De acordo com economistas ligados à Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima), a inflação deverá encerrar 2020 em 2,8%. A estimativa do Grupo Macro, em abril, era de um aumento de preços na ordem de 2%.
A projeção de seis meses atrás, segundo eles, foi alterada em função de uma conjunção de fatores, como a recomposição das margens de lucro, a inflação nos preços dos alimentos e das commodities, além de desalinhamentos entre oferta e demanda intensificados pela pandemia do novo coronavírus (Covid-19).
O entendimento dos analistas foi reforçado pelo resultado prévio do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de outubro, maior resultado desde 1995.
“O desafio de manter uma taxa de juros (Selic) estimulativa e de o Banco Central (BC) trazer as expectativas de inflação para o centro da meta aumenta a incerteza dos analistas diante de uma economia abaixo do seu potencial e com risco fiscal relevante, sobretudo pela indefinição quanto ao cumprimento do teto de gastos para o próximo ano”, diz o relatório.
Entre as projeções dos analistas, 33% situam-se entre 3% e 3,2%, enquanto taxa entre 2,6% e 2,8% ficaram com 29% das estimativas. A mínima e a máxima previstas estão em 2,4% e 3,1%, respectivamente. Todas as projeções, no entanto, permanecem abaixo da meta estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) para este ano, de 4%.
Inflação de 2021 não é consensual entre economistas
Quanto ao IPCA do ano que vem, os economistas não entraram em um consenso. Mesmo com a mediana se mantendo em 3%, a mesma apurada no mês passado, alguns analistas avaliam a possibilidade de aceleração inflacionária nos últimos mses.
De acordo com o relatório, alguns especialistas, inclusive, enxergam o IPCA acumulado em 12 meses entre 4% e 5% em meados do ano que vem. Por outro lado, economistas entendem que a ociosidade relevante na economia “reduz a possibilidade de haver cenário inflacionário dessa magnitude, lembrando que o fim dos estímulos fiscais a partir de dezembro reforça esse argumento”.
Frente a esse ambiente de maior incerteza, os economistas, entretanto, entraram em um consenso de que a comunicação do BC deverá ser mais assertiva nos próximos meses. Com isso, a autoridade monetária se manteria com a “sintonia fina na evolução da administração das expectativas em um cenário de risco fiscal e inflação crescente”.
De olho na inflação, os economistas ligados à Anbima esperam que o Comitê de Política Monetária (Copom), em sua reunião desta quarta-feira (28), mantenha a Selic em 2%, patamar que permanece até o fim do ano, na avaliação de todo o grupo.