vale (VALE3), a principal ação do Ibovespa, subiu 0,37%, a R$ 66,99 – no ano, a ação ainda recua 13,23%, com perda de 1,14% em fevereiro.
Na agenda externa, destaque para a divulgação, na manhã, da métrica preferida do BC dos Estados Unidos para monitorar a inflação ao consumidor no país, o índice PCE, que avançou 2,4% ao ano, dentro da expectativa do mercado, assim como o núcleo (+2,8%), em janeiro, observa a Toro Investimentos. Ambas as leituras ficaram abaixo do resultado de janeiro, quando o índice cheio havia avançado 2,6% e o núcleo, 2,9%, em termos anuais.
“Na parte de inflação, nos Estados Unidos veio indicador muito próximo ao que era esperado pelo mercado, o que é um alívio, porque se trata de dado que o Fed acompanha de perto. Uma aceleração resultaria em preocupações quanto ao início do processo de redução de juros, aguardado para o meio do ano, quando se espera que o BC americano terá conforto para iniciar o corte. O número de hoje corrobora essa expectativa, resultando em um pouco de fechamento da taxa de juros de 10 anos dos EUA, referência do mercado em todo o mundo”, diz Mônica Araújo, estrategista de renda variável da InvestSmart XP.
Maiores altas do Ibovespa
- Marfrig (MRFG3): +3,88%
- JBS (JBSS3): +2,72%
- Petz (PETZ3): +2,21%
- Cyrela (CYRE3): +2,08%
- Embraer (EMBR3): +2,05%
Maiores quedas do Ibovespa
- Grupo Pão de Açúcar (PCAR3): -8,62%
- Ambev (ABEV3): -6,47%
- Ultrapar (UGPA3): -3,86%
- Tim (TIMS3): -3,61%
- Hypera (HYPE3): -3,41%
Último fechamento do Ibovespa
O Ibovespa encerrou a sessão desta quarta-feira (28) em queda de 1,16%, aos 130.155,43 pontos.
Com Estadão Conteúdo