A continuidade da guerra comercial entre os Estados Unidos e a China pode elevar as exportações do Brasil para ambos os países. A informação foi divulgada em um estudo da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp).
Esse aumento nas exportações aconteceria principalmente nas vendas de produtos primários para o país asiático. No mercado da China, Brasil e EUA disputam na venda de commodities. Por causa da guerra comercial, a competitividade brasileira aumentará por conta da taxação das mercadorias norte-americanas.
O Brasil em meio à guerra comercial
O estudo qualificou 23 produtos exportados à China e 33 aos Estados Unidos que teriam maior potencial de aumento da exportação nesses mercados. “Esses produtos commoditizados têm um preço internacional, e as margens de lucro são muito pequenas. Quando a China coloca uma tarifa de 10% ou 20%, a importação a partir dos EUA fica muito cara”, disse Welber Barral, sócio da consultoria Barral M. Jorge. e diretor do departamento de relações internacionais e comércio exterior da Fiesp.
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Entretanto, para obter esse aumento da competitividade o produto exportado precisa atender a dois critérios:
- ter registrado um aumento nas exportações no primeiro semestre
- ter sofrido uma sobretaxação por causa da guerra comercial
Além disso, o item deveria ter somado, entre 2016 e 2018, a média mensal de ao menos US$ 1 milhão em exportações para um dos dois países. Caso esses requisitos se concretizem, a balança comercial brasileira seria beneficiada.
O minério de cobre vendido à China, por exemplo, é um dos destaques. Cerca de 134 mil toneladas líquidas da commodity são exportadas. Um valor que representa alta de 140% no volume vendido no 1º semestre em relação ao mesmo período de 2018.
Entretanto, a participação no mercado estadunidense resultará mais complexa de ser conquistada. “O mercado americano é mais pulverizado, são outros países que acabam sendo mais competitivos do que o Brasil”, continua Barral.
Segundo o analista, historicamente, o Brasil registrou mais dificuldade de competir com seus concorrentes estrangeiros. Isso por causa de sua pauta exportadora, formada por 50% por produtos industriais.
Rumo da disputa
Segundo Barral, a possibilidade de ampliar o comércio exterior é factível dada a contínua tensão entre as duas potências. “A guerra comercial está se estendendo muito além do que se esperava. Em vários momentos houve alguma expectativa de que se chegaria a um acordo, mas a China protelou a negociação e o presidente americano, Donald Trump, irritou-se”, explicou o analista.
Na última quinta-feira (1), os EUA anunciaram uma tarifa adicional de 10% sobre US$ 300 bilhões em bens importados da China. No domingo (4), o Banco Central da China (PBoC) desvalorizou o yuan na menor cotação desde 2008, de 7 yuan por cada dólar. Essas medias acabaram deteriorando ainda mais o cenário de guerra comercial e levaram adiante a possibilidade de uma guerra cambial.
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Diferentemente do imaginado há alguns meses, atualmente os analistas consideram os últimos acontecimentos como sinais de que o fim da guerra comercial entre as maiores economias do mundo está longe de ser alcançado.
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