Haddad: Brasil precisa ter prudência em reação a medidas de Trump

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que o Brasil precisa ter prudência ao tomar qualquer medida como reação à política tarifária do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. “A pior coisa que o Brasil pode fazer nesse momento é sair a campo sem a prudência que sempre tivemos”, defendeu Haddad.

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Durante participação nesta terça-feira (8) no 11º Brazil Investment Forum, evento anual do Bradesco BBI, em São Paulo, Haddad disse que, antes de reagir, o Brasil precisaria olhar com cuidado sua posição em relação a outros parceiros comerciais, especialmente os importadores de produtos nacionais.

“Não é hora de ficar anunciado medida, é tentar ver se a poeira baixa e se estabiliza para que possamos começar a nos movimentar, de maneira a nos proteger dessa situação que é muito tensa”, explicou o ministro.

Ele avalia que a política tarifária de Trump escancara que os EUA não têm olhos para outras nações como rivais comerciais, apenas para China. Segundo Haddad, porém, os problemas norte-americanos não serão resolvidos com tarifas, uma vez que a indústria norte-americana não teria como produzir de imediato itens que hoje são importados do pais asiático. “Exige tempo para isso acontecer. Sabemos que a economia vai reagindo de acordo com estímulos”, complementou.

Produtos mais baratos para vender

Durante o evento, Haddad concordou com a avaliação de que o Brasil pode ser menos prejudicado do que outros países pelo “tarifaço” de Trump. O ministro entende que os produtos brasileiros, que receberam a tarifa mínima imposta pelo governo americano (10%), poderão ficar mais baratos frente aos concorrentes.

Ele também observou que a guerra comercial pega o Brasil num momento sem dívida externa, com reservas cambiais expressivas e saldo comercial robusto. Além disso, acrescentou, os juros estão elevados, o que significa espaço para ação da política monetária se for necessário estimular a economia.

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“Relativamente, diante do incêndio, estamos mais perto da porta de saída do que nossos pares”, respondeu o ministro ao falar sobre os impactos da política comercial norte-americana. Haddad ponderou, no entanto, que as tarifas de Trump contra a China afetam o Brasil de alguma maneira, uma vez que atingem o principal parceiro comercial do país. “Não se consegue escapar de lógica que tem China como alvo sem afetar o resto do mundo”, afirmou.

Haddad e a meta fiscal

Outro tema abordado pelo ministro da Fazenda foi o cumprimento da meta fiscal, que exige um déficit de no máximo 0,25% do Produto Interno Bruto (PIB) nas contas primárias de 2025. Ele disse que o governo está tomando todas as providências necessárias para isso e disse que a dívida pública está subindo não por causa do resultado primário – ou seja, a diferença entre o que o governo gasta, excluindo as despesas com a dívida, e arrecada -, mas sim em razão da alta dos juros.

Assim, defendeu, o governo precisa criar condições para que o Copom possa realizar a redução da Selic nos próximos meses. “Nosso juro real de 8% é uma anomalia”, afirmou.

Ele disse confiar no trabalho do Banco Central (BC) em levar a inflação para o centro da meta, de 3%. “Acredito que o Banco Central está fazendo seu papel.” Mesmo com os juros mais altos, Haddad projetou que a economia pode bater o crescimento de 2,5% neste ano.

Com Estadão Conteúdo

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Redação Suno Notícias

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