A produção industrial brasileira registrou uma queda de 0,2% em maio, na comparação com abril. Os dados foram divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta terça-feira (2).
Essa é a 3ª contração mensal da produção industrial desde o começo de 2019. Por causa desse resultado, o setor acumula uma perda de 0,7% no acumulado desde janeiro. Entretanto, no confronto com maio de 2018, houve alta de 7,1%. Naquele mês ocorreu a greve dos caminhoneiros, que paralisou o Brasil por 11 dias, afetando a produção industrial do País.
“O acumulado dos últimos 12 meses, ao passar de -1,1% em abril para 0,0% em maio, interrompeu a trajetória descendente iniciada em julho de 2018 (3,3%)”, informou o IBGE.
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Segundo os dados do Instituto, 18 dos 26 ramos pesquisados apresentam queda em maio. Os destaques negativos foram:
- veículos automotores, reboques e carroceria (-2,4%),
- bebidas (-3,5%)
- couro, artigos para viagem e calçados (-7,1%).
Segundo o gerente da pesquisa do IBGE, André Macedo, a indústria extrativa registrou o principal impacto positivo no mês. O setor conseguiu interromper a sequencia de quatro quedas seguidas raças a um crescimento de 9,2% na produção extrativa.
Economia estagnada
Os indicadores econômicos divulgados em maio continuam mostrando um cenário econômico fraco para o Brasil. O IBGE informou que o Produto Interno Bruto (PIB) registrou uma queda de 0,2% no 1º trimestre. Um resultado piorado pelo baixo nível de confiança dos empresários e consumidores, além da elevada ociosidade da capacidade produtiva da indústria e de uma taxa de desemprego que atinge cerca de 13 milhões de brasileiros.
Os dados sobre a criação de empregos em maio, divulgados na semana passada pelo Ministério da Economia, mostraram a geração de 32.140 vagas com carteira assinada. Esse foi o pior resultado para o quinto mês do ano desde 2016, quando houve uma redução no número de vagas. No acumulado de 2019 foram gerados até maio 351.063 postos de trabalho formais.
Possível corte dos juros
Por causa desses resultados fracos da economia brasileira, o Comitê de Política Monetária (Copom) mostrou em sua última reunião que o Banco Central (BC) não descarta a possibilidade de uma nova recessão.
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Segundo o BC, a economia brasileira segue operando com “alto nível de ociosidade dos fatores de produção, refletido nos baixos índices de utilização da capacidade da indústria e, principalmente, na taxa de desemprego”.
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Os economistas das principais instituições financeiras entrevistados no Boletim Focus dessa semana, cortaram suas previsões sobre a alta do PIB deste ano para 0,85%. Essa foi a 18ª queda consecutiva do indicador. O próprio Banco Central, por sua vez, reduziu para 0,8% a previsão para o crescimento da economia brasileira em 2019.
A conjuntura fraca da economia brasileira e a sucessão de dados negativos, como os a produção industrial, poderiam levar a instituição monetária central a cortar a taxa básica de juros (Selic), atualmente em 6,5%. Os analistas entrevistados no Boletim Focus preveem um corte para 5,50%.