A Hypera (HYPE3) comprou a sociedade da Boehringer Ingelheim, que é responsável pela produção da escopolamina, princípio ativo do Buscopan. O valor da transação foi de cerca de R$ 190 milhões, segundo comunicado arquivado pela companhia na Comissão de Valores Mobiliários no fim desta terça-feira (10).
Segundo o documento, a compra da operação para produção de Buscopan foi feita por meio de uma subsidiária da Hypera, a Neolatina Comércio e Indústria Farmacêutica, sendo uma transação de Quota Purchase Agreement.
A farmacêutica explicou aos acionistas que o negócio inclui know how de matéria-prima da escopolamina e permite a venda de excedente de matéria-prima a terceiros. No documento, é destacado que o fármaco é “referência no mercado farmacêutico brasileiro de produtos isentos de prescrição (OTC)”.
A conclusão da transação, contudo, fica sujeita ao cumprimento de condições precedentes, incluindo aprovação da autoridade antitruste.
O movimento da companhia destoa da estratégia citada por Adalmario do Couto, diretor de Relações com Investidores (RI) da Hypera, que fez fala recente sobre o tema no evento da XP Investimentos.
Para o executivo, apesar de faturamento com medicamentos genéricos estarem crescendo acima da média do mercado, o grande valor está nas marcas próprias de medicamentos, em especial as que não dependem de receita médica para serem comercializadas.
Ou seja, a companhia aposta que investir no fortalecimento e manutenção do market share que as suas marcas ocupam é mais lucrativo, no fim das contas – tendo, atualmente, nomes reconhecidos como Benegrip, Engov ou Coristina D.
“A gente gosta de comparar marcas. Criar do zero é difícil”, disse no encontro Pharma Conference, promovido pela XP. “As marcas funcionam melhor que a patente. Se fizer um trabalho bem feito, uma marca dura por toda a vida”, adicionou o executivo.
Hypera tem salto de 13% no lucro do 1T22
Conforme resultado financeiro divulgado no fim de abril, a farmacêutica registrou lucro líquido de R$ 346,9 milhões no primeiro trimestre de 2022, avanço de 13,7% ante o mesmo período de 2021.
No lucro líquido das operações continuadas, a companhia somou R$ 349,5 milhões, alta anual de 13,6%.
No primeiro trimestre, a companhia registrou Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) das operações continuadas de R$ 505,7 milhões, aumento de 39,7% na mesma base de comparação.
A margem Ebitda cresceu 3 pontos porcentuais na comparação, passando para 33,9%.
Segundo a companhia, “a evolução do indicador é consequência principalmente da combinação do crescimento de 24,8% do lucro bruto e da diluição das despesas com Marketing, Vendas e Gerais e Administrativas”.
A receita líquida cresceu 27,6% no período, alcançando R$ 1,493 bilhão.
“Esse desempenho foi impulsionado pelo crescimento de 21,5% do sell-out orgânico, ou 6,3 pontos porcentuais acima do crescimento do mercado, favorecido principalmente pelo desempenho registrado no primeiro bimestre de 2022”, destaca a Hypera, no release de resultado, impactado positivamente também pela contribuição do portfólio de medicamentos adquirido da Takeda.