O Índice de Atividade Econômica (IBC-Br) do Banco Central (BC), um dos termômetros para o Produto Interno Bruto (PIB), cresceu 0,44% em julho ante junho de 2023. O dado foi divulgado nesta manhã de terça-feira (19) pelo BC.
O indicador, que tenta adiantar o resultado do PIB brasileiro e também pode auxiliar na definição da taxa básica de juros da economia, Selic, veio acima do consenso Refinitiv, que projetava um crescimento de 0,3% no período.
Em junho, o IBC-Br havia anotado um crescimento de 0,63%, em relação ao mês anterior.
Na comparação anual, o índice teve uma alta de 0,66% se comparado a julho de 2022. Na análise de 2023, os sete meses do ano já somam um avanço de 3,21%. Já no intervalo de 12 meses, a alta é de 3,12%.
As maiores influências no resultado deste mês de junho foram a expansão dos setores de serviços (0,5%) e varejo (0,7%). Segundo o economista da Suno Research, Rafael Perez, os dados surpreenderam positivamente e confirmam um bom início da atividade econômica no terceiro trimestre.
“Os dados têm revelado uma economia brasileira bem mais resiliente desde o início do ano e essa tendência tem se sustentando nos últimos meses graças ao consumo das famílias, o mercado de trabalho aquecido, o setor de serviços e algumas atividades menos dependentes do crédito”, afirma.
Além disso, Perez afirma que é possível enxergar um quadro de maior estabilidade da atividade até o final do ano, ainda que diante de uma indústria “com problemas para se recuperar, um cenário global ainda bastante desafiador, o alto endividamento das famílias e os efeitos cumulativos da política monetária restritiva”, pontua o economista.
Helena Veronese, economista-chefe B.Side Investimentos, também reforça que o IBC-Br veio melhor do que o esperado, mas na base anualizada afirma que é possível notar uma tendência de desaceleração. “Serviços foi o setor que melhor desempenhou em julho e está claro que é o setor que está liderando a recuperação. Comércio foi um pouco melhor, mas em varejo as vendas de automóveis caiu bastante, devido ao fim da política de estímulo de consumo. Enquanto isso, Indústria voltou a cair, com um resultado abaixo do esperado. Dos três grandes setores, um está bom, outro no meio e outro ruim, os resultados estão mais mistos,” comenta a economista.
Em sua projeção, Veronese acredita que a tendência daqui para frente será de uma economia não recessiva, mas em um processo claro de desaceleração. “De maneira geral, na base mensal o IBC-Br surpreendeu, mas essa surpresa foi impulsionada por Serviços. O indicador está condizente com a direção da economia brasileira dos próximos semestres e reforça o corte do Copom de 50 em 50 pontos na Selic.”
Antes do IBC-Br, Focus divulga projeções para o PIB e a inflação
O Boletim Focus divulgado nesta segunda-feira (18), apontou que espera o principal indicador de inflação, o IPCA, termine 2023 em 4,86%. O valor é abaixo dos 4,93% projetados na semana passada e dos 4,90% projetados há quatro semanas.
Enquanto isso, a estimativa para a taxa de juros, a Selic, segue em 11,75% ao final deste ano.
Ainda segundo o Focus, para 2024, o mercado espera que a taxa de juros termine em 9,00 e chegue a 8,5% em 2025.
Quanto ao PIB, as expectativas do mercado financeiro subiram neste ano para 2,89%, acima dos 2,64% estimados na semana anterior.
Ministério da Fazenda tem expectativas positivas para o PIB ainda em 2023
O Ministério da Fazenda reafirmou estar otimista com a alta do PIB nesta segund-afeira (18) e elevou a projeção. Segundo acordo com a grade de parâmetros divulgada pela Secretaria de Política Econômica (SPE), a estimativa para a expansão da atividade em 2023 passou de 2,5% para 3,2%.
Segundo a secretaria, as projeções de crescimento estão melhores em todos os setores:
- Agropecuário: a projeção foi revisada de 13,2% para 14,0%;
- Indústria: avanço de 0,8% para 1,5%;
- Serviços: de 1,7% para 2,5%.
PIB no primeiro semestre cresceu 3,7%, ainda com IBC-Br menor
No segundo trimestre em comparação com o primeiro de 2023, o PIB anotou um avanço de 0,9%, somando 3,7% nos primeiros seis meses do ano.
Ao todo, os bens e serviços finais produzidos no Brasil somaram R$ 2,651 trilhões em valores correntes no trimestre (até junho). Os dados foram calculados pelo Sistema de Contas Nacionais Trimestrais e divulgados em 1º de setembro, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
O crescimento do PIB trimestral já é o oitavo dado positivo consecutivo do indicador na comparação. Ainda na comparação trimestral, a alta foi menor do que a observada no primeiro intervalo de 2023, de 1,8%.