Após artigo de Mantega, Lula diz que não tem porta-voz na economia

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva negou hoje que Guido Mantega, ex-ministro da Fazenda, seja seu porta-voz na economia e, por meio de sua assessoria de imprensa, disse que “dialoga com muitos economistas e grupos de economistas”, com Mantega entre eles. “O ex-presidente fala por si próprio e não tem porta-voz ou porta-vozes de economia”, destacou a assessoria de imprensa.

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O posicionamento da assessoria de Lula foi dado ao Suno Notícias, depois de Mantega publicar hoje (5) um artigo no jornal A Folha de S.Paulo com as diretrizes econômicas da possível chapa. Mantega foi escalado pela assessoria de Lula para escrever a publicação.

Segundo a descrição da Folha, os artigos são “assinados por economistas que participam do grupo de apoio aos pré-candidatos” e publicados diariamente em ordem alfabética.

Na publicação consta um aviso do autor, dizendo que o texto “não expressa o ponto de vista da candidatura Lula, que ainda não foi lançada, sendo o resultado das discussões de um grupo de economistas que assessoram o ex-presidente Lula.”

A escalação do ex-ministro da economia para assinar artigo pela chapa petista causou estresse no mercado, uma vez que ele passou a ser visto como um dos possíveis nomes a assumir eventual Ministério da Economia, caso a candidatura de Lula, à frente nas pesquisas, saia vencedora nas eleições de 2022.

Segundo o jornal Valor Econômico, aliados do ex-presidente Lula avaliam que Mantega não deve ter papel de destaque durante a campanha, já que o petista ainda não definiu interlocutor para a área econômica.

A estratégia é dividir a tarefa de discutir publicamente medidas para a área entre alguns economistas para diluir a exposição desses especialistas e que nenhum seja visto como “futuro ministro da Fazenda ou da Economia”. Além de Mantega, incluem o rol de nomes o professor da Unicamp Guilherme Mello e os ex-ministros Nelson Barbosa, Fernando Haddad e Aloizio Mercadante.

Guido Mantega diz que ‘herança maldita’ fará País retroceder quase uma década

Para Mantega, a “herança maldita” dos governos Michel Temer e Jair Bolsonaro fará o PIB brasileiro retroceder a níveis de 2013, quase dez anos atrás. 

Segundo a publicação do ex-ministro – que ignorou a recessão econômica dos anos finais do governo Dilma Rousseff -, “governos neoliberais” reverteram parte dos avanços sociais e econômicos de governos petistas, com destaque à reforma trabalhista e aprovação do teto de gastos durante gestão Temer e questões fiscais do governo Bolsonaro.

O ex-ministro também defende que a situação dramática, produzida pela política do atual ministro da Economia, Paulo Guedes, contrasta com o desempenho da política econômica social desenvolvimentista dos governos Lula e Dilma.

Para Guido Mantega, a saída para o País a partir do próximo mandato presidencial deve se desenhar a partir de um programa de desenvolvimento econômico e social das forças democráticas com um “ambicioso plano de investimentos públicos e privados, de modo a ampliar a infraestrutura e aumentar a produtividade, gerando muitos empregos”.

“O novo governo deve retomar as políticas industriais e as de investimento tecnológico, que devolvam a competitividade da indústria brasileira. Claro, sem esquecer as questões climáticas e ambientais”, reforçou.

O assessor econômico defendeu ainda a realização de uma reforma tributária, com a simplificação de impostos e desoneração dos mais pobres, bem como a retomada da via social-desenvolvimentista.

Guido Mantega foi um dos nomes responsabilizados pela recessão econômica brasileira entre 2014 e 2016 e pela política de “pedaladas fiscais” que culminou no impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff.

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Pedro Caramuru

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