A participação da Huawei no leilão do 5G no Brasil deve enfrentar novos desafios que, apesar de formarem um caminho tortuoso, não devem impedir a empresa chinesa de aproveitar a comercialização de radiofrequências no País.
Segundo fontes ouvidas pelo SUNO Notícias, mesmo que a Huawei seja impedida de comercializar equipamentos para as vencedoras da faixa de 3,5 GHz do leilão, conforme antecipou o jornal “Valor Econômico” nesta quarta-feira (3), ainda há espaço para a operadora chinesa.
“Mesmo que a manobra dê certo, não é possível cravar ainda que a Huawei seria imensamente afetada. Apesar de o leilão dessa faixa ser o mais cobiçado, pode ser que a Huawei tenha uma influência maior nos demais”, disse uma fonte com conhecimento no assunto.
Na terça-feira (2), o ministro das Comunicações, Fábio Faria, afirmou que o governo Bolsonaro pretende que as licenças de 3,5 GHz do leilão de 5G conte apenas com a participação de empresas privadas que respeitem as regras de governança adotadas pelo mercado de capitais brasileiro.
A medida excluiria a Huawei em detrimento a empresas europeias, como Nokia e Ericsson. “Atendendo a diretrizes do governo Bolsonaro nós criamos essa rede que deve ter requisitos de governança corporativa exigidos no mercado acionário brasileiro”, afirmou o ministro das Telecomunicações, Fabio Faria.
Para outra fonte ouvida pelo SUNO Notícias, apesar do discurso do ministro, o edital ainda não foi publicado com tais restrições.
“O edital não fez restrições a respeito, mas está sendo ventilada essa dúvida”, afirmou. Dessa forma, pode ser que as pressões chinesas ainda possam colocar a Huawei no jogo novamente.
Por enquanto, a portaria 1.924/20 indica que a rede privativa precisa usar “equipamentos projetados, desenvolvidos, fabricados ou fornecidos por empresas que observem padrões de governança corporativa compatíveis com os exigidos no mercado acionário brasileiro”, o que não seria suficiente para afastar a presença chinesa do leilão.
Huawei fora do jogo é estratégia de Bolsonaro
O impedimento da Huawei no leilão do 5G no Brasil é uma das bandeiras do governo Bolsonaro, encabeçada pelo filho Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), a reboque de como o governo do ex-presidente dos EUA, Donald Trump, vinha se comportando em relação a tecnologia.
Com a saída de Trump, o Brasil perder um parceiro importante na queda de braço com a empresa chinesa, que, assim como todas as outras, tenta emplacar as próprias vontades com o apoio do seu governo.
Trump e parte de países europeus acusavam a China de utilizar os dados da Huawei para espionar os usuários e reter dados -o que a Huawei nega.
Regionais podem levar
Além das disputas acerca da participação da Huawei, operadoras regionais do setor de telecomunicações também deverão disputar blocos no leilão do 5G. De acordo com o jornal “Valor Econômico, as empresas já estão em conversas com a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) em busca da validação dos planos de negócios.
“O interesse das PPPs pelas faixas regionais procede e elas não tem rede legada. Podem começar do zero”, disse uma fonte com conhecimento do setor.
Segundo especialistas, as operadoras regionais vem operando em locais onde as teles maiores, como Claro, Tim (TIMS3), Vivo (VIVT3) e Oi (OIBR3) não conseguem ofertar bons serviços.
Como essas empresas devem disputar frequências menos nobres do leilão, a Huawei poderá negociar o fornecimento de equipamentos sem qualquer veto do governo brasileiro.