Nesta quinta-feira (17), o ex-ministro Guido Mantega comunicou sua renúncia à equipe de transição do presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva. A informação foi revelada inicialmente pela jornalista Mônica Bergamo, da Folha de S. Paulo.
Na semana passada, Guido Mantega tinha sido anunciado como integrante do grupo técnico responsável pelo planejamento, orçamento e gestão na equipe de transição de Lula.
Em carta enviada ao vice-presidente eleito, Geraldo Alckmin, Guido Mantega afirmou que decidiu renunciar diante da intenção dos adversários em “tumultuar” e “criar dificuldades para o novo governo”.
Pelo fato de estar inabilitado pelo Tribunal de Contas da União (TCU) a exercer cargo em comissão ou função de confiança na administração pública federal por punição envolvendo o caso das pedaladas fiscais, ele participaria de modo voluntário.
Em 2016, Guido Mantega perdeu o direito de assumir função pública por cinco anos. Um acórdão de 2018 aumentou a punição para oito anos. Esse prazo começou a valer a partir de fevereiro de 2022, quando o processo transitou em julgado.
“Em face de um procedimento administrativo do TCU, que me responsabilizou indevidamente, enquanto ministro da Fazenda, por praticar a suposta postergação de despesas no ano de 2014, as chamadas pedaladas fiscais, aceitei trabalhar na equipe como colaborador não remunerado, sem cargo público, para não contrariar a decisão que me impedia de exercer funções públicas por oito anos”, justifica.
Guido Mantega acusa adversários
Segundo ele, apesar disso, sua “condição estava sendo explorada pelos adversários, interessados em tumultuar a transição e criar dificuldades para o novo governo”.
Guido Mantega disse que solicitou o afastamento da equipe de transição de Lula, “no aguardo de decisão judicial que irá suspender os atos do TCU que me afastaram da vida pública”.
“Estou confiante de que a justiça vai reparar esse equívoco, que manchou minha reputação”, finaliza a carta enviada a Alckmin.
À CNN, a equipe de transição informou que o vice-presidente eleito, após receber a carta sobre a renúncia de Guido Mantega, telefonou ao ex-ministro, agradecendo pelo empenho e desempenho ao cargo.
Guido Mantega afirmou que aceitou “com alegria o convite para participar do Grupo de Transição, na certeza de poder dar uma contribuição para a implantação do governo democrático do presidente Lula”, mas que julgou ser melhor se retirar de cena, devido aos tumultos que alegou. “Estou confiante de que a justiça vai reparar esse equívoco, que manchou minha reputação.”
Na semana passada, Guido Mantega enviou uma carta a representantes dos governos americano, chileno e colombiano pedindo para adiar a eleição para a presidência do BID. O ato causou polêmica. O Brasil foi o primeiro a apresentar um candidato oficial à corrida pela liderança do BID. Há cerca de três semanas, o ministro da Economia, Paulo Guedes, responsável pela indicação, havia oficializado o nome do então diretor do Fundo Monetário Internacional (FMI) para o Hemisfério Ocidental, Ilan Goldfajn, conforme antecipou o Estadão/Broadcast, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado.
Com informações do Estadão Conteúdo