Ibovespa abre em queda puxada por Vale (VALE3) e Petrobras (PETR4) após balanços
No último pregão deste mês, o Ibovespa ficou entre perdas e ganhos após a abertura digerindo os balanço das companhias mais relevantes do índice. Com quase uma hora de pregão, Ibovespa parece acompanhar o movimento negativo em Wall Street e cede 0,8% aos 104.847 pontos.
O Ibovespa hoje lida com as commodities em baixa, com o Brent caindo 0,5% e os contratos futuros do minério de ferro em baixa de 0,3%, a US$ 121 – o que pressiona os papéis vinculados, como de petroleiras e mineradoras.
A Petrobras (PETR4) segue em destaque com as notícias sobre a possível privatização da companhia — muito duvidada pelo mercado –, além do balanço trimestral que ficou acima do consenso do mercado. Na última linha do resultado financeiro, a companhia apresentou um lucro líquido de R$ 31 bilhões – acima das projeções de R$ 18 bilhões.
“Os resultados do 3T21 atestam o que uma Petrobras disciplinada e ainda independente pode alcançar. Se não fosse pelo barulho em torno de sua política de preços e o potencial impacto sobre como ela emprega dinheiro, a ação ofereceria uma das histórias de valor mais fortes que já vimos. Mas a visibilidade limitada sobre o que esperar (antes e depois das eleições) torna a história potencialmente binária”, consta na análise do BTG Pactual Digital, que frisa recomendação neutra para os papéis da empresa.
Fora do índice, a Isa Cteep (TRPL4) tem alta de 0,8% cotada a R$ 24,47 por papel após seu balanço que indicou um lucro líquido ajustado de R$ 212,4 milhões, queda de 48% em relação ao mesmo período do ano passado.
Já o Ebitda (Lucro Antes de Juros, Impostos, Depreciação e Amortização) ajustado do período teve redução de 5,2% para R$ 592,6 milhões. Sem os ajustes, o Ebitda da Isa Cteep caiu 15,5%, a R$ 565,4 milhões.
Na ocasião da divulgação do balanço, a companhia anunciou ao mercado que vai pagar R$ 348,8 milhões em dividendos intermediários e R$ 514,5 milhões em juros sobre o capital próprio (JCP), ou seja, R$ 0,529386 e R$ 0,780915 por ação, respectivamente.
Além disso, a temporada de balanços nos Estados Unidos também dita os rumos dos mercados internacionais, com balanços de companhias relevantes sendo divulgados ainda nesta semana.
“No mercado americano, nos resultados corporativos, o S&P fica acima da média, mas tivemos resultados importantes que não vieram tão bem, como Apple e Amazon. Ambas decepcionaram o mercado por conta da elevação do custo de mão-de-obra. A indústria já sofre com gargalos globais, com dificuldades na contratação de insumos, e temos a questão energética. Temos uma sequência de custos que diminuem margem”, analisa Rodrigo Franchini, sócio da Monte Bravo Investimentos.
Após uma semana com agenda cheia, essa sexta (29) conta com dados de PIB da Zona do Euro, com Alemanha vindo em 1,8% no trimestre – abaixo das expectativas – e a Espanha vindo em 2%, também abaixo das projeções.
Além disso, indicadores de inflação do continente são divulgados. No macro, a Zona do Euro fica com 0,8% de alta na inflação mensal e 2,2% de crescimento do PIB, o que deixa o crescimento anualizado da economia do continente em 3,7%.
Nos EUA, os Gastos Pessoais de setembro vieram acima do esperado, com alta de 0,6%, ao passo que a renda pessoal mensal encolheu 1% ante expectativa de queda de 0,2%.
Notícias que vão movimentar o Ibovespa hoje
- Petrobras lucra acima das expectativas
- Vale fica abaixo das expectativas
- Fleury tem queda no lucro e ações lideram alta
Balanço da Petrobras fica acima das projeções
No seu resultado trimestral, publicado após o fechamento do pregão de quinta (28), a Petrobras reportou lucro líquido de R$ 31,1 bilhões no terceiro trimestre de 2021, revertendo prejuízo de R$ 1,5 bilhão em igual período de 2020. Na base trimestral, houve uma queda de 27,3%. O resultado veio acima das projeções do mercado, que esperavam um lucro de R$ 18,2 bilhões.
O lucro da Petrobras inferior ao registrado entre abril e junho deveu-se principalmente ao efeito da variação cambial sobre a dívida, a efeitos não recorrentes relativos ao plano de saúde e ICMS e à ausência de ganhos com reversão de impairment sobre investimento pela venda da BR Distribuidora — atual Vibra Energia (VBBR3).
Já a receita líquida chegou a R$ 121,6 bilhões, um aumento anual de 71,9% e de 9,8% em relação ao segundo trimestre, devido à valorização do petróleo Brent de 5%, ao aumento dos volumes e preços de derivados no mercado interno e à maior receita de gás natural e energia elétrica.
No balanço ad petroleira, consta que a receita com derivados no mercado interno foi de R$ 75,317 bilhões, alta de 81,9% ante o resultado obtido em 2020 e 18,1% superior ao no trimestre passado, com destaque para as vendas de diesel, gasolina e combustível de aviação.
O Ebitda ajustado (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) ficou em R$ 60,7 bilhões, um crescimento de 81,7% no ano e recuo de 2% no trimestre. O resultado da Petrobras no terceiro trimestre de 2021 refletiu a valorização do barril do petróleo e o aumento do volume de vendas no mercado interno.
Os impactos positivos foram compensados pela revisão atuarial referente à coparticipação do plano de saúde e pela ausência do ganho complementar com a exclusão do ICMS da base de cálculo do PIS/COFINS.
Vale frisar que a expectativa do mercado, no consenso, era de um lucro de R$ 18 bilhões, com citações a possibiliade de privatização da estatal – alçada ao noticiário em fala do presidente Jair Bolsonaro.
“A privatização da Petrobras voltou ao centro das atenções após rumores do governo federal ter intenções de vender parte de suas ações de controle da empresa, e vários investidores vieram até nós com dúvidas sobre qual seria a melhor alternativa para executá-la. Enquanto nós gostaríamos muito da transferência do controle da Petrobras para o mercado, pois contribui para tornar a tese de investimento (muito) mais atraente em termos de eficiência e alinhamento de interesses com os acionistas minoritários”, afirmam os analistas do BTG Pactual, que mantém recomendação neutra para o papel.
As ações da Petrobras caem 3,9% no Ibovespa hoje nos papéis preferenciais, enquanto os ordinários caem mais de 4%.
Vale fica abaixo das expectativas
Por outro lado, com balanço publicado também na quinta (28), a Vale (VALE3) teve um lucro líquido de US$ 3,886 bilhões, aumento de 34% em relação ao mesmo período de 2020. Na comparação ao segundo trimestre deste ano, o lucro mostrou queda de 49%. O resultado veio abaixo das expectativas do mercado, que projetava um ganho próximo de US$ 5 bilhões.
Nas demonstrações financeiras divulgadas, a companhia destacou que o resultado, na comparação ao segundo trimestre, refletiu o menor Ebitda (lucro antes de juros, impostos, amortizações e depreciações) proforma e do impairment dos investimentos do negócio de carvão.
Por sua vez, o Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) ajustado foi de US$ US$ 6,938 bilhões no período, avanço de 14% ante o mesmo trimestre de 2020.
A geração de caixa medida pelo Ebitda ajustado cresceu 14% em um ano, para US$ 6,938 bilhões. Quando comparado ao trimestre imediatamente anterior, porém, o indicador mostrou queda de 37%.
duardo Bartolomeo, presidente da mineradora, ressaltou no balanço que a Vale registrou, no terceiro trimestre, produção de minério de ferro próxima a 90 milhões de toneladas, com um “progresso significativo na retomada operacional do complexo de Vargem Grande, em Minas Gerais.
“Continuamos a trabalhar para melhorar aconfiabilidade operacional, especialmente no negócio de metais básicos. Nossa geração de caixa continua robusta, superando o último trimestre em 18%, um ritmo que permitiu o pagamento de dividendos históricos em 2021”, destacou.
As ações da Vale caem 2% no Ibovespa hoje.
Fleury encolhe 28% do lucro
O Grupo Fleury (FLRY3) registrou lucro líquido de R$ 95 milhões no período, correspondente a queda de 28,1% comparado ao mesmo período em 2020. A companhia teve lucro de R$ 279,1 milhões no acumulado do ano, que representa aumento de 137,6% em relação aos primeiros nove meses do ano passado.
O Ebitda do Fleury (lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização) de R$ 288,6 milhões no trimestre, recuo de 10,9% ante o mesmo período do ano passado. A margem Ebtida teve queda de 898 pontos-base, passando de 37% para 28%. No acumulado do ano, o Ebitda foi de R$ 793,8 milhões, alta anual de 47,2%.
Já a receita líquida foi de R$ 1,107 bilhão entre julho e setembro, com avanço de 17,3% ante o mesmo intervalo de 2020. A empresa também alcançou geração de caixa operacional de R$ 255,7 milhões no trimestre, com alta de 46% ante igual intervalo de 2020.
Em comentário que acompanha o balanço, a administração do laboratório destaca que houve crescimento nos exames eletivos, ao mesmo tempo que houve diminuição consistente da participação de exames de covid-19 no faturamento do grupo.
Os exames de análises clínicas tiveram expansão de 9,1% em relação ao mesmo período do ano passado. Os de imagem tiveram crescimento anual de 16,8%. “Além disso, pela primeira vez registramos um volume maior que o do período pré-pandemia, numa expansão de 10,6% em relação ao terceiro trimestre de 2019”, destaca a empresa.
As ações do Fleury sobem 3,3% na bolsa de valores hoje, liderando as altas.
Destaques do Ibovespa
As principais altas no Ibovespa, por volta das 10h40 são:
- Fleury (FLRY3): +3,3%
- JBS (JBSS3): +2,8%
- Suzano (SUZB3): +2,3%
- Marfrig (MRFG3): +1,8%
- Minerva (BEEF3): +1,6%
No mesmo horário, as principais quedas no Ibovespa eram:
- Usiminas (USIM5): -4,9%
- Petrobras (PETR3): -4,5%
- Petrobras (PETR4): -3,9%
- Companhia Siderúrgica Nacional (CSNA3): -3,4%
- Banco Inter (BIDI4): -3%
Principais índices
Bolsas mundiais
Veja o desempenho dos principais índices acionários no exterior, além do índice Ibovespa:
- Nova York Dow Jones (DJIA) futuro: +0,19%
- Nova York (S&P 500) futuro: -0,37%
- Frankfurt (DAX 30): -0,69%
- Londres (FTSE 100): -0,42%
- Paris (CAC 40): -0,25%
- Milão (FTSE/MIB): -0,64%
- Tóquio (Nikkei 225): +0,25% (fechada)
- Xangai (SSE Composite): +0,82% (fechada)
- Hong Kong (Hang Seng): -0,70% (fechada)
Última cotação do Ibovespa
No fechamento do pregão de quinta (28) o Ibovespa fechou em queda de 0,62%, a 105.704 pontos.
