O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou nesta quarta-feira (21) que a continuidade da redução da taxa de juros vai depender também de fatores externos, para além das medidas de política fiscal. “Não é que haja uma dependência, mas negar a importância da taxa de juros dos Estados Unidos seria leviano da minha parte”, disse o ministro, em entrevista à jornalista Miriam Leitão, da GloboNews.
Haddad avalia que o Brasil poderá se beneficiar de um ciclo de crescimento sustentável mais longo, a depender do ritmo de queda de juros nos países desenvolvidos. O ministro acredita que as taxas começarão a cair nas maiores economias ainda no primeiro semestre.
Na mesma entrevista, Haddad afirmou que as perspectivas para o crescimento do Brasil serão melhores a partir do segundo semestre do ano, porque os primeiros seis meses ainda estão sob efeito de uma taxa de juros real mais elevada. Haddad disse acreditar que o País terminará o ano crescendo mais de 2%, mesmo que tenha um primeiro semestre não tão forte.
O crédito será uma alavanca importante para o crescimento, segundo o ministro, que reiterou que se preocupa com a safra de soja e a situação do agronegócio, principalmente por causa de efeitos climáticos.
O ministro da Fazenda afirmou, ainda, que a arrecadação de tributos em janeiro veio em linha com o projetado no Orçamento, já descontado o efeito extraordinário de medidas aprovadas no fim do ano passado, como a taxação de fundos exclusivos e off-shore. Os números serão divulgados nesta quinta-feira (22), pela Receita Federal.
Haddad destacou que o governo segue em busca de equilibrar as contas públicas e que, além do incremento de receitas, também vai atuar para a contenção de despesas. Um exemplo é o pente-fino do Bolsa Família e o pacote de revisão de gastos que o Ministério do Planejamento apresentará em breve ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Anunciaremos hedge cambial na semana que vem, diz Haddad
Haddad afirmou na entrevista que o novo hedge cambial, adequado à legislação brasileira, será anunciado na semana que vem. Ele reiterou que o instrumento ajuda a mitigar a variação cambial e não tem nenhuma relação com intervenção no câmbio.
“Vai ser bem vista a ideia de que nós vamos alongar o horizonte para que o investidor visualize o cenário da taxa de câmbio e tenha segurança em investir no Brasil”, disse o ministro em entrevista à jornalista Miriam Leitão, da GloboNews. O projeto do novo hedge conta com o apoio do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), segundo Haddad.
Brasil levará teses inéditas ao G20 na área financeira, diz Haddad
O ministro da Fazenda afirmou que o Brasil está honrado de presidir o G20 e que o País levará teses inéditas ao grupo na área financeira, como a tributação internacional da renda.
Haddad citou como exemplo a falta de discussão sobre o imposto sobre a herança, que poderia corrigir um problema que ocorre em todo o mundo, com milionários levando suas fortunas para países que não tributem a transmissão dos bens. O Brasil vai propor uma regulamentação para o tema.
Questionado sobre um balanço do seu primeiro ano como ministro da Fazenda, Haddad disse que é difícil estar sempre feliz na posição, mas que a avaliação é positiva.
O ministro também destacou o projeto de transformação ecológica capitaneado pela Fazenda como um dos programas para se observar no médio e longo prazos. Haddad disse que o projeto dialoga com outras ações do governo, como a neoindustrialização, e com a reforma tributária do consumo, aprovada no ano passado e que será regulamentada neste ano.
*Com informações de Estadão Conteúdo