Guerra comercial pode reduzir inflação no Brasil, mas riscos persistem, diz AZ Quest

A atual guerra comercial e as incertezas econômicas geradas pelas tarifas de Donald Trump têm implicações significativas para o Brasil. De acordo com o economista-chefe da AZ Quest, André Muller, existe a possibilidade de menor pressão inflacionária no país como resultado da desaceleração econômica global.

https://files.sunoresearch.com.br/n/uploads/2025/04/1420x240-Banner-Home-1.png

Na visão do economista, as incertezas econômicas do governo Trump geram tanto oportunidades quanto riscos para o Brasil. A possibilidade de uma menor pressão inflacionária pode ser benéfica para a economia, mas a volatilidade nos mercados globais e as tensões comerciais podem significa a debandada de investidores e aversão aos mercados de risco. 

O relatório publicado pela gestora observa que “as fortes tarifas impostas pelo governo Trump devem levar à desaceleração do crescimento global e menor demanda por bens, o que tenderá a reduzir as pressões inflacionárias em 2025 fora dos EUA”. Essa dinâmica pode trazer alívio para a inflação brasileira, que enfrenta desafios internos e externos.

Por um lado, a expectativa de uma inflação mais baixa é considerada um aspecto positivo, pois proporciona um ambiente mais estável para investimentos e consumo. Com a pressão inflacionária sendo contida, o Banco Central do Brasil pode manter uma política monetária mais flexível. 

Além disso, a valorização do real em relação ao dólar, mencionada pelo economista da AZ Quest, ajuda a controlar os preços de insumos importados, favorecendo a redução do custo de vida. Isso não significa que o cenário é definitivo. 

A guerra cambial traz um ambiente incerto e cheio de riscos

O relatório indica que “o Brasil, com uma tarifa mínima de 10%, está em uma posição relativamente favorável em relação a outros países mais fortemente afetados pelas tarifas”. 

Mesmo com essa posição, a economia brasileira não é imune a um ambiente global volátil. A instabilidade nas relações comerciais e a possibilidade de guerra comercial entre os EUA e seus parceiros podem afetar as exportações brasileiras e levar a uma desaceleração da atividade econômica.

Outro ponto relevante é a estratégia do Federal Reserve (Fed) diante da instabilidade econômica. O Fed, responsável por gerenciar a política monetária dos EUA, se vê em uma posição delicada ao tentar equilibrar crescimento e controle inflacionário. 

O aumento das taxas de juros nos EUA pode impactar o fluxo de capitais para o Brasil, levando a uma possível saída de investimentos estrangeiros. 

Muller observa que a “manutenção desse patamar [da Selic] por período prolongado deve ser suficiente para levar a menor pressão sob os preços”, mas também enfatiza a importância de monitorar as decisões do Fed, que podem criar um cenário incerto para os investimentos no Brasil.

Além disso, a volatilidade nos mercados financeiros internacionais pode trazer desafios para a estabilidade do real, afetando diretamente a confiança dos investidores. 

Se os EUA enfrentarem dificuldades econômicas, isso pode resultar em uma menor demanda por commodities, setor essencial para a economia brasileira, que depende fortemente das exportações de produtos como soja e minério de ferro. Essa dependência pode ser um ponto vulnerável, especialmente em um cenário de desaceleração global.

Sobre a AZ Quest

A AZ Quest possui mais de 24 anos de experiência no mercado financeiro, na gestão de fundos listados e não-listados.

Fundada em 2001 e associada ao grupo Azimut desde 2015, a AZ Quest oferece uma plataforma diversificada de produtos, abrangendo diversas estratégias de investimento para atender a diferentes perfis de investidores. Sua expertise se estende por áreas como macro e renda fixa, renda variável, crédito privado, infraestrutura e fundos imobiliários.

https://files.sunoresearch.com.br/n/uploads/2025/04/Lead-Magnet-1420x240-2.png

Gustavo Bianch

Compartilhe sua opinião