O Ibovespa enfrenta uma semana difícil. Até o fechamento do pregão de ontem, o principal índice da B3 acumula queda de 3,31%. O desafio de hoje é digerir novo impasse a respeito dos combustíveis e assimilar o mercado externo, após dados decepcionantes do payroll.
Ontem, o presidente Jair Bolsonaro ameaçou ir ao Supremo contra os governadores por causa da cobrança de ICMS sobre os combustíveis. Com a gasolina e o diesel nas alturas, o presidente adota a postura “a culpa não é minha”, já vista em outros momentos. Este é o primeiro dos fatores para digestão do Ibovespa hoje.
O cenário complica mais com os problemas do Executivo com o Legislativo. Também ontem, o ministro Luiz Fux clamou para que a manifestação pró-governo de 7 de Setembro seja pacífica. Bolsonaro respondeu que “não há o que temer”.
Mesmo com o cenário interno adverso, o Ibovespa abriu em alta de 0,22%, aos 116.894 pontos, revertendo um pouco das baixas acumuladas na semana.
No mercado internacional, o dado mais aguardado por investidores era o payroll. E ele veio extremamente abaixo do esperado. O Departamento do Trabalho dos EUA informou que a economia criou 235 mil empregos em agosto, enquanto especialistas esperavam 750 mil novos postos de trabalho.
Embora os números indiquem uma desaceleração da economia norte-americana, as bolsas americanas abriram em alta. Isso porque, com os dados de emprego ruins, o Fed deverá rever sua posição de retirada dos estímulos econômicos no curto prazo.
Os índices S&P e Nasdaq operam em queda, com baixas de 0,21% e 0,19%, respectivamente, às 10:40 (horário de Brasília). Se o mercado americano irá despontar, iremos ver. Mas ainda assim, nos últimos dias a cotação do Ibovespa não tem acompanhado os índices internacionais, pressionada pelo próprio cenário local.
Além disso, vale lembrar, que o mercado financeiro ainda digere a reforma do IR, aprovada por 398 votos a favor e 77 contra na última quarta (1º).
Notícias que vão movimentar o Ibovespa hoje
- Braskem (BRKM5) tem classificação de risco elevada pela S&P
- Fleury (FLRY3) conclui compra dos laboratórios Pretti e Bioclínico, do Espírito Santo
- Vaca louca: frigoríficos adotam cautela com caso de MG
Braskem tem classificação de risco elevada pela S&P
A agência de classificação de risco Standard and Poor’s (S&P) elevou o rating da Braskem (BRKM5) para grau de investimento BBB, com destaque para os indicadores de rentabilidade e de geração de caixa da empresa.
A expectativa da agência é de que a Braskem continue se beneficiando com os altos spreads petroquímicos nos próximos trimestres, com reflexo no compromisso com a alavancagem.
“A companhia reforça o seu contínuo compromisso com a higidez financeira e manutenção de sólida posição de caixa, mantendo o perfil de endividamento bastante alongado”, afirma a Braskem em comunicado ao mercado, após divulgar a desição do S&P.
Para Luis Sales, da Guide Investimentos, o anúncio é benéfico para a Braskem, já que a métrica serve para medir a capacidade da empresa em arcar com suas obrigações financeiras com terceiros. “A Companhia poderá reduzir seu custo de capital, em especial o de capital de terceiros, conforme eleva a sua classificação de rating”, diz o analista.
As ações da Braskem abriram em alta de 1,69% no Ibovespa hoje, valendo R$ 68,25.
Fleury conclui compra dos laboratórios Pretti e Bioclínico
O Fleury (FLRY3) anunciou que finalizou a aquisição dos laboratórios Pretti e Bioclínico, no Espírito Santo. O Pretti está avaliado em R$ 193,1 milhões e o Bioclínico, em R$ 122 milhões, continuando os mesmos valores da data de aquisição, em junho.
Na época, o Fleury disse que as aquisições são parte de um movimento estratégico, expandindo capilaridade nacional e marcando a estreia da companhia no estado.
“As aquisições fortalecem o portfólio do grupo Fleury, com a expansão geográfica, além de maior consolidação de mercado, posicionando o grupo para aproveitar o cenário pós-pandêmico”, diz Sales em relatório da Guide desta sexta (03).
Na abertura do pregão de hoje, as ações do Fleury subiam 0,47% no Ibovespa, valendo R$ 23,46.
Vaca louca: frigoríficos adotam cautela
A possibilidade de contaminação do gado por vaca louca no País mexe com o mercado do boi gordo desde quarta-feira (1º), quando foi tornado público.
Fontes da consultoria Agrifatto apontam que grandes frigoríficos estão suspendendo as compras de gado e os embarques de carne bovina ao exterior de forma voluntária, por conta do risco da doença em outros animais.
Ontem, o Ministério da Agricultura afirmou em nota que “casos em investigação são corriqueiros dentro dos procedimentos de vigilância estabelecidos e medidas preventivas são adotadas imediatamente para garantir o controle sanitário. Uma vez concluído o processo em investigação, os resultados serão informados”, sem dar mais detalhes sobre a apuração.
O preço da arroba teve queda de 2,52% na variação diária de quinta-feira, cotada a R$ 305,50.
Já no Ibovespa, as ações da BRF (BRFS3) e da Minerva (BEEF3) caíam 0,34% e 0,76%, respectivamente, nesta sexta. Já a JBS (JBSS3) sobe forte: 1,65%.
Destaques do Ibovespa
As principais altas no Ibovespa, por volta das 10h35 são:
- Locaweb (LWSA3): 2,31%
- CSN (CSNA3): +2,60%
- JBS (JBSS3): +1,92%
- Usiminas (USIM5): +1,85%
- Banco Inter (BIDI11): +1,49%
No mesmo horário, as principais quedas no Ibovespa eram:
- Rumo (RAIL3): -1,80%
- Embraer (EMBR3): -1,76%
- Americanas S.A. (AMER3): -1,36%
- Totvs (TOTS3): -1,09%
- Lojas Americanas (LAME4): -1,04%
Principais índices
Bolsas mundiais
Veja o desempenho dos principais índices acionários no exterior, além do índice Ibovespa:
- S&P 500: +0,09%
- Nasdaq: +0,02%
- DAX 30 (Alemanha): -0,02%
- FTSE 100 (Inglaterra): +0,21%
- Euro Stoxx 50: -0,36%
- SSE Composite (Xangai): -0,43% (fechada)
- Nikkei 225 (Japão): +2,05% (fechada)
Última cotação do Ibovespa
No fechamento do pregão da quinta-feira (02), o Ibovespa caiu 2,28%, recuando a 116.677,08 pontos.