Huawei não contratará mais americanos; economia chinesa pode ser abalada

A chinesa Huawei não contratará gigantes de tecnologia dos EUA, disse o fundador da empresa, Ren Zhengfei.

A decisão da Huawei por quebrar o vínculo com o o maior banco de talentos de tecnologia do mundo é um sintoma de que a disputa comercial entre as duas maiores potências mundiais irá se prolongar mais do que o esperado – e que causará danos à economia chinesa.

Huawei e o desenvolvimento chinês

Grande parte dos economistas concordam que as reformas políticas e econômicas que a China realizou no fim dos anos 70, colaboraram para a eficácia produtiva e injeção de capital no gigante asiático.

Conforme empresas estrangeiras entraram no país, trouxeram consigo novas tecnologias e talentos, aumentando a concorrência interna. Fatores que afetaram os negócios locais, impulsionando-os a melhorar.

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O desenvolvimento chinês, liderado pelo forte investimento nos últimos 30 anos, elevou o crescimento econômicos a dois dígitos. Entretanto, esse processo endividou as empresas, famílias e governo a uma estimativa de 300% do PIB.

Isso impactou diretamente o próprio crescimento econômico, que caiu ao menor nível em 30% no segundo trimestre deste ano.

Isso transformou o crescimento da produtividade total dos fatores – medição dos ganhos de eficiência em meio à inovação – como principal motor de crescimento para as próximas gerações.

Todavia, de acordo com um cálculo do BNP Paribas Asset Management, a produtividade total dos fatores da China caiu 0,6% em 2017.

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Segundo Wang Tao, do banco suíço UBS, “as verdadeiras fontes de crescimento da produtividade chinesa” são “ganhos de produtividade ou eficiência advindos das reformas e abertura, bem como do progresso tecnológico” e “aqueles trazidos pelo investimento”.

China pode ter economia abalada na Guerra Comercial

Ao passo em que Zhengfei disse, no início do ano, que “se tiverem cidadania dos EUA, não os contrataremos” sobre os engenheiros estadunidenses, o banco UBS estima que restrições à transferência de tecnologia poderão ser prejudiciais aos chineses.

Ainda segundo o banco, esse processo de bloqueio ao intercâmbio de tecnologia pode reduzir a produtividade total dos fatores de modo a derrubar em 0,5% o crescimento anual do PIB pelos próximos dez anos.

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“Se há menos centros de intercâmbio, menos graduados chineses no Ocidente e menos multinacionais na China, haverá menos capital humano”, reforça Scott Kennedy, do Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais, em Washington.

A Guerra comercial acontece em um momento delicado da história econômica moderna da China. Os grandes retornos das décadas passadas, gerados por sua força de trabalho jovem forte e enérgica, estão começando a diminuir à medida que a população envelhece.

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Com menos capital humano, essa situação tende a ser acentuada.

A produtividade chinesa não é ameaçada somente pela redução do acesso a tecnologias mais avançadas. Outros desafios poderão vir da queda na troca de talentos por estudantes, engenheiros, professores e multinacionais ocidentais. A opção da Huawei de restringir a contratação de cidadãos norte-americanos é um agravante.

Jader Lazarini

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