Greve dos caminhoneiros: representantes negam nova paralisação
Oficialmente, as entidades que representam a categoria negam que haverá uma nova greve dos caminhoneiros, como aquela que parou o País, em maio do ano passado.
Contudo, o número de grupos no WhatsApp que discutem uma possível greve dos caminhoneiros, no próximo sábado (30), cresce, de acordo com o monitoramento do governo federal. Os próprios sindicatos estimam que mais de 200 grupos foram criados no aplicativo de mensagens.
O Sindicato dos Caminhoneiros Autônomos de São José dos Pinhais (Sinditac) apenas organizará uma carreata, no Paraná, no próximo sábado. Outras cidades devem aderir ao movimento.
“Infelizmente, toda vez que a gente quer fazer manifestação aparecem pessoas infiltradas querendo distorcer a situação. As entidades e caminhoneiros estão apoiando a carreata. A categoria resolveu uma carreata. Se tivesse decidido paralisação, estava falando em paralisação”, declarou o presidente do Sinditac, Plínio Dias ao “Estado de Minas”.
Segundo Dias, pouco a pouco os sindicatos têm anunciado adesão ao movimento. Em Minas, até o momento, estão confirmadas carreatas próximas a Muriaé, na Zona da Mata, e Oliveira, no Centro-Oeste.
O presidente do Sindicato da União Brasileira dos Caminhoneiros (Abcam), José Natan Emídio Neto, também nega nova greve. Entretanto, Neto admite que há motivação suficiente para sustentar uma paralisação.
“Existe um descontentamento grande com a tabela de frete, obras paradas, pedágio alto (…) Mas não temos controle sobre os grupos de WhatsApp. Mas posso dizer que o caminhoneiro tem confiança muito grande no governo”, contou o presidente ao “Estado de Minas”.
A Confederação Interestadual dos Transportadores Rodoviários Autônomos (CNTA) também negou a possibilidade de uma nova paralisação dos caminhoneiros. Conforme a direção, o que se sabe “até agora é que será carreata pacífica no sábado.”
Saiba mais – Nova greve dos caminhoneiros poderia ocorrer no dia 30 de março
Insatisfação e possibilidade de greve dos caminhoneiros
O nível de insatisfação dos caminhoneiros está muito grande. Pelo menos é o que afirma a Associação Brasileira dos Caminhoeiros (Abcam), uma das principais entidades do setor. Segundo ela, os ânimos podem gerar uma nova greve dos caminhoneiros, dando eco aos rumores surgidos no último fim de semana a respeito de uma paralisação no fim deste mês.
“São inúmeros telefonemas e mensagens de insatisfação com o atual piso mínimo de frete, bem como a falta de fiscalização para o seu cumprimento”, informou a Abcam, que afirma representar mais de 600 mil caminhoneiros autônomos em todo o País. “A entidade vem percebendo uma insatisfação muito grande da categoria, o que pode refletir em uma possível nova paralisação”.
Antes de tomar qualquer decisão, no entanto, a associação diz esperar a divulgação de um estudo elaborado pelo Grupo de Pesquisa e Extensão em Logística Agroindustrial (Esalq-Log), da Universidade de São Paulo (USP) sobre a tabela de frete criada no último governo, após a greve dos caminhoneiros que afetou o País por 11 dias em 2018.
O governo federal está monitorando os grupos de WhatsApp nos quais os caminhoneiros estão articulando uma eventual nova paralisação. Segundo algumas lideranças dos caminhoneiros, o governo não teria cumprido os principais compromissos assumidos pelo governo do ex-presidente Michel Temer. Para tentar terminar a greve do ano passado, o Executivo tinha aceitado tabelar os fretes e reduzir o preço do diesel.
O Gabinete de Segurança Institucional (GSI) está fazendo o monitoramento e detectou mensagens que falam em greve para o dia 30 de março.
Entretanto, as primeiras informações mostram como, no momento, o movimento não tenha a mesa força percebida no ano passado. No governo há temores de que os motoristas acabem se fortalecendo, levando a uma greve dos caminhoneiros com grande potencial, como a do ano passado.