Com 2022 se aproximando, investidores começam a se perguntar se o ano que vem será mais generoso ao Ibovespa, após o desempenho instável em 2021. O otimismo, porém, não é o que está no horizonte dos analistas. O Banco Safra divulgou nesta segunda (29) a redução em sua expectativa para o índice, mas relacionou papéis e setores que podem trazer segurança e valorização diante de um cenário de incertezas.
O preço-alvo do Ibovespa em 2021 foi revisado para baixo, de 145 mil pontos para 121 mil pontos. A avaliação levou em consideração a condição macroeconômica mais desafiadora no âmbito político, fiscal e da atividade econômica.
“Com a alta persistente da inflação, com juros mais elevados do que esperávamos anteriormente e crescimento econômico menor, elevamos as premissas de taxa de desconto e reduzimos as expectativas de crescimento de lucro para os próximos anos. Assim, passamos a ter uma avaliação mais conservadora para a bolsa brasileira“, explicou o banco.
O Safra destacou ainda que o preço das commodities foi um grande impulsionador de resultados em 2021 para algumas empresas com peso representativo no índice – ou seja, a recente queda no preço das matérias-primas e temores por uma desaceleração do crescimento econômico chinês são fatores que podem afetar a dinâmica de lucros para o Ibovespa nos próximos anos.
O banco já havia feito um reajuste das expectativas em junho deste ano, quando os analistas elevaram a estimativa da Selic e o IPCA (Índice geral de Preços do Consumidor Amplo), ao mesmo tempo em que a projeção para o PIB (Produto Interno Bruto) foi reduzida, corroída pela queda do poder de compra com a pressão inflacionária.
Da revisão de junho até a mais recente, a previsão da Selic para o fim de 2021 foi de 6,5% para 8%. Similarmente, o IPCA pulou de 6% para 8,3%. Para o PIB, a estimativa de crescimento em 2022 caiu para 1,1%, ante o 1,8% da anterior.
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Diante da forte volatilidade de mercado, o banco observou um bom desempenho dos setores de petróleo e gás, suportados pela recuperação dos preços, e do setor de bens de capital como Embraer (EMBR3) e Weg (WEGE3), e alimentos — que inclui as empresas frigoríficas, que se beneficiaram da desvalorização cambial e bons preços das commodities de alimentos.
Com isso, o banco recomenda a Petrobras (PETR4), vendo desconto superior a 30% para a média histórica ao se olhar para o EV/Ebitda (Lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização”. A alta do preço do petróleo, juntamente com a manutenção da política de preços de combustíveis, tende a dar sustentação para suas ações.
“No varejo, recomendamos a Lojas Renner (LREN3), um nome de alta qualidade no segmento de vestuário com excelente histórico de resultados em crises passadas, que se beneficia da reabertura da economia”, diz o relatório.
Emshoppings, a preferência do Safra fica para a Aliansce Sonae (ALSO3), por valuation e pela expectativa de boa recuperação de resultados atrelada aos seus bons indicadores operacionais.
No setor de saúde, Rede D’or (RDOR3) é a favorita. É líder num setor altamente resiliente e capaz de repassar inflação, além de contar com uma estratégia bem definida de crescimento olhando para os próximos anos, diz o banco.
Por fim, em transportes, a CCR (CCRO3) foi elogiada pelo seu bom histórico de alocação de capital, pelo pipeline de projetos de infraestrutura que irá a leilão e pela recuperação de resultados com a volta da circulação de veículos e pessoas no processo de reabertura da economia.
O Safra conclui suas recomendações para o Ibovespa dizendo preferir uma exposição mais focada a setores com capacidade de repassar a inflação e/ou menos sensíveis às oscilações da atividade econômica doméstica. “Nessa linha, vemos como boas alternativas os setores de Telecomunicação, Saúde, Serviços Financeiros e Transporte.”