Bolsa de Hong Kong faz oferta de 32 bilhões de libras para comprar Bolsa de Londres
A Hong Kong Exchange (HKEX), Bolsa de Hong Kong, formalizou nesta quarta-feira (11) uma oferta para comprar a London Stock Exchange Group (LSE), a Bolsa de Valores de Londres. A proposta é de 32 bilhões de libras (cerca de R$ 160,12 bilhões na cotação atual), além de novas 2.495 ações de sua Bolsa. O movimento é inesperado devido ao momento político turbulento entre China e Reino Unido.
As ações da LSE, que é a quarta maior Bolsa do mundo, atrás apenas da japonesa, Nasdaq e NYSE, retraíram em relação aos ganhos recentes, aumentando o temor de que possa ser feito algum acordo em meio aos atritos com a China sobre Hong Kong. A HKEX garante que o acordo seria estritamente corporativo e se manteria longe das tensões políticas.
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O conselho administrativo financeiro do LSE aguarda o desenrolar na negociação de aquisição do Refinitiv, provedora global de dados e infraestrutura. A transação, que custaria cerca de 27 bilhões de libras, faria com que a LSE atuasse no mercado de informações e dados financeiros. A tradicional Bolsa europeia procurar expandir o seu alcance global através da análise de dados.
A oferta da Hong Kong Exchange, contudo, pode alterar os rumos da negociação.
Hong Kong Exchange impacta o mercado londrino
Os papéis da LSE reportavam alta de 6,2% às 10h54, no horário de Londres, desta quarta-feira (11), após apresentaram uma valorização de 16% nos últimos dias.
O executivo-chefe da Hong Kong Exchange, Charles Li, em comunicado divulgado nesta quarta, considerou o acordo “ambicioso e de longo alcance” para uma das maiores Bolsas de Valores da Europa.
LSE: conglomerado financeiro global
A LSE já esteve em vias de selar uma fusão com outras Bolsas europeias e provedoras de dados financeiros anteriormente. Em 2007, a instituição londrina comprou a Bolsa de Milão. O negócio foi fechado por 1,63 bilhão de euros (cerca de R$ 4,25 bilhões na cotação da época).
Mas a London Stock Exchange não obteve êxito na compra da Deutsche Boerse AG, a Bolsa de Frankfurt em 2016, por exemplo. À época, a tentativa do Bolsa londrina foi contida por turbulências políticas.
A proposta da HKEX pode esbarrar no mesmo problema, segundo Ronald Wan, executivo-chefe da Partners Capital Internacional Ltd. de Hong Kong.
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“Uma aquisição de Hong Kong, uma região administrativa especial da China, poderia ser vista como uma aquisição da China. Não será fácil superar todos os obstáculos regulatórios – o acordo é super politicamente sensível ”, disse o executivo.
A secretária de negócios do Reino Unido, Andrea Leadsom, disse à Bloomberg Television o governo britânico irá examinar qualquer vínculo entre as Bolsas. Leadsom afirmou que as autoridades “olhariam com muito cuidado qualquer movimento que implicaria na segurança do Reino Unido”.
Em meio às manifestações dos últimos meses em seu território, especificamente contra a opressão policial e a extradição de civis à China, Hong Kong trava um complexo desentendimento com o governo do Reino Unido.
No mês passado, ativistas de Hong Kong e parlamentares britânicos solicitaram a intervenção de Boris Johnson, primeiro ministro do Reino Unido, através de sanções, devido a crise humanitária vivida pela população, segundo eles. A compra da Bolsa de Londres poderia representar uma retaliação às medidas tomadas pelos britânicos.
O plano estratégico da HKEX é estar “conectada globalmente” enquanto mantem-se “ancorada na China”, vinculando seu negócios ao território chinês.
A Hong Kong Exchange foi fundada em 2000 após a junção de Bolsas de Valores e derivativos em Hong Kong. A companhia foi estatizada ainda naquele ano. Já a Bolsa de Londres, foi criada no início do século XIX, em 1801.