Hypera (HYPE3): Credit Suisse recomenda compra e eleva preço-alvo; mas aponta riscos
O Credit Suisse manteve recomendação de compra de ações da Hypera (HYPE3), elevando o preço alvo de R$ 44 para R$ 50, conforme divulgou em novo relatório sobre a empresa.
Com o novo valor considerado justo pelos analistas Maurício Cepeda e Pedro Caravina, o potencial de valorização das ações da Hypera ronda os 24%.
“A empresa vem apresentando crescimento orgânico consistentemente acima do mercado, otimizou despesas favorecida por ganhos de escala e agora está entrando no mercado farmacêutico não destinado ao varejo” afirmou o banco.
O Credit Suisse atribui a elevação do preço-alvo à frente de negócios non-retail da empresa — segmento farmacêutico de alto custo, com remédios financiados por órgãos públicos e planos de saúde, como os de tratamento para câncer.
O banco ainda ressaltou que a companhia deve apresentar melhores resultados no varejo, devido ao aumento de preços acima do esperado e desempenho sustentado de volume.
Segundo o relatório, a Hypera apresenta fluxo de caixa estável e crescente. A margem Ebitda (lucro antes de juros, impostos, amortização e depreciação) tem avanço consistente, variando entre 35% e 36%.
Possíveis riscos
O banco suíço listou possíveis riscos ao cenário da Hypera, sendo eles:
- Crescimento mais lento do não-varejo ou receitas menores;
- Redução mais rápida do estoque de distribuição, afetando negativamente o crescimento;
- Deterioração adicional do comércio exterior ou agravamento da escassez de matéria-prima do setor;
- Redução de benefícios fiscais à empresa no longo prazo.
Os papéis da Hypera (HYPE3) fecharam o pregão desta terça-feira em alta de 2,30%, a R$ 40,5. Nos últimos seis meses, a ação se valorizou em quase 40%.
Hypera está sendo disputada pela Eurofarma e Grupo NC
A Hypera está sendo disputada por rivais do mercado para uma possível fusão de seus negócios. Os rumores começaram com a potencial aquisição da companhia pela Eurofarma. Há conversas sobre incorporação pelo Grupo NC, dono da EMS, do empresário Carlos Sanchez, de acordo com fontes ouvidas pelo Valor Econômico.
A Hypera é assessorada pelo Bank of America e o empresário João Alves de Queiroz Filho, conhecido como Júnior, e dono da empresa, contratou a BR Partners (BRBI11). A Eurofarma tem a assessoria do BTG Pactual (BPAC11), enquanto o grupo NC está com Itaú BBA e Safra.
O CEO da Hypera possui uma fatia de 21,38% na companhia e a holding Maiorem, do México, tem 36%. O grupo controlador tem acordo de acionistas, mas não há “poison pill” no estatuto da companhia. O valor de mercado da Hypera é próximo a R$ 23,8 bilhões.
Conforme a apuração do jornal, o grupo NC compraria a Hypera, dando saída aos acionistas minoritários, e tornaria Júnior e a holding acionistas da companhia resultante.
Entretanto, a preocupação do empresário Carlos Sanchez é sobre o nível de alavancagem para uma operação desse formato, mesmo com sinalização de crédito dos bancos.
Rumores de compra da Hypera já haviam feito o valor dos ativos aumentarem há alguns meses, e isso ocorre novamente em sessão de queda do Ibovespa hoje, com HYPE3 operando em alta de 6,34%, cotado a R$ 39,94, às 15h10. Essa movimentação encarece o negócio, o que pode levar ao grupo NC em direção a outras operações.
Detalhes sobre governança também estão sendo debatidos internamente. A intenção de Júnior era ter um assento no conselho de administração e um acordo de acionistas, o que incluiria os mexicanos, mas Sanchez resiste. O dono da Hypera não parece que vai desistir facilmente também, mas as fontes ouvidas pelo Valor garantem que isso pode ser pacificado.
Por outro lado, a Eurofarma não está tão interessada em ser uma empresa aberta agora, o que traz mais resistência ao modelo de incorporação. Porém, as conversas continuam. Na discussão com a companhia, Júnior e os mexicanos também ficariam na empresa resultante.
Em nota, a Hypera disse que “nega que tenha contratado banco para assessorá-la em processo de fusão e aquisição e que esteja conversando sobre fusão com empresas do setor.”