Depois de acumular uma queda de 3,94% em julho, o Ibovespa fechou agosto no negativo também: 2,48% de desvalorização, aos 118.781 pontos.
O cenário interno e o externo contribuíram para a desvalorização do Ibovespa no período. Enquanto no Brasil os riscos fiscais são protagonistas e criam um ambiente de aversão ao risco, no exterior a queda das commodities predominou e refletiu na cotação.
Somado a estes fatores está o aumento das regulamentações na China, que prejudicam as negociações do minério e limitam as empresas. Além disso, novas preocupações com o avanço da variante Delta também surgiram em agosto, influenciando o mercado internacional e a movimentação do Ibovespa.
Além do saldo negativo do próprio índice de ações, algumas empresas apresentaram dificuldades próprias e tiveram um desempenho ruim no mês. Nesta matéria vamos listar o ranking das 5 maiores quedas do Ibovespa em agosto.
O SUNO Notícias destaca que esse texto não é uma recomendação de investimento. Dito isso, confira o ranking do mês de agosto.
Veja as ações do Ibovespa que mais caíram no mês passado:
- CSN (CSNA3): -25,43%
- Via (VIIA3): -17,47%
- Ultrapar (UGPA3): -17,25%
- Qualicorp (QUAL3): -17,01%
- Iguatemi (IGTA3): -16,26
1º – CSN lidera o ranking de ações mais desvalorizadas do Ibovespa
A CSN (CSNA3) lidera o ranking de maiores baixas do Ibovespa em agosto com uma perda de 25,43% no período. As ações da Companhia Siderúrgica Nacional saíram de uma cotação de R$ 44,84 em 02 de agosto para R$ 34,86 no dia 31.
Ainda assim, o saldo de 2021 da CSN é positivo, com valorização de 9,45% de janeiro até aqui.
O que aconteceu neste mês foi a queda generalizada do minério de ferro com o aumento do cerco regulamentário da China. Assim como a CSN, os contratos futuros de minério, negociados para janeiro em Cingapura, acumulam queda de 24,7% no mês.
No mais, os dados que apontam para uma desaceleração da recuperação econômica no gigante asiático também afetam a cotação da CSN no Ibovespa. Isso porque a companhia tem um grande volume de negócios com o país.
Tudo isso fez com que analistas revissem suas preferências sobre as empresas siderúrgicas. Eles destacam o cenário desafiador para a commodity no horizonte, com dados indicando queda na produção de aço na China.
2º – Via
Pelo segundo mês consecutivo, a Via (VIIA3) figura na segunda posição do ranking de quedas. A situação da empresa é duplamente complexa. Por um lado, analistas vislumbram o cenário macroeconômico do país, com o poder de compra dos consumidores diminuindo em vista da inflação acelerada.
Por outro lado, os últimos resultados trimestrais da empresa apontam uma desvantagem competitiva frente a outras gigantes varejistas nacionais e internacionais, como Magazine Luiza (MGLU3), Amazon (AMZO34) e Mercado Livre (MELI34).
Na última segunda-feira (30), a Ativa Investimentos reiterou sua recomendação de compra para a Via, destacando pontos de reestruturação dos negócios da varejista. Leia aqui. Já a XP Investimentos mantém a recomendação neutra para as ações VIIA3.
No dia 02 de agosto, as ações da Via no Ibovespa eram negociadas a R$ 12,73. Já no dia 31 estavam cotadas a R$ 10,39. Em um mês houve queda de 17,47%.
3º – Ultrapar
A desvalorização das ações da Ultrapar no Ibovespa chegou a 17,25% em agosto. A ação UGPA3 começou o mês em R$ 17,46 e terminou em R$ 14,44.
Um dos pontos considerados por investidores são os números fracos registrados no último balanço financeiro da distribuidora de combustíveis. A Ultrapar teve um prejuízo líquido de R$ 18,2 milhões no segundo trimestre, revertendo o lucro líquido de R$ 50 milhões de um ano antes.
Após o balanço, o Bradesco BBI reviu a recomendação da ação para neutra, com redução no preço-alvo de R$ 26 em 2021 para R$ 21 para 2022. “Embora a indústria tenha sido impactada pelas medidas de restrição e aumento do preço do combustível, a perda foi significativamente maior quando comparada ao segundo trimestre de 2021 do seu concorrente”, disseram os analistas em referência a Vibra Energia (BRDT3).
Além disso, outros riscos rondam a ação da Ultrapar: a MP da venda de etanol e a aquisição da REFAP.
A MP da venda de etanol permite que as produtoras comercializem diretamente com os postos de combustíveis, sem o intermédio de uma empresa distribuidora, como a Ultrapar. O que afeta diretamente os negócios da empresa.
Já a aquisição da Refinaria Alperto Pasqualini, da Petrobras (PETR4), levanta questionamentos por causa do cenário macroeconômico do País.
“Dependendo do resultado da eleição, a criação de valor a partir do REFAP pode ser materialmente mais difícil. Se a ‘Petrobras do futuro’ decidir vender mais barato gasolina e diesel no mercado brasileiro, a área de influência da REFAP pode ser afetada”, indicam analistas do BBI em relatório.
4º – Qualicorp
O maior vilão para cotação da Qualicorp (QUAL3) em agosto foi o balanço financeiro da própria empresa. Após apresentar queda de 28,4% no lucro do 2T21, as ações QUAL3 fecharam em forte desvalorização já no dia de divulgação.
No mês, os papéis começaram cotados a R$ 26,10 no Ibovespa e terminaram valendo R$ 21,37, com máxima de queda de 15,57%, a R$ 20,50.
A previsão dos especialistas era de que o lucro da Qualicorp caísse cerca de 8%, porém, a perda financeira veio muito maior do que o estimado. Com isso, o BTG rebaixou o preço-alvo da companhia e manteve a recomendação neutra.
Em teleconferência, a companhia destacou que o reajuste nos planos de saúde por adesão, aplicado no segundo trimestre, levou ao cancelamento de 138,2 mil convênios médicos.
5º – Iguatemi
Diferentemente dos casos que apresentaram um balanço financeiro de 2T21 fraco, a Iguatemi (IGTA3) registrou bons números, com perspectiva positiva em vista do arrefecimento da pandemia. Porém, o anúncio da reorganização societária com a Jereissati Participações complicou as coisas.
Após o comunicado da administradora de imóveis, o Bank of America reduziu a recomendação para a ação da Iguatemi de compra para neutra. Segundo os analistas do banco, a reestruturação atual “obscurece” o cenário à frente.
O plano envolve a criação de ações PN e a incorporação da IGTA3 pela holding JPSA3, em uma nova empresa a se chamar Iguatemi SA.
Com isso, a perda da Iguatemi chegou a 16,26% em agosto. Com as ações negociadas no Ibovespa valendo R$ 41,27 em 02 de agosto e R$ 34,19 no dia 31.
Investir em ações do Ibovespa
Antes de qualquer investimento em ações é importante ressaltar que quitar as dívidas deve sempre ser a prioridade. Os analistas da SUNO Research sempre salientam que é necessário antes poupar dinheiro para depois investir no Ibovespa, e nunca se endividar para investir ou investir endividado.