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Grupo Leste quer crescer R$ 2,7 bilhões e surfar onda de fundos imobiliários

Já passou da hora dos brasileiros se exporem ao mercado norte-americano, sobretudo imobiliário, diz o Grupo Leste.

Stephan de Sabrit, sócio do Grupo Leste. Foto: Divulgação.

Já passou da hora do investidor brasileiro entender a necessidade estrutural de alocar seus recursos em moeda forte, onde existem os melhores ativos do mundo. Essa é a visão do Grupo Leste, gestora multiestratégia, com operações em São Paulo, Rio de Janeiro, Miami e Londres, sobretudo no mercado imobiliário.

Com cerca de US$ 1,4 bilhão (R$ 7,55 bilhões) sob gestão, o Grupo Leste entende que a disparidade de desempenho entre o mercado brasileiro — sobretudo de fundos imobiliários — e o mercado estadunidense desde o ano passado se justifica e que o caminho não tem volta.

Enquanto os Estados Unidos tendem a acelerar a recuperação econômica, impulsionados pelo Federal Reserve (Fed), o Brasil deve seguir pela mesma estrada — mesmo que de forma mais lenta. Neste contexto, a casa visa captar mais US$ 500 milhões (cerca de R$ 2,7 bilhões) neste ano e surfar essa tendência. Somente no primeiro trimestre de 2021, já chegaram US$ 200 milhões.

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Fundado em 2014 por Emmanuel Hermann, ex-executivo do BTG Pactual (BPAC11), o grupo trabalha com frentes distintas. Possuem um fundo multimercado com pouco risco Brasil, produtos de crédito estruturado, investimentos em Real Estate Investment Trusts (REIts), além de um private equity de crescimento, que procura empresas como a Blue Fit, uma das investidas.

“No fim do dia, sempre haverá boas oportunidades de investimento, onde quer que seja”, disse Stephan de Sabrit, um dos sócios do Grupo, ao SUNO Notícias. “No entanto, procuramos proporcionar isso aos clientes por meio do caminho correto, com a distribuição de riqueza adequada.”

Leste Read: mercado imobiliário e de capitais

Recentemente, o Grupo Leste incorporou as operações da Real Estate Advisor (READ), empresa fundada em 2015 por veteranos do setor imobiliário no Brasil. O novo braço de negócios projeta R$ 600 milhões de ativos sob gestão no final deste ano e funcionará como um facilitador para estruturação de operações neste mercado.

A Leste Read terá o objetivo de “prover soluções de estruturação, originação, montagem e gestão de operações, entre outras, para investidores brasileiros de fundos imobiliários e demais estruturas de mercado de capitais com lastro em imóveis”, diz a gestora.

A iniciativa vem à tona em meio ao crescimento do mercado de investimento em ativos de base imobiliária no Brasil, mesmo que os FIIs ainda representem cerca de 12% de todos os tipos de fundos no País.

“Isso mostra o potencial de crescimento que o Brasil possui na área”, afirma a empresa. A marca de um milhão de investidores em fundos imobiliários foi atingida no início deste ano, enquanto especialistas dizem que o tamanho deste mercado pode dobrar em pouquíssimo tempo.

Fonte: B3, janeiro de 2021.

O negócio foi fechado com um futuro promissor. Existe a expectativa de aproximadamente R$ 9 bilhões em emissões de fundos imobiliários até o momento, segundo as operações que estão na mesa da Comissão de Valores Mobiliários (CVM).

O dado se soma a outras vantagens do segmento, como menor volatilidade em relação ao mercado de ações, resiliência em meio à crise e à própria cultura dos brasileiros de gostar de investir em imóveis. A Leste Read “é uma iniciativa que liga o mercado imobiliário brasileiro e o mercado de capitais, da forma mais eficiente para ambas as partes”, afirmou Sabrit ao SUNO Notícias.

Alta da taxa de juros em uma economia desacelerada

Quando se trata de ativos imobiliários, sobretudo aqueles que dependem da atividade econômica em pleno funcionamento, com shopping centers e lajes corporativas, a indústria se torna ainda mais sensível a um possível ciclo de alta da taxa de juros.

Em março, o Comitê de Política Monetária (Copom) elevou a taxa básica de juros da economia (Selic) em 0,75 ponto percentual, para 2,75%, e deixou o caminho aberto para novos aumentos, principalmente porque a inflação passou a incomodar.

O diretor geral da área imobiliária do Grupo Leste, Rodrigo Machado, analisa o contexto brasileiro fazendo um paralelo com o ambiente macroeconômico de décadas atrás. O ex-ministro da Fazenda, Mário Henrique Simonsen, foi citado como exemplo.

“O ex-ministro Simonsen sempre dizia que para o mercado imobiliário se desenvolver no Brasil, eram necessários três fatores: estabilidade da moeda, taxa de juros baixa e distribuição de renda. Naquele tempo, não existia nada disso”, diz o executivo.

Com isso, mesmo que a Selic volte a subir neste ano e termine 2021 na casa de 5% ou até 6%, ainda estaria muito abaixo da média histórica, favorecendo os negócios. “Ainda teremos uma taxa atrativa para o ciclo imobiliário, que é longo. Claro, haverá uma normalização dos preços, mas o Brasil é um país com economia pujante e de grande capacidade. Já vivemos problemas muito piores do que esses que estamos vivendo agora.”

Para ele, a economia brasileira tem fundamentos fortes, como reservas sólidas e capacidade produtiva ampla, e terá um bom processo de retomada, o que beneficia a indústria imobiliária. “Se olharmos sob a perspectiva de meses, acredito que a economia do Brasil só tem a se recuperar, mesmo que devagar. Não irá afundar.”

Grupo Leste: Vacinação justifica disparidade dos mercados

De acordo com especialistas do mercado, a única saída da crise gerada pela pandemia é a vacinação em massa. Nos Estados Unidos, mais de 200 milhões de doses já foram aplicadas, o que justifica a retomada econômica.

Os mercados andaram ainda antes da divulgação dos balanços dos bancos, por exemplo, pois sempre operam na expectativa de melhora, e de fato essa perspectiva se justifica. As vendas no varejo em março subiram 9,8% em comparação a fevereiro, impulsionadas pelos estímulos financeiros, mas que também podem ter feito com que o Produto Interno Bruto (PIB) do país tenha subido mais de 6%.

“A recuperação distinta dos mercados tem razão de ser, em função do descolamento das realidades das economias. Aqui em Miami, estamos vivendo uma realidade absolutamente normal, com a maior parte da população vacinada. Parece que estamos vivendo em dois planetas diferentes”, diz Sabrit comparando o Brasil com o país norte-americano.

O único diferencial, segundo ele, é que o “Fed está com uma bazuca na mão, distribuindo dinheiro”, o que fomenta a atividade. “O Brasil possivelmente gastou demais no ano passado, não conseguiu manter o ritmo, então o auxílio financeiro, e a falta dele, causa essa distorção.”

Para ele, a vacinação será uma questão vital, “e os preços devem refletir esse comportamento em shopping centers e certamente em lajes corporativas no Brasil”. No ano, o Ibovespa sobe um pouco mais de 1,5%, enquanto o S&P 500 avança 13%.

“Se olharmos as linhas de incentivo que o governo tem colocado no mercado, ainda existe um componente de ajuda social. Mas não se trata apenas de populismo, pois boa parte dos investimentos tem sido direcionada à  infraestrutura, que está ligada ao crescimento da economia e à diminuição de desemprego”, diz o sócio do Grupo Leste.

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