As projeções para o desempenho do Ibovespa em 2024 já começaram. Segundo o Santander (SANB11), o principal índice de ações da bolsa de valores brasileira pode alcançar a faixa dos 160 mil pontos.
De acordo com a estrategista institucional de ações do banco, Aline de Souza Cardoso, a entrada de fluxo estrangeiro deverá impulsionar o índice, só faltando mais tração do mercado doméstico para bater o preço-alvo no Ibovespa.
“Para haver uma alta mais expressiva na Bolsa e a consolidação desta pernada do índice, deverá ter um retorno do fluxo local e da alocação de investidores institucionais”, disse Cardoso, em uma entrevista coletiva nesta quinta-feira (11).
De acordo com dados da B3 (B3SA3), em dezembro houve uma entrada de R$ 17,373 bilhões por investidores estrangeiros na Bolsa brasileira. No ano, o capital externo ficou positivo em R$ 44,765 bilhões.
Do outro lado, investidores institucionais retiraram R$ 12,45 bilhões em dezembro, o que resultou com um acumulado negativo de R$ 64,87 bilhões em 2023.
“Vemos um potencial de alta de cerca de 25% para o Ibovespa até o fim de 2024. Em nosso preço-alvo, o índice seria negociado a 9 vezes a relação entre preço e lucro (P/L)”, considera a estrategista.
Cortes na Selic e o retorno da renda variável
Além dos investimentos locais, outro fator que poderá contribuir para a alta do Ibovespa é o ciclo de flexibilização das taxas de juros, como já foi visto nas últimas reuniões de política monetária do Copom, do Banco Central.
A previsão do mercado é de que a taxa Selic chegue a 9,5% até o fim de 2024, em paralelo com a crescente probabilidade de um pouso suave (soft landing) na economia dos Estados Unidos, que deverá levar a cortes de juros pelo Federal Reserve (Fed, o BC americano) no segundo semestre deste ano.
“Por aqui, ainda há um risco de deterioração fiscal se alguns ganhos de arrecadação se mostrarem temporários, se houver uma postura mais expansionista do lado dos gastos ou se tiver uma perda de credibilidade mais ampla no processo da ancoragem fiscal”, disse a estrategista.
Na cena americana, segundo ela, o risco vindo de pressões inflacionárias mais fortes que poderiam refletir em um aperto monetário ainda mais rigoroso ou, até mesmo, um possível estresse financeiro poderia agravar a desaceleração econômica global.
Recuperação de 15% nos lucros após quedas seguidas no Ibovespa
Para corroborar a visão otimista sobre o desempenho do Ibovespa, a analista do Santander diz que o pior em termos de crescimento do Lucro por Ação (LPA) já passou. “Depois de cair cerca 20% em 2023, esperamos ver os lucros se recuperando em 15% em 2024, com a maior parte da recuperação liderada por nomes domésticos”, disse Cardoso.
Segundo cálculos do Santander (SANB11), o setor de educação deve registrar crescimento de 178% no lucro líquido em 2024, acompanhado por transporte (+91%) e varejo (+89%).
No entanto, a analista que há questões idiossincráticas dentro de cada setor, tais como:
- Cenário regulatório para os bancos, incluindo a possibilidade de um teto para juros do rotativo do cartão e o fim do benefício fiscal de JCP;
- Repercussões das alterações dos incentivos fiscais para varejistas e o aumento dos concorrentes cross-border;
- Atualização do marco regulatório para o setor de energia e de saneamento básico.
Enquanto estas novas definições tomam rumo, o Santander (SANB11) apresentou uma visão otimista, ainda que cautelosa, sobre o retorno da atratividade da renda variável e investimentos atrelados ao Ibovespa, junto à queda da renda fixa acompanhada dos cortes da Selic.
Com informações de Estadão Conteúdo.
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