O governo dos Estados Unidos, preocupado com a entrada da tecnologia 5G no Brasil, intensificou o lobby contra a Huawei. O leilão para a entrada da nova tecnologia está prevista para 2020.
De acordo com a “Folha de S.Paulo”, membros da Casa Branca aproveitam encontros com autoridades brasileiras para demonstrar suas preocupações com a segurança dos equipamentos da Huawei. Segundo eles, a companhia pode trazer perigos aos País, como ataques cibernéticos ou espionagem.
O presidente-executivo da gigante chinesa, Yao Wei, na última segunda-feira (18), ciente dos esforços dos representantes do presidente norte-americano Donald Trump, se reuniu com o presidente Jair Bolsonaro.
Os estadunidense também fizeram chegar a auxiliares do presidente brasileiro o recado de que a intensificação da parceria na área de defesa depende da garantia de que as telecomunicações usadas pelo Brasil são confiáveis.
Em outubro, o governo dos EUA enviou ao Brasil especialistas para apresentar o CFIUS (Comitê de Investimento Estrangeiro, na sigla em inglês). Essa instituição é controlada pelo Departamento de Tesouro e revisa investimentos estrangeiros no país que ameacem a segurança nacional.
Segundo a “Folha de S.Paulo”, de acordo com pessoas que acompanharam as reuniões, o intuito de repetir no Brasil essa estrutura foi apresentada à Casa Civil, aos Ministérios de Relações Exteriores e de Ciência e Tecnologia, além da GSI (Gabinete de Segurança Institucional), comandado pelo general Augusto Heleno, que hoje é o principal entusiasta da ideia no governo.
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Por mais que não seja dito publicamente que o movimento serve para impedir o avanço da Huawei com o 5G no Brasil, pessoas que acompanham o tema consideram que o alvo é a gigante de telecomunicações chinesa.
Interlocutores ouvidos pela “Folha de S.Paulo” também afirmaram que o governo norte-americano tem salientado que os projetos no País nas áreas de segurança e defesa precisam sempre levar em conta a confiabilidade das redes de telecomunicações.
Huawei em meio à aliança entre Brasil e Estados Unidos
Esse assunto é diretamente ligado ao governo Bolsonaro, que, em agosto, recebeu a designação de aliado preferencial extra-Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) de Trump. Na teoria, esse status dá ao Brasil acesso privilegiado à cooperação militar e à transferência de tecnologia com os norte-americanos.
Wilbur Ross, secretário do Comércio dos EUA e melhor preparado para falar contra a Huawei e o 5G, visitou Bolsonaro em agosto. Procurada, a Embaixada estadunidense afirmou que a visita do grupo do CFIUS não foi motivada pelo debate sobre 5G no Brasil e que o assunto não foi discutido.
Em nota à “Folha de S.Paulo”, o governo norte-americano, no entanto, afirmou que a entrada dos chineses na área traz “implicações de segurança”.
“Permitir equipamentos de telecomunicações chineses em qualquer ponto de uma rede 5G cria um risco inaceitável para a segurança nacional, infraestrutura, privacidade e direitos humanos”, afirmou o corpo diplomático.
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Em seu encontro com Bolsonaro, o executivo da gigante asiática afirmou que a companhia quer ser fornecedora para as teles no 5G e que seus equipamentos são confiáveis. Wei apresentou a empresa a Bolsonaro, ressaltando que ela atua há mais de 20 anos no país, não só fornecendo equipamentos como prestando treinamento aos engenheiros das operadoras.
Após o encontro, Bolsonaro revelou que levará em conta a “melhor oferta” e “conectividade” no certame. “Não foi feita a proposta, ele apenas mostrou que quer o 5G no Brasil”, afirmou Bolsonaro, em referência à Huawei. Sem citar a qual companhia se referia, o presidente também disse que existe uma “empresa sul-coreana” em condições para operar o 5G.
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