Depois de uma semana para esquecer, quando perdeu mais de R$ 2 bilhões em valor de mercado, a XP vê a polêmica envolvendo a Hapvida (HAPV3) sobre decisões judiciais como incompatível com o risco real. Diante disso, a corretora mantém a recomendação de compra, com preço-alvo de R$ 5,7.
Isso porque, em relatório publicado ontem, a XP afirma que os processos cíveis com risco provável ou possível somam R$ 2,3 bilhões, dos quais R$ 1 bilhão está diretamente relacionado aos beneficiários, ou seja, menos da metade do valor total.
Na visão de Rafael Barros e Raphael Elage, olhando os números da Hapvida de perto, eles não são tão assustadores assim, já que os valores de risco provável estão totalmente provisionados, enquanto nenhuma provisão é feita em caso de risco possível de perdas.
“Nesse sentido, de acordo com os números da empresa, há R$ 1,8 bilhão de processos cíveis não provisionados, dos quais R$ 816 milhões envolvem diretamente os beneficiários, ou R$ 2,3 bilhões e R$ 1 bilhão no total, respectivamente. Este último valor representa um terço da perda total de valor de mercado no pregão de quinta-feira (quando caiu quase 7%), o que nos leva a supor que a queda foi exagerada”, explica a corretora.
A XP, inclusive, está otimista com o futuro da operadora de planos de saúde. Para 2024, a expectativa é de um lucro líquido ajustado da Hapvida de R$ 1,41 bilhão, enquanto para 2025 de R$ 2,20 bilhões e para 2026 de R$ 2,76 bilhões.
Hapvida: o que está acontecendo com a empresa?
Na quinta-feira da semana passada, o jornal o Estado de S.Paulo mostrou que a Hapvida está sendo investigada pelo Ministério Público do Estado de São Paulo (MPE-SP) por se negar, diversas vezes, a cumprir decisões judiciais que concediam tratamentos aos seus beneficiários.
A notícia caiu como uma bomba no mercado e fez as ações da Hapvida caírem 6,98% no pregão do último dia 18 de janeiro, fazendo com o que a operadora perdesse R$ 2,2 bilhões em valor de mercado, colocando dúvidas e incertezas na cabeça dos investidores.
Segundo a publicação, há vários casos em que a Hapvida não prestou o atendimento solicitado por decisões judiciais.
Em comunicado enviado ao mercado assim que a notícia venho à tona, a maior operadora de plano de saúde do Brasil afirmou categoricamente que “não há prática deliberada de descumprimento de decisões e justificou que o setor de saúde suplementar vem enfrentando uma crescente judicialização”.
Para a Hapvida, essa prática judicial vem sendo utilizada antes mesmo de uma conciliação pelos canais das operadoras e da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) sendo que, em alguns casos, envolvem fraudes e solicitações de coberturas não contratadas. “Essa judicialização gera um prejuízo para toda a população, refletindo, por exemplo, em reajustes nos planos de saúde de todos os clientes”.