Em menos de 24 horas, as duas principais pesquisas eleitorais do país foram divulgadas, Ibope e Datafolha. O fato de serem as primeiras desde o atentado contra Jair Bolsonaro (PSL) criou grande expectativa e, embora ambas o mostrem na liderança, o cenário indicado pelas duas é bastante diferente.
No levantamento do Datafolha, o deputado cresceu apenas dentro da margem de erro, passando de 22% a 24% das intenções de voto. Já no Ibope, Bolsonaro subiu de 22% para 26%, acima da margem, que para ambas as pesquisas é de 2 pontos percentuais.
Antes de mais nada, vale ressaltar que há uma diferença temporal na realização das pesquisas. Enquanto a pesquisa do Ibope foi feita entre os dias 8 e 10 de setembro, o levantamento do Datafolha ocorreu somente no dia 10. Isso significa que, embora a divulgação do Ibope tenha sido mais recentemente, os resultados do Datafolha são mais atuais.
Mesmo assim, é crítico perceber que todos os candidatos apresentam uma diferença igual ou menor a 2 pontos percentuais entre as duas pesquisas, dentro da margem de erro.
Ambas as pesquisas apontam uma disputa entre quatro candidatos pelo segundo lugar, mas todos aparecem com expressividade maior no Datafolha. Ciro Gomes (PDT) tem 13%, contra 11% no Ibope; Marina Silva (Rede) aparece com 11% no Datafolha e 9% no Ibope; Geraldo Alckmin (PSDB) teve 10% em um e 9% no outro levantamento; e Fernando Haddad (PT), 9% contra 8% em cada pesquisa.
Entre os candidatos menores, a única diferença entre as pesquisas é que Guilherme Boulos (PSOL) aparece com 1% no Datafolha e não pontua no Ibope. A pontuação dos outros candidatos é a mesma nas duas pesquisas: Álvaro Dias (Podemos), João Amoêdo (Novo), e Henrique Meirelles (MDB) aparecem com 3% das intenções; Vera Lúcia (PSTU) e Cabo Daciolo (Patriota) aparecem com 1%. Outros candidatos não pontuaram em nenhuma das pesquisas.
Brancos e nulos foram diferentes entre as pesquisas, mas ainda dentro da margem de erro: 19% no Ibope e 15% no Datafolha. Em ambas as pesquisas, 7% não souberam ou não responderam.
É nas simulações de segundo turno que aparecem as maiores diferenças. O Ibope analisou apenas quatro cenários, os que incluem Jair Bolsonaro, enquanto o Datafolha pesquisou nove situações. No levantamento do Datafolha, Bolsonaro perderia em todos os cenários, em empate técnico com Fernando Haddad, enquanto no Ibope todos os cenários mostram empate técnico.
Na simulação do Ibope, Bolsonaro tem 37%, contra 40% de Ciro Gomes, enquanto no Datafolha a disputa está em 35% e 45%, respectivamente.
Contra Geraldo Alckmin, o deputado tem 37% contra 38% no Ibope. Já no Datafolha, Bolsonaro perde de 43% a 34% do ex-governador.
No Ibope, Bolsonaro empata com 38% a 38% quando enfrenta Marina Silva, enquanto no Datafolha ele tem 37%, ante 43% da candidata da Rede.
Contra Fernando Haddad, o Ibope mostra um empate técnico no limite da margem de erro, com vantagem de Bolsonaro com 40%, contra 36% do petista. O Datafolha, por sua vez, também mostra um empate técnico, mas com vantagem de Haddad, que possui 39% contra os 38% de Bolsonaro.
No que diz respeito à rejeição, as duas pesquisas mostram Bolsonaro e Marina na frente. Em uma das principais mudanças, Haddad aparece em terceiro na rejeição do Ibope, mas quarto no Datafolha, posição que “troca” com Alckmin nos levantamentos.