A guerra entre Israel e Hamas entra no 18º dia, com a notícia de que as tropas militares do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, bombardearam 400 alvos na Faixa de Gaza na madrugada desta terça-feira (24). Pelo menos 140 pessoas foram mortas, incluindo mulheres e crianças. O Hamas disse que, ao final do dia, mais de 700 pessoas morreram nos bombardeios.
Sobre o ataque mais recente, em comunicado, os militares israelenses afirmam ter matado “vários comandantes de campo e outros agentes” do grupo islâmico Hamas. Os ataques também destruíram a entrada de um túnel na costa de Gaza e um suposto centro de comando do Hamas.
Na segunda-feira, o Hamas libertou duas mulheres que estavam sequestradas, mas ainda mantém 222 reféns.
Nesta terça-feira (24), o presidente da França, Emmanuel Macron, chegou a Tel Aviv para visita destinada a mostrar “total solidariedade” a Israel, de acordo com informações da agência AFP. Macron se reunirá com Netanyahu para discutir um “genuíno processo de paz”.
Macron propôs nesta terça-feira (24) que uma coalizão internacional que luta contra o Estado Islâmico no Iraque e na Síria seja ampliada para incluir a luta contra o grupo militante palestino Hamas em Gaza.
Macron não deu detalhes sobre como a coalizão de dezenas de países liderada pelos Estados Unidos, da qual Israel não faz parte, poderia ser envolvida.
Falando ao lado do primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu em Jerusalém, Macron enfatizou que França e Israel têm no terrorismo seu “inimigo comum”.
“A França está pronta para que a coalizão internacional contra o Daesh, da qual participamos para operações no Iraque e na Síria, lute também contra o Hamas”, disse ele aos repórteres, referindo-se ao Estado Islâmico.
Macron, que alertou contra os riscos de um conflito regional, também disse que a luta contra o Hamas “precisa ser sem misericórdia, mas não sem regras”.
Netanyahu não comentou diretamente a proposta de Macron, mas afirmou que a luta é uma batalha entre o “eixo do mal” e “o mundo livre”.
“Essa batalha não é apenas nossa… é a batalha de todos”, disse ele.
Mais de 6400 pessoas morreram desde o início do conflito Israel-Hamas em 7 de outubro. O Conselho de Segurança da ONU se reuniu nesta terça (24) para tentar fechar uma nova resolução sobre a guerra no Oriente Médio.
Os EUA ameaçaram o Irã caso o país tente entrar na guerra. Os representantes de Israel pediram a demissão do secretáro-geral da ONU António Guterres, que pediu um cessar-fogo e aumento da ajuda humanitária na região.
Os EUA costuram um novo acordo para a resolução, que incluiria ajuda humanitária – mas a Rússia alertou que vai vetar o documento.
Água fornecida por Israel a Gaza reduz 20% em um dia, alerta ONU
O volume de água fornecida por Israel à cidade de Khan Yunis, ao sul da Faixa de Gaza, diminuiu cerca de 20% de 22 para 23 de outubro, segundo informou o Escritório para Assuntos Humanitários da Organização das Nações Unidas (Ocha). O volume de água caiu de 600 para 480 metros cúbicos por hora e “as razões não são claras”, diz o informe diário do escritório.
Os outros dois gasodutos provenientes de Israel que abastecem a Faixa de Gaza estão sem funcionar desde o dia 8 de outubro, um dia após o ataque do Hamas contra cidades israelenses.
O Grupo de Água, Saneamento e Higiene (Wash), que trabalha para as Nações Unidas, calcula que o consumo médio de água por pessoa no território sitiado por Israel caiu para apenas três litros por dia, o que preocupa as organizações humanitárias.
Segundo a Sociedade Brasileira de Nefrologia, são necessários, em média, 15 litros de água por dia para não sobrecarregar um rim saudável.
O escritório da ONU destaca que é preocupante a escassez de água potável somado ao consumo de água com elevado teor de sal retirada dos poços agrícolas. Devido à proximidade do mar, a água de Gaza costuma ser imprópria para consumo.
“Isto representa um risco imediato para a saúde, aumentando os níveis de hipertensão, especialmente em bebês com menos de 6 meses, mulheres grávidas e pessoas com doença renal. A utilização de águas subterrâneas salinas também aumenta o risco de diarreia e cólera”, alerta o escritório das Nações Unidas.
Segundo o Ocha, os agentes de saúde têm detectado casos de varicela, sarna e diarreia, atribuíveis às más condições de saneamento e ao consumo de água de fontes inseguras. “Prevê-se que a incidência de tais doenças aumente, a menos que as instalações de água e saneamento recebam eletricidade ou combustível para retomarem as operações”.
Parte da água da Faixa de Gaza usada para consumo humano é dessalinizada por equipamentos movidos à combustível. Como a ajuda humanitária que entrou em Gaza nos últimos dias não tem combustível, a falta do insumo tem dificultado a operação dessas máquinas.
Uma das três centrais de dessalinização de água do mar, localizadas em Khan Younis, retomou as operações no domingo (22) com menos de 7% da sua capacidade. Segundo a Agência da ONU para Refugiados Palestinos (UNRWA), isso foi possível após uma redistribuição de combustível de entre unidades da ONU. “As outras duas fábricas permanecem inoperantes”, informa o boletim.
No dia 12 de outubro, o ministro de Energia e Infraestruturas de Israel, Israel Katz, justificou o corte de energia e água de Gaza como forma de forçar o Hamas a libertar os cerca de 220 reféns feitos pelo grupo. Após acordo para liberar a entrada de água no sul de Gaza, o ministro justificou que o restabelecimento parcial de água no sul seria importante para forçar o descolamento da população civil para o sul da Faixa.
Em nota, o porta-voz da embaixada de Israel no Brasil, Or Shaul Keren, informou que o país apenas fornece uma pequena parte da água para Gaza, independentemente da guerra atual. Ainda segundo Keren, há água e eletricidade nos túneis de combate do Hamas e que teria sido o próprio grupo palestino que teria desativado uma das três tubulações de água de Israel para a Faixa de Gaza.
“Atualmente, Israel fornece água para o sul da Faixa de Gaza e para as áreas para as quais solicitou a evacuação da população não envolvida. A orientação da lei internacional é apenas para permitir suprimentos humanitários, e não suprimentos diretos, como Israel faz para os residentes da Faixa de Gaza”, afirmou.
Padarias
Além da escassez de água, os palestinos da Faixa de Gaza enfrentam longas filas para conseguir pão das padarias locais. Apenas cinco das 24 padarias contratadas com o Programa Alimentar Mundial (PAM) estão operando e fornecem pão aos abrigos com refugiados.
“A escassez de combustível é o principal obstáculo que impede essas padarias de satisfazer a procura local de pão fresco, colocando-as em risco de encerramento. As padarias estão em dificuldades, com longas filas se formando antes do amanhecer. O tempo médio de espera é de 6 horas, e as pessoas suportam essa espera para receber metade da porção normal”, informa o Ocha.
O brasileiro Hasan Rabee, de 30 anos de idade, registrou nesta terça-feira uma das enormes filas que se formaram em uma das padarias da cidade de Khan Yunes. “Filas e filas só para pegar um pouco de pão, que horror”, relata o palestino naturalizado brasileiro. Rabee diz que a família dele tem água potável e alimentos para mais 2 dias. Na semana passada, ele recebeu mantimentos enviados pelo Escritório de Representação do Brasil, em Ramala, na Cisjordânia.
Hasan é um dos 32 brasileiros que aguardam a possibilidade de deixar a Faixa de Gaza. Ele foi à Palestina visitar a família poucos dias antes do início das hostilidades entre Israel e Hamas. Ele está com a esposa e duas filhas pequenas também brasileiras.
Estima-se que existam 1,4 milhão de deslocados internos em Gaza, com cerca de 600.000 abrigados em 150 abrigos de emergência designados pela UNRWA.
Reputação da ONU depende de ação sobre guerra, diz Mauro Vieira
“Grande parte da reputação das Nações Unidas depende da sua abordagem à crise em curso”, destacou nesta terça-feira (24) o ministro das Relações Exteriores do Brasil, Mauro Vieira, na reunião do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) realizada em Nova York, nos Estados Unidos.
“Este Conselho deve estar à altura do desafio que temos pela frente. Provavelmente seremos julgados – e considerados culpados – pelas gerações futuras pela nossa inação e complacência”, destacou o chanceler brasileiro.
O encontro discutiu a escalada do conflito Israel-Hamas, no Oriente Médio, iniciada no último dia 7 de outubro após o ataque do grupo Hamas contra Israel. Atualmente, o Conselho é presidido pelo Brasil que, na última semana, viu a proposta costurada pela diplomacia brasileira ser vetada pelos Estados Unidos.
O chanceler brasileiro insistiu que a diplomacia e o diálogo são os ativos mais poderosos no Conselho de Segurança da ONU e que a entidade “tem uma responsabilidade crucial na resposta imediata à evolução das crises humanitária e de reféns”.
Mauro Vieira lembrou que, desde 2016, o Conselho não consegue aprovar uma resolução sobre a situação do conflito Israel-Hamas. “Estratégias obstrutivas têm impedido a tomada de decisões cruciais sobre a paz e a segurança internacionais. Como resultado, a situação no Oriente Médio é de longe uma das questões mais frustradas no Conselho de Segurança”, lamentou.
O representante do governo brasileiro na ONU reforçou que o Brasil condena os atos de terrorismo contra civis em Israel e fez um apelo para libertação imediata e incondicional dos reféns civis. Ao mesmo tempo, o chanceler do Brasil afirmou que a escalada da violência em Gaza é inaceitável e citou o bombardeio de infraestruturas civis, que resultou na destruição de 42% das habitações na Faixa de Gaza.
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Guerra Israel e Hamas: Assembleia Geral da ONU se reunirá para abordar conflito
Na próxima quinta-feira (26), a Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU) se reunirá para discutir a guerra entre Israel e Hamas. A reunião será realizada a pedido de vários países, como Jordânia, Rússia e Vietnã, já que o Conselho de Segurança da ONU não conseguiu chegar a um acordo sobre a resolução do conflito no Oriente Médio.
Antes da reunião da Assembleia Geral da ONU, o Conselho de Segurança voltará a se reunir para abordar o tema.
Tensões no Oriente Médio podem gerar perturbações nos mercados e preços de energia, avalia AIE
A Agência Internacional de Energia (AIE) avalia que as pressões imediatas da crise global de energia diminuíram, mas a instabilidade causada pela guerra Israel-Hamas poderá levar a novas perturbações nos mercados e preços da energia.
“A continuação dos combates na Ucrânia, mais de um ano após a invasão da Rússia, é agora acompanhada pelo risco de um conflito prolongado no Oriente Médio. O clima macroeconômico é pessimista, com uma inflação persistente, custos de financiamento mais elevados e níveis de dívida elevados”, indica a instituição, em seu relatório de perspectivas energéticas globais de 2023, divulgado nesta terça-feira (24).
O relatório também avalia que a China tem um grande papel na definição das tendências energéticas, visto que nos últimos dez anos, o país foi responsável por dois terços do aumento da utilização mundial de petróleo e de quase um terço da alta do gás natural.
“Mas é amplamente reconhecido, inclusive pela liderança do país, que a economia da China está a atingir um ponto de inflexão. Depois de uma construção muito rápida da infraestrutura física do país, o espaço para novas adições está diminuindo”, pontuou.
Com informações de Estadão Conteúdo e Agência Brasil
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