A gestora GWI, que já havia se mostrado insatisfeita com a administração da Gafisa, em que detém grande participação, conseguiu seu objetivo de destituir o conselho atual e implantar cadeiras mais simpáticas aos seus interesses.
O conselho que administrava a empresa até ontem foi instituído em abril e removido por meio de uma assembleia extraordinária convocada pela GWI com esse propósito. No início de agosto, quando a reunião foi convocada, a GWI possuía 2 das 7 cadeiras do conselho. Agora, 5 dos 7 conselheiros foram indicados pela gestora.
As duas cadeiras restantes foram indicadas pelo conselho interior, devido ao sistema de voto múltiplo. Entre os indicados pela gestora estão Mu Hak You, coreano e principal sócio da GWI, e seu filho, Thiago Hi Joon You.
A reunião extraordinária durou mais de dez horas e foi influenciada em grande parte pela enorme participação da gestora nas ações da empresa, que chegou a 37% na semana passada. A reunião foi presidida por um advogado representando a GWI, André de Almeida, após a empresa obter uma liminar impedindo Odair Senra, presidente do conselho de administração até sua destituição, de presidi-la.
“O resultado é satisfatório, é a maioria do conselho, mais do que necessário para implementar toda a mudança de gestão, com transparência”, disse Almeida.
A administração deposta da Gafisa não foi a única a se posicionar contra a ação da GWI. As consultoras especializadas em orientar votos de acionistas de empresas de capital aberto Institucional Shareholder Services (ISS) e Glass Lewis recomendaram o voto contra a movimentação. Segundo elas, não haveria motivos suficientes para justificá-la.
A GWI defende rigidez na administração das finanças da empresa, reduzindo gastos administrativos, remuneração de executivos e com infraestrutura, tirando a sede do bairro nobre de Pinheiros, na Zona Oeste de São Paulo, para um escritório na Sé, no centro.
As demandas vem em um momento de crise com indícios de recuperação, visto que a Gafisa está com o capital decimado mas apresenta redução nos prejuízos e aumento na receita.
A GWI já tentou fazer algo parecido com a administração da Saraiva, mas ela foi capaz de se proteger. Mu Hak You foi bloqueado pela CVM de gerir carteiras de valores mobiliários por cinco anos.