Rússia e Ibovespa: Qual é o impacto da guerra nas ações do mercado financeiro?

A invasão da Ucrânia pela Rússia tem forte impacto no mercado financeiro em todo o mundo nesta quinta-feira, e o mesmo ocorre no mercado brasileiro. Mas as ações locais devem ser impactadas pela crise de formas diferentes, com o setor petroleiro despontando como um “porto seguro” para os investidores. Já empresas que têm commodities em sua composição de custos devem sofrer mais, como o setor de aviação.

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Petróleo como um porto seguro

Empresas ligadas ao setor de petróleo devem ser as menos impactadas devido à alta na commodity, que chegou a subir 10% na madrugada desta quinta-feira (24). Desse modo, as ações da Petrobras (PETR4) e PetroRio (PRIO3) são as que devem sofrer menos com a tensão geopolítica de invasão da Rússia à Ucrânia.

Hoje, o setor petroleiro domina as poucas altas do Ibovespa. Os papéis estão subindo 0,47% (R$34,38) e 4,06% (R$25,90), respectivamente.

De acordo com Filipe Villegas, da Genial, as empresas petroleiras são um “porto seguro” para investidores neste momento. Em live de hoje, ele disse que os investidores mundiais tendem a buscar o Brasil como um porto seguro devido à alta participação das commodities em seu índice de ações.

Ele destacou que as commodities em geral tendem a se valorizar, já que a Rússia é uma grande exportadora de gás natural, petróleo e commodities agrícolas, assim como a Ucrânia.

Segundo Madruga, os papéis de empresas exportadoras – como Vale (VALE3), Suzano (SUZB3) e Usiminas (USIM5) – podem ter uma queda mais moderada que as demais, pois o dólar voltou a subir. As ações caem 2,61% (R$ 84,21), 2,17% (R$ 52,32) e 5,05% (R$ 13,54), respectivamente.

Além disso, ele espera que as commodities metálicas devem se valorizar no longo prazo, beneficiando o minério de ferro. “O minério de ferro é uma commodity que foi muito usada na reconstruções de países afetados por guerras no passado. Além disso, o minério também tem ligação com o armamento bélico.”

Para a Ativa, as empresas que devem ter melhor desempenho neste momento são:

  • PetroRio (PRIO3)
  • Petrobras (PETR4)
  • SLC (SLCE3)
  • Brasil Agro (AGRO3)
  • Suzano (SUZB3)
  • Vale (VALE3)

“O principal impacto, devido à escalada do conflito e a intensificação das sanções, serão nas commodities, especialmente ligadas aos países envolvidos: Petróleo; Gás; Grãos, Metais e Fertilizantes”, afirmou a Ativa.

Small caps devem ser pressionadas

Por outro lado, devem sofrer revés as small caps, que possuem uma menor liquidez. Com isso, os fundos de investimentos devem fazer uma redução desses ativos para proteção de volatilidade de suas cotas. São exemplo de small caps:  3Tentos (TTEN3), 3R Petroleum (RRRP3) e ABC Brasil (ABCB4).

“Para falarmos sobre os impactos ainda é muito cedo, pois estamos vendo um novo cenário de guerra no mundo. Mas o que pode se projetar num primeiro momento é que as commodities vão se valorizar”, diz Madruga.

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Impacto em alimentos e combustíveis

O analista também aponta que a Ucrânia é uma grande exportadora de milho, então o milho tende a ter uma valorização pela escassez do produto. Além disso, o petróleo tende a ficar mais caro, o que impacta diretamente na inflação de países em todo o mundo. “Podemos ter uma elevação de juros antecipada nos Estados Unidos e aqui no Brasil, com o preço dos combustíveis mais elevado.”

Segundo a Ativa, empresas que têm exposição a commodities no seu custo devem ser evitadas neste momento. Entre elas estão:

  • Azul (AZUL4) e Gol (GOLL4)
  • BRF (BRFS3)
  • Camil (CAML3)
  • AmBev (ABEV3)

Invasão da Rússia e a renda variável

Bruno Madruga acredita que esse momento é propício para aqueles investidores que estavam de olho na renda fixa, realocarem seus ativos para renda variável.

“Para o investidor brasileiro, fica aqui um ponto de alerta, muitos o realocaram seus investimentos de renda variável para a renda fixa, pegando a valorização da Taxa Selic. Mas nesse momento mais tenso de invasão da Rússia na Ucrânia, o investidor brasileiro pode identificar boas oportunidades de aquisição de empresas brasileiras em virtude dessa queda que podemos ter nos próximos dias”, concluiu.

O economista e sócio da BRA Investimentos, João Beck, salienta ainda que o Brasil está sujeito aos efeitos da guerra da Rússia. “Mas nunca podemos deixar de enxergar Brasil como país emergente e suscetível à aversão a risco global. E, portanto, sujeito aos mesmos efeitos deletérios do que ocorre nas potencias globais. Em especial o contágio de inflação que pode forçar o Banco Central americano ao aumento mais acentuado da taxa de juros num ambiente econômico fragilizado e endividado.”

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Poliana Santos

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