O GPA (PCAR3), empresa que controla o Pão de Açúcar, apresentou um prejuízo líquido de R$ 303 milhões no quarto trimestre de 2023 (4T23). Apesar das perdas, os analistas consideram o resultado positivo, uma vez que houve evolução em todas as linhas.
“Apesar de a companhia ainda ter reportado prejuízo das operações continuadas, notamos evolução nas vendas mesmas lojas combinada ao ganho de margem bruta, compensando os maiores dispêndios visando à melhoria dos serviços em lojas”, cita o BB Investimentos.
A receita líquida do GPA cresceu 7% na base anual, suportada pela expansão, cerca de 61 novas lojas abertas em 2023) e pelo sólido desempenho de vendas mesmas lojas (+4,3%), apesar das tendências de deflação alimentar.
Para a XP, em termos de rentabilidade, a margem bruta foi novamente o destaque, com um aumento de 3,1 pontos percentuais frente ao mesmo período do ano passado, impulsionada por melhores condições comerciais, redução da quebra de produtos e menores custos logísticos, levando a margem Ebitda ajustada a subir 2,9 p.p no comparativo anual, ligeiramente afetada por despesas de vendas mais altas.
“O prejuízo líquido das operações continuadas foi de R$ 87 milhões, ainda pressionado pelas despesas financeiras, enquanto o FCF foi positivo em R$ 1 bilhão, principalmente em fornecedores e estoques”, explica a XP.
Segundo analistas, o GPA continua a lidar com contingências do fechamento das lojas Hiper, afetando as operações descontinuadas. Espera-se que benefícios de negociações melhores com fornecedores, otimização de despesas e estratégias promocionais continuem. A rentabilidade das lojas de proximidade abertas em 2022 e 2023 já supera as mais antigas.
As ações do PCAR3 acumulam alta de 5,2% desde o início deste ano, à luz das melhorias contínuas de vendas e rentabilidade. No entanto, o BB Investimento ainda mantém recomendação neutra para ações e preço-alvo para o final de 2024 em R$ 5,60.
Por sua vez, a Genial avalia que, com ajustes de sortimento, redução de ruptura e despesas, 2023 marcou a virada da empresa. A perspectiva é que a evolução micro e macro beneficie a companhia em 2024. Dessa forma, a Research recomenda compra das ações do GPA, com preço-alvo de R$ 5,50, representando um upside de 29%.
GPA: redução da alavancagem permanece em destaque, dizem os analistas
Segundo o BTG Pactual, como esperado, os resultados do GPA mostraram uma tendência de melhoria em suas operações brasileiras, enquanto o processo de redução da alavancagem permanece em destaque. A empresa encerrou o 4T23 com uma alavancagem financeira de 5,0x dívida líquida/EBITDA pós-IFRS16.
“Embora a recuperação ainda esteja em andamento, mantemos nossa classificação Neutra por enquanto, esperamos que as margens melhorem gradualmente e que os recentes desinvestimentos (imobiliário, Cnova e Éxito) reduzam a alavancagem financeira”, afirma o BTG.
Na mesma linha, o Goldman Sachs afirma que o lucro líquido continuou a ser impactado negativamente por despesas pontuais relacionadas ao processo de recuperação (por exemplo, reestruturação/fechamento de lojas) e altas despesas financeiras, já que a alavancagem continua relativamente alta. “Nesse sentido, observamos que a empresa continua a avaliar uma potencial oferta subsequente, pois a redução da alavancagem continua a ser uma prioridade-chave para a empresa.”
O Safra reforça que a alavancagem é o principal preocupação para a empresa: o PCAR3 encerrou 2023 ainda altamente alavancado, com uma dívida líquida de R$2,3 bilhões em relação a um EBITDA estimado ajustado ex IFRS de R$0,3 bilhão, que é a nossa principal preocupação sobre o caso.
Prejuízo cai 72,5% no 4T23, para R$ 303 milhões
O GPA apresentou um prejuízo líquido de R$ 303 milhões no quarto trimestre de 2023. Quando comparado ao mesmo período do ano anterior, ou seja, quarto trimestre de 2022, o resultado do GPA mostra uma redução de 72,5% no prejuízo líquido, visto que as perdas da empresa um ano antes foram de R$ 1,102 bilhão.
O prejuízo líquido continuado foi de R$ 87 milhões no quarto trimestre do ano passado, frente a um prejuízo de R$ 272 milhões no mesmo período de 2022.
O balanço do GPA diz que a diminuição desse prejuízo continuado é atribuída à “melhora do Ebtida ajustado e das outras receitas e despesas operacionais”.
O prejuízo líquido descontinuado foi de R$ 216 milhões, que se deve principalmente ao impacto do provisionamento para as contingências trabalhistas do Extra Hiper e ao fim do contrato para aquisição de energia elétrica no mercado livre, relativo à energia contratada de forma excedente, atrelada a atividades descontinuadas.
A receita líquida do 4T23 foi de R$ 5,257 bilhões, correspondente a um crescimento de 7,3% na comparação com igual etapa de 2022.
O lucro bruto do GPA atingiu R$ 1,349 bilhão no quarto trimestre de 2023, apresentando alta anual de 21,9%. Já a margem bruta avançou 3,1 pontos percentuais (p.p.), passando de 22,6% no 4T22 para 25,7% no 4T23.
Conforme aponta o balanço trimestral do GPA, as despesas com vendas, gerais e administrativas somaram R$ 988 milhões no quarto trimestre de 2023, cerca de 15,9% superiores aos R$ 852 milhões registrados no mesmo período do ano anterior.
Desempenho anual das ações do GPA
Cotação PCAR3