A Hapvida (HAPV3) foi questionada pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM) a respeito de uma notícia veiculada pelo jornal O Estado de S. Paulo, que alega a descoberta de mais de cem casos de descumprimento de decisões judiciais por parte da empresa nos últimos oito meses. Na última quinta-feira (18), o papel da empresa caiu 6,98%, o que, na visão da XP, é “incompartível com o real risco”.
Segundo a reportagem, o grupo Havpida NotreDame é acusada de descumprir sistematicamente decisões judiciais favoráveis aos seus beneficiários, que, mesmo com liminares na mão, não consegue acesso a tratamentos para doenças graves, como câncer.
Há casos de pacientes que, segundo familiares, morreram após a recusa da empresa em oferecer tratamento de urgência que havia sido prescrito pelo médico e garantido pela Justiça, diz o Estadão.
A situação, de acordo com o jornal, levou à abertura de investigações pelo Ministério Público do Estado de São Paulo (MPE-SP).
Em comunicado, a Hapvida declarou que “não possui qualquer política ou diretriz para o descumprimento sistemático ou ordenado de decisões judiciais”, e que “enquanto agente do setor de saúde, a companhia exerce o seu natural direito de defesa, dentro dos limites e regras processuais previstas”.
“É certo que, no curso do recebimento e operacionalização do cumprimento de algumas decisões, podem ocorrer intercorrências que, embora indesejadas, estão dentro da atividade constante de aperfeiçoamento da sua operação”, segue a nota.
A Hapvida informou, ainda, que tomou conhecimento da investigação do MPE-SP por meio da Promotoria de Defesa do Consumidor, “já tendo obtido acesso aos autos, e que irá contribuir e prestar ativamente os esclarecimentos necessários”.
Em relatório, os analistas Rafael Barros e Raphael Elage, da XP (XPBR31), lembraram que de acordo com as demonstrações financeiras da Hapvida, os processos cíveis com risco provável ou possível somam R$ 2,3 bilhões, dos quais R$ 1 bilhão está diretamente relacionado aos beneficiários.
A casa entende que há ‘muito barulho para pouca causa”, e que a queda de quase 7% nos papéis da Hapvida na última quinta-feira (18) foi exagerada.
“Em suma, consideramos a queda como incompatível com a perda potencial e, portanto, reiteramos a nossa recomendação de compra para a ação em meio a essa desvalorização”, seguem os analistas. A XP tem preço-alvo a R$ 5,70 para as ações de Hapvida.
O banco pontua que, em seus registros, a Hapvida afirma que todos os processos classificados com risco de perda provável foram integralmente provisionados, enquanto nenhuma provisão é feita em caso de risco de perda possível.
“Os números apresentados nos registros da empresa são baseadas em estimativas, podendo surgir outras ações judiciais, eventualmente impactando o P&L [lucros e perdas, na sigla em inglês] da empresa”, completa.
Hapvida (HAPV3) aprova nova emissão de debêntures; veja o valor
O conselho de administração da Hapvida aprovou a 6ª emissão de debêntures simples, não conversíveis em ações, em série única, no valor de R$ 500 milhões.
A respeito da remuneração, incidirão sobre as debêntures juros prefixados correspondentes a 1% ao ano. Além disso, informou a Hapvida, o valor nominal unitário não será objeto de atualização monetária ou correção por qualquer índice.
Ainda de acordo com a companhia, os valores serão integralmente devidos na data de vencimento das debêntures da Hapvida, correspondente a 29 de janeiro de 2031.
A Hapvida destaca, também, que as debêntures são subscritas exclusivamente por entidade integrante do seu grupo econômico e no contexto de movimentação de caixa entre controladas. A empresa não informou para onde irão os recursos captados.
Desempenho das ações de Hapvida (HAPV3)
Cotação HAPV3