O Ministério da Fazenda avalia um plano de ajuste fiscal de R$ 223 bilhões para este ano. O estudo feito pela equipe liderada por Fernando Haddad tenta diminuir o rombo nas contas públicas de 2023.
O material foi revelado por descuido: jornalistas registravam a primeira reunião de Haddad com sua equipe econômica quando viram o estudo exposto no slide do encontro.
Integrantes da Fazenda confirmaram ao canal de notícias CNN Brasil que esse plano foi, de fato, discutido na reunião realizada na terça (3). Contudo, ele não é projeto definitivo e foi debatido junto com outras possibilidades para o equilíbrio dos gastos e despesas do governo.
No slide, o estudo desenhado pela equipe econômica era o seguinte:
- Receitas extraordinárias: R$ 87,5 bilhões
- Reversão de desonerações e compensações: R$ 72,5 bilhões
- Redução de despesas: R$ 40 bilhões
- Ativos abandonados do PIS/Pasep: R$ 23 bilhões
- Total em 2023: R$ 223,08 bilhões (2,08% do PIB)
Caio Megale, economista-chefe da XP, ressaltou em entrevista à CNN que não existe uma “bala de prata” para o problema das contas públicas.
“Não são uma ou duas medidas que vão conseguir reverter um buraco tão grande. São várias frentes a serem abordadas e cada frente é uma batalha diferente. O slide fala em R$ 40 bilhões de corte de despesas. Se esse valor de corte for mesmo o necessário, por que foi aprovada uma PEC tão grande?”, questionou o especialista em alusão à PEC da Transição.
Poderia ter sido aprovada uma PEC mais focada no Bolsa Família, naqueles programas mais emergenciais e não uma PEC de quase R$ 200 bilhões. O governo patrocinou esse aumento de despesa e agora fica difícil voltar atrás.
O integrante da XP também afirmou que o plano hipotético traz respostas no curto prazo, e não no longo.
“Essa retomada dos fundos privados do PIS/Pasep para o Tesouro dá um alívio temporário, mas não é recorrente. A preocupação não é fechar o buraco em 2023, a preocupação é com a dinâmica fiscal ao longo dos anos. Propostas que arrumam dinheiro para este ano, sem equilíbrios permanentes, ajudam um pouco, mas não dão a resposta mais importante que é a estabilização da dívida”, comentou ele.
Haddad diz que pessoas estavam “iludidas”
Em entrevista concedida na última terça (3) ao site Brasil 247, Haddad disse que parte do eleitorado do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) estava “iludida” com o cenário econômico e reforçou que acredita em uma retomada durante a gestão Lula (PT).
“Com 6% a 8% de juro real, qual investimento tem essa taxa de retorno? Custou 3% do PIB para tirar o pretexto de Bolsonaro dar golpe no País. Bolsonaro fez tudo para se manter no poder, não fez mais porque não teve condições”, comentou Haddad na ocasião.