Depois de atraso por questões técnicas relativas ao indeferimento da candidatura de Lula (PT), o Ibope divulgou a primeira pesquisa sem o candidato, que está preso há quase cinco meses. Jair Bolsonaro (PSL) tem a liderança na disputa, com 22% das intenções de voto.
A pesquisa, realizada entre 1 e 3 de setembro e encomendada pelo grupo Globo e o Jornal O Estado de São Paulo, mostra um ganho de 2 pontos para o deputado do PSL em comparação ao último levantamento, divulgado no dia 20 de agosto. A variação está dentro do limite da margem de erro.
Três candidatos aparecem tecnicamente empatados em segundo lugar: a ex-senadora Marina Silva (Rede), o ex-governador do Ceará Ciro Gomes (PDT), e o ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin (PSDB). Eles possuem 12%, 12%, e 9% das intenções de voto, respectivamente.
A posição de Marina Silva em relação à última pesquisa é de estabilidade, enquanto os outros dois candidatos tiveram crescimento de 3 pontos percentuais no caso de Ciro Gomes e 2 no caso de Alckmin. Ao mesmo tempo, a taxa de intenção de votos brancos e nulos caiu de 38% para 28%.
Fernando Haddad, provável substituto à candidatura de Lula pelo PT, apareceu com 6% das intenções de voto. Atrás dele, Álvaro Dias (Podemos) tem 3%, João Amoêdo (Novo) tem 3%, e Henrique Meirelles (MDB) tem 2%. Guilherme Boulos (PSOL), Vera Lúcia (PSTU) e João Goulart Filho (PPL) aparecem com 1%. Os outros candidatos ficaram abaixo disso.
No levantamento de cenários para possíveis segundos turnos, Bolsonaro perdeu em três de quatro simulações. Para Ciro, seriam 33% dos votos contra 44% do pedetista. Alckmin venceria por 41% a 32%. Marina Silva teria 43% contra 33% do deputado. O candidato aparece em empate técnico apenas com Fernando Haddad, com 37% das intenções de voto contra os 36% do petista.
No que diz respeito à taxa de rejeição, o líder das intenções de voto é também o mais rejeitado, com 44% dos entrevistados declarando que não votariam em Bolsonaro de jeito nenhum. Marina Silva é a segunda colocada, com 26% de rejeição, seguida por Haddad (23%), Alckmin (22%) e Ciro Gomes (20%).
O Ibope entrevistou 2.002 eleitores em 142 municípios e apresenta margem de erro de 2 pontos para cima ou para baixo. A pesquisa apresenta confiança estatística de 95%. O registro na Justiça Eleitoral foi feito sob o protocolo BR-05003/2018 e os contratantes foram o jornal O Estado de S. Paulo e a TV Globo.
A pesquisa só foi divulgada na noite de ontem, embora estivesse programada para a noite de terça-feira. A suspensão da divulgação veio pelo fato de que o levantamento, ao ser protocolado no TSE (Tribunal Superior Eleitoral), incluía originalmente perguntas sobre Lula. Como seu pedido de candidatura foi indeferido, o Ibope não utilizou as perguntas na pesquisa, mas restou dúvida se a divergência entre o projeto original da pesquisa e sua execução causaria problemas na justiça.
Ontem, o ministro do TSE Luiz Felipe Salomão decidiu não analisar o mérito da questão, afirmando que o Ibope não poderia ter feito a consulta, por não ser “autoridade com jurisdição federal ou órgão nacional de partido político”.
Em nota, o Ibope afirmou estar “convicto de que agiu de boa fé e dentro da lei, e, ainda, no intuito de não privar o eleitor de informações relevantes sobre a situação atual das intenções de voto na eleição presidencial, o Ibope decidiu liberar os resultados da pesquisa para divulgação, decisão que contou com o apoio dos contratantes TV Globo e o ‘Estado de S.Paulo’.”