Guedes tem atritos com deputados; em paralelo, Bolsa cai quase 1%

A audiência pública da Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ) da Proposta de Emenda Constitucional (PEC) da reforma da Previdência da Câmara Federal obteve atritos entre o ministro da Economia, Paulo Guedes, e os deputados.

Paralelamente ao início da CCJ com a presença de Guedes, o índice acionário Ibovespa iniciou uma trajetória de queda. No fechamento, a baixa era de 0,94% a 94.491,48 pontos.

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Citando a economia, prevista pelo governo, de R$ 1 trilhão em 10 anos, com a aprovação da reforma da Previdência, Guedes defendeu a implantação do sistema de capitalização, e afirmou que o projeto deve prevenir “filhos e netos de parlamentares e gerações futuras sofram com o mesmo problema do Rio de Janeiro, e alguns Estados que não podem pagar salários”.

Após a fala do ministro, deputados iniciaram comentários, em voz alta, porém, fora do microfone, acerca do sistema de capitalização. Houve citação do sistema chileno, que passou por alterações por não garantir um benefício mínimo para os trabalhadores de baixa renda.

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Presidente da CCJ pede respeito

Durante a defesa do sistema de capitalização pelo ministro, parlamentares começaram a gritar “Chile”. Os deputados faziam alusão ao sistema previdenciário do país, que adota o regime.

Guedes respondeu: “Chile, US$ 26 mil de renda per capita, quase o dobro do Brasil”, disse Paulo Guedes. “Acho que a Venezuela está bem melhor”, disse o ministro, em tom irônico, referindo-se ao parâmetro de comparação.

Mais tarde, Guedes pediu, novamente em tom irônico: “Falem mais alto, eu não estou ouvindo”.

O presidente da CCJ, Felipe Francischini (PSL) pediu por respeito, de ambos os lados.

“Peço respeito de ambas as partes. O Brasil inteiro está ouvindo esta audiência (…) Sem manifestações no plenário! Não tolerarei manifestações positivas ou negativas (…) Isso não é briga de rua”, interferiu a liderança da comissão.

Guedes mudou o posicionamento, e disse: “Cometi um erro sério aqui, eu tentei responder a uma colocação da deputada Gleisi [Hoffmann]. Me aconselharam para não reagir. Mas quis ser atencioso. Eu sou muito respeitoso. Os senhores têm muita familiaridade com esse ambiente e eu não. Os senhores poderiam ter um pouco de atenção comigo e entender que eu posso cometer erros (…) Cometi o erro de interagir. Quando fiz isso, vocês transformaram isso em outra coisa”, disse Guedes.

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Provocações específicas

O ministro da Economia provocou os parlamentares do PT, ao afirmar que a ex-presidenta da República, Dilma Rousseff, foi a “primeira” a instaurar a capitalização, quando instituiu o Funpresp (a aposentadoria complementar dos servidores públicos).

Ao passo que em resposta ao deputado Pompeo de Mattos (PDT), o ministro novamente demonstrou tom irônico. Mattos, que é da Previ (fundo de pensão dos funcionários do Banco do Brasil), havia questionado Guedes acerca do sistema de capitalização proposta pelo governo na reforma.

“O senhor é um felizardo beneficiário [da capitalização], eu gostaria que os outros pudessem usufruir (…) Então, o regime em si não é tão ruim”, afirmou Guedes.

Por fim, o ministro pediu aos parlamentares por um debate menos passional. “Não podemos ser superficiais. Ficamos apaixonados. A eleição acabou há três meses. Não dá para apaixonar. O governo foi eleito”, e completou que será o jovem a escolher em qual sistema deseja entrar, o antigo ou aquele de capitalização.

Amanda Gushiken

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