Todo mundo sabia que o teto de gastos era uma saída precária, diz Haddad
Futuro ministro da Fazenda do governo Lula, Fernando Haddad afirmou que pretende enviar a nova proposta de âncora fiscal do País para o Congresso logo no início do governo. Nesta quarta (14), o petista disse que o teto de gastos era uma “saída precária” para a situação fiscal do país e que todos os especialistas da área sabiam disso.
“Todo mundo sabia que o teto de gastos era uma saída precária, que não era sustentável. Conversei com o Pérsio [Arida] nas eleições de 2018, e ele falou que duraria dois ou três anos. Até que durou isso porque, depois da pandemia, não tem mais teto”, destacou Haddad em entrevista ao programa Estúdio i, da GloboNews.
O futuro ministro da Fazenda ressaltou que “há maneiras mais inteligentes” de se promover uma política de responsabilidade fiscal, mas não detalhou qual será a sua proposta.
Isso significa rompimento com a responsabilidade fiscal? De maneira nenhuma! Significa mostrar para o país que é possível um desenho mais confiável de longo prazo.
Haddad: aprendemos com os erros
Ao longo da entrevista, o futuro ministro da Fazenda disse que o balanço dos governos anteriores de Lula é “altamente favorável”.
Nós aprendemos também com os erros, não vamos repetir nenhum, e vamos encaixar as medidas que precisam ser feitas para darem sustentabilidade.
“Se a gente trouxer a taxa de juros para um dígito, e isso depende da Fazenda e do Banco Central se aliarem, não tenho dúvidas que nós vamos zarpar!”, destacou.
Haddad também foi questionado sobre uma das promessas de Lula na campanha, se os mais pobres terão dinheiro para comprarem cerveja e picanha.
O futuro ministro disse que conversou com o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, e respondeu que caso exista uma combinação entre a política fiscal e monetária, o governo pode fazer com que o País cresça.
“Não tem essa dicotomia, todo mundo sabe que essa é uma combinação que pode levar ao crescimento. As bases para isso, nós estamos construindo, vamos anunciar medidas no começo do ano. Tem muito ralo por onde o dinheiro está saindo e nós vamos fechar logo cedo”, prometeu Haddad.
Confira alguns trechos da entrevista:
‘Lula conhece minhas opiniões econômicas há muito tempo’, diz Haddad
O futuro ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse ainda à Globo News que a recriação dos ministérios do Planejamento e de Desenvolvimento pode levar a divergências entre os ministros das três pastas, mas que “não vê isso no horizonte”.
“É muito normal em um governo aparecerem pontos de vista diferentes; quando ministros têm ponto de vista diferentes, presidente arbitra. Como Bolsonaro não era dado a governar, Paulo Guedes ministro da Economia do governo Bolsonaro tocava o governo como imaginava”, disse Haddad. “O presidente Lula conhece minhas opiniões econômicas há muito tempo, sabe como penso. Quando eu era ministro da Educação, era chamado para opinar sobre a economia”, continuou.
Transparência nas estatais
Haddad também disse que a governança de empresas estatais “ganhou robustez após o que ocorreu com diretores de carreira da Petrobras”. “Os diretores de carreira da Petrobras punidos se enquadrariam em Lei das Estatais. É preciso (nas estatais) controladoria forte, compliance forte”, afirmou. Na avaliação do ex-prefeito de São Paulo, hoje há “robustez na transparência” das empresas do Estado que não havia no passado.
Haddad considera que a Controladoria Geral da União (CGU) perdeu importância no atual governo, o que levou a corrupção a se “instalar” em ministérios como Educação e Saúde. “Se você tiver órgão de controle com autonomia, vai atuar para coibir desvio ético nas estatais ou ministérios. “Não acredito em combate eficaz à corrupção sem fortalecimento da CGU, que passou por desmantelamento”, disse. De acordo com o futuro ministro, o nome cogitado para assumir a CGU é “alguém que sei que vai fazer muito bem para governo”.
Com informações do Estadão Conteúdo