Guerra entre Israel e Hamas, dia 7: bomba explode perto de escola em Gaza; acaba ultimato para moradores no norte do território palestino

Nesta sexta-feira (13), a guerra entre Israel e Hamas chega ao sétimo dia com a informação de que o governo israelense comunicou à Organização das Nações Unidas (ONU) sobre a ordem dada para os palestinos se deslocarem do norte para o sul da Faixa de Gaza dentro de 24 horas. O conflito matou mais de 3 mil pessoas.

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Segundo um porta-voz da ONU, mais de 1 milhão de pessoas vivem no norte, tornando “impossível” esse movimento. Um líder do Hamas disse que os palestinos não farão esse deslocamento.

O presidente da Autoridade Nacional Palestina (ANP), Mahmoud Abbas, disse ao secretário de Estado dos Estados Unidos, Antony Blinken, que “rejeita o deslocamento forçado” de palestinos em Gaza, conforme informado pela agência de notícias oficial palestina WAFA.

Em novos ataques na madrugada desta sexta, militares israelenses bombardearam um prédio residencial no campo de refugiados de Jabaliya, no norte de Gaza. Pelos menos 45 pessoas morreram e dezenas ficaram feridas.

Em comunicado também nessa sexta, o braço armado do Hamas, Brigadas al-Qaassam, afirmou que 13 das pessoas que o grupo mantinha como reféns desde o último sábado, dia de início dos ataques, foram mortas em bombardeios israelenses contra Gaza nas últimas 24 horas.

O Ministério da Saúde de Gaza informou na manhã desta sexta-feira que o número de palestinos mortos durante ataques israelenses subiu para 1.799. No total, 6.388 palestinos estão feridos. Entre os israelenses, são 1.300 mortos.

Bomba explode próximo a escola de Gaza onde estão 19 brasileiros

Área próxima a escola na cidade de Gaza onde estão 19 brasileiros foi bombardeada nesta sexta-feira (13). O grupo aguarda a ação do governo brasileiro para retirá-lo do local, que não é considerado seguro desde que Israel deu ultimato de evacuação da região norte Faixa de Gaza.

A brasileira Shahed Albanna, de 18 anos, que está no local, enviou um áudio a nossa reportagem onde é possível ouvir o som de bomba caindo próximo à escola. Em seguida, Shahed enviou vídeo onde mostra pessoas abrigadas na escola em um único cômodo, como forma de se proteger de possíveis bombas.

De acordo com a embaixada brasileira em Ramala, na Cisjordânia, o ônibus demorou a chegar “porque a via principal da cidade de Gaza foi bombardeada durante o trajeto, o veículo chegou bem tarde. Como já é noite, a viagem de Gaza a Khan Younis ficou perigosa. Os brasileiros passarão a noite na escola e viajarão amanhã cedo”.

Com isso, o veículo deve deixar a cidade de Gaza na madrugada desde sábado (14), considerando o horário de Brasília. O Itamaraty informou ainda que a embaixada brasileira de Tel Aviv solicitou formalmente ao Governo de Israel que não bombardeie a escola.

O Ministério das Relações Exteriores (MRE) do Brasil divulgou ainda que, “segundo informação colhida até agora”, há outro grupo de brasileiros querendo sair de Gaza na cidade de Khan Younis, que faz fronteira com o Egito. Entre esses, está o palestino-brasileiro Hasen Rabee, que aguarda oportunidade para deixar o local, conforme relatado à Agência Brasil.

Ordem para sair

Israel informou aos agentes das Nações Unidas que a região norte da Faixa de Gaza, onde vivem 1,1 milhão de pessoas, deve ser evacuada em 24 horas – e esse prazo está acabando. A Organização Mundial da Saúde (OMS) apelou para que a ordem seja revista porque não há tempo hábil para retirar todo mundo. O organismo internacional diz que teme a escalada da crise humanitária.

“Como é que 1,1 milhão de pessoas poderão atravessar uma zona de guerra densamente povoada em menos de 24 horas? Estremeço ao pensar quais seriam as consequências humanitárias da ordem de evacuação”, afirmou Martin Griffiths, Subsecretário-Geral da ONU para Assuntos Humanitários e Coordenador de Ajuda de Emergência.

Nessa quinta-feira (12), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva conversou com o presidente de Israel, Issac Herzog, e apelou para que seja aberto um corredor humanitário que permite às pessoas saírem da Faixa de Gaza.

Mais brasileiros que estavam em Israel chegam ao Brasil

A Força Aérea Brasileira (FAB) informou que a terceira aeronave destinada para a operação de repatriação dos brasileiros que estavam em Israel chegou ao Brasil na manhã desta sexta (13).

A primeira parada foi em Recife, onde desembarcaram cinco dos 69 repatriados a bordo. O avião seguiu para o aeroporto de Guarulhos, em São Paulo.

A quarta aeronave disponibilização para a repatriação já deixou Tel Aviv, segundo apuração da GloboNews. O voo transporta 215 passageiros e tem previsão para chegar no aeroporto internacional do Galeão, no Rio de Janeiro, na manhã deste sábado (14).

Na quinta-feira (12), o Itamaraty informou ter identificado 20 brasileiros, “em sua maioria mulheres e crianças”, interessados em ser retirados da Faixa de Gaza. A embaixada do Brasil em Tel Aviv solicitou formalmente ao governo de Israel que não bombardeie a escola onde alguns desses brasileiros estão.

Nesta sexta, o embaixador do Brasil em Israel, Frederico Meyer, informou que a carioca Karla Stelzer Mendes, de 41 anos, brasileira que estava desaparecida em Israel, foi encontrada morta. Mendes, que tinha cidadania israelense, morava no país com o namorado, brasileiro, que também faleceu.

Com isso, são três os brasileiros mortos no conflito entre Israel e Hamas. Além de Karla, o gaúcho Nidejelski Glazer e a carioca Bruna Valeanu também morreram.

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Conflito em Israel pode ter efeito indireto no Brasil, avalia economista

A guerra entre Hamas e Israel pode gerar efeitos indiretos à economia brasileira, avalia a economista e especialista em comércio exterior Lia Valls.

Pesquisadora associada do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV), ela disse à Agência Brasil que pode haver consequências envolvendo o mercado de petróleo. Embora Israel e Palestina não produzam petróleo, uma eventual escalada do conflito poderia envolver países vizinhos como o Irã.

“Convulsiona mais, você tem mais restrições ao comércio como um todo, a demanda mundial cai e, obviamente, vai haver menos espaço para o crescimento das exportações”, disse ela, diante do cenário de conflito em Israel.

Apesar dessa possibilidade, em um primeiro momento, a pesquisadora não crê em impactos para a balança comercial brasileira. “O que pode afetar é mais uma questão global, porque a gente não tem nenhum comércio importante com nenhum dos dois países envolvidos”.

A pesquisadora da FGV ponderou que haverá mais transformações geopolíticas, como resultado do conflito entre Israel e o Hamas. Lia Valls avaliou que efeitos globais seriam sentidos se os Estados Unidos aumentassem muito as sanções sobre o Oriente Médio. Nesse caso, o Brasil pode sair prejudicado, porque exporta muito para a região.

Os principais produtos brasileiros exportados para o Oriente Médio entre janeiro e setembro deste ano foram carne de aves (U$$ 2,13 bilhões ou 21% do total), açúcar (15% da pauta), soja (14%) e minério de ferro (15%). A participação equivale a 4,3% da pauta brasileira. Entre os importados pelo Brasil nesse período, destaque para adubo (29%), óleos combustíveis (28%) e óleo bruto de petróleo (24%). As importações correspondem a 3,3% da pauta do Brasil.

Lia reiterou que o comportamento das exportações do Brasil vai depender muito da duração da guerra. Caso demore a acabar, terá efeitos sobre o comércio global, com os países aumentando medidas protecionistas, sinalizou a economista.

Participação de Israel em exportações do Brasil

Nos primeiros nove meses de 2023, a participação de Israel nas exportações do Brasil alcançou 0,2%, atingindo 0,6% nas importações. Israel está em 52% lugar no ranking das exportações brasileiras e em 34% nas importações. Entre janeiro e setembro deste ano, o principal produto exportado para Israel foi petróleo (US$ 139 milhões), seguido de carne bovina (US$ 118 milhões) e soja (US$ 106 milhões). “O valor é muito pequeno”, disse a economista.

O Brasil importou de Israel adubo, ou fertilizantes, que representaram 44% da pauta, com valor da ordem de US$ 471 milhões, o que, na avaliação de Lia, é pouco para a pauta brasileira.

Com informações de Agência Brasil

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Giovanni Porfírio Jacomino

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