Após envolvimento da Hapvida (HAPV3) no escandâlo da Prevent Senior, ao ser mencionada na CPI da Covid, a Agência Nacional de Saúde (ANS) decidiu apurar a conduta da empresa durante a pandemia.
A investigação tem como base relatos de que a empresa pressionava seus médicos de diferentes locais para receitar hidroxicloroquina em casos suspeitos ou confirmados de Covid-19, informa a BBC News.
Em abril, o Ministério Público Estadual do Ceará (MP-CE) multou a Hapvida em R$ 468 mil por “impor, indistintamente a todos os médicos conveniados, que receitem determinados medicamentos no tratamento de pacientes com Covid-19”, informa a matéria.
A Hapvida protocolou recurso contra a multa aplicada pelo MP-CE e aguarda resposta. Após a penalidade, o promotor do caso pediu que o mesmo fosse encaminhado à ANS.
Na segunda-feira (27), a agência fez “diligências in loco” nas sedes da Hapvida e do Grupo São Francisco, rede comprada pela empresa de planos de saúde em 2019. O objetivo era buscar “mais informações para o processo de apuração” sobre as suspeitas de irregularidades.
As investigações em curso pela ANS separam as empresas, ainda que o Grupo São Francisco pertença à Hapvida. “São Francisco tem CNPJ próprio, devendo obedecer à legislação de saúde suplementar e estando sujeita a sanções caso cometa infrações”, justifica a agência.
Em nota à reportagem da BBC News, a Hapvida nega que tenha feito pressão para o uso da hidroxicloroquina em seus hospitais e afirma que respeita a autonomia médica.
Hapvida é citada na CPI da Covid
Na quarta-feira, dia 22 de setembro, o diretor na Prevent Senior, Pedro Benedito Batista Junior, prestou depoimento à CPI da Covid. Em suas declarações, o diretor confirmou que a empresa de planos de saúde prescreveu tratamento precoce com remédios não comprovados contra a doença, além de fazer testes experimentais com pacientes doentes por coronavírus.
Em meio aos questionamentos dos senadores, Batista Junior revelou que a política de “obediência e lealdade” em vigor na Prevent Senior, foi uma expressão implementada na empresa em 2017, por um ex-diretor que hoje trabalharia para a Hapvida.
Diante disso, os senadores cogitaram, durante a sessão da CPI da Covid, convocar executivos da Hapvida para depor.
No dia, a ação da empresa de planos de saúde fechou em baixa de 3,89%, valendo R$ 14,59. E não só, o papel da NotreDame (GNDI3), com quem a Hapvida tenta uma fusão, recuou 3,88% no mesmo dia.
Última cotação
Desde a sessão no Senado Federal, a cotação da Hapvida acumula quedas no Ibovespa. Até o fechamento do pregão de ontem, as ações da empresa desvalorizaram 4,68%.
Na segunda-feira (27), os papéis HAPV3 fecharam com 1,83% de queda, valendo R$ 14,47.
Nos últimos 12 meses, as ações da Hapvida acumulam valorização de 19,79%, sendo negociadas a R$ 18,44 na máxima e a R$ 11,91 na mínima.