O Grupo Pão de Açúcar (GPA) (PCAR4) informou na manhã desta quarta-feira (12) que venderá sua participação na Via Varejo (VVAR3) para Michael Klein. O Conselho de Administração do GPA aceitou um preço de venda de R$ 4,75 por ação.
A venda da Via Varejo, dona das marcas Casas Bahia e Ponto Frio, ocorrerá em leilão na Bolsa de Valores de São Paulo (B3). O GPA possui atualmente 36,27% do capital da Via Varejo, enquanto a família Klein tem uma participação de 25,24%;
O GPA divulgou o seguinte comunicado:
A Companhia Brasileira de Distribuição comunica a seus acionistas e ao mercado em geral que, no dia 11 de junho de 2019, o Conselho de Administração da Companhia recebeu carta do Sr. Michael Klein comunicando que, caso a Companhia realize a venda de todas as ações que detém no capital social da Via Varejo S.A, representativas de 36,27% do capital social da Via Varejo, em leilão de venda de ações em pregão da B3 S.A. – Brasil, Bolsa, Balcão (“Leilão” e “B3” ), o Sr. Michael Klein apresentará, individualmente (direta ou indiretamente) e em conjunto com outros investidores, uma ou mais ordens de compra para aquisição de todas as ações da Via Varejo detidas pela Companhia pelo preço máximo de R$4,75 (quatro reais e setenta e cinco centavos) por ação.
Em vista disso, o Conselho de Administração aprovou, em reunião realizada nesta data, a venda de todas as ações detidas pela Companhia na Via Varejo em Leilão na B3, pelo preço mínimo de R$ 4,75 (quatro reais e setenta e cinco centavos) por ação.
A Companhia manterá o mercado e seus acionistas informados sobre quaisquer novos fatos relevantes relacionados a esse assunto.
Michael Klein interessado
Em meados de maio, foi noticiado o interesse de Michael Klein em comprar a participação na Via Varejo. A ideia do empresário para adquirir o controle da Via Varejo foi, no começo, encorajar investidores a se juntarem a operação. O objetivo definido foi afastar do controle a Casino Guichard-Perrachon, que possui os 36,27% da Via Varejo através do GPA.
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O controlador francês está tentando vender sua participação no varejista brasileiro, que vale cerca de R$ 2 bilhões, desde 2017.
A Amazon apareceu na mídia internacional algumas vezes como potencial interessada. Assim como a Lojas Americanas. Entretanto, seja o gigante varejista norte-americano que o grupo brasileiro desmentiram essa hipótese. A empresas de Jeff Bezos preferiu ampliar suas operações no Brasil ao invés de adquirir uma concorrente local.
Retirada da “pílula do veneno” do estatuto
No começo de junho, a Assembleia Geral Extraordinária (AGE) dos acionistas da varejista aprovou a retirada da cláusula do estatuto social, conhecida como “poison pill” (“pílula do veneno”).
As “poison pills” são táticas criadas pelas empresas para desencorajar ou até mesmo impedir aquisições hostis de companhias no mercado de capitais.
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Desta forma, a empresa de comércio varejista removeu de seu estatuto a regra de que: se um acionista atingir a quantidade igual ou superior a 20% dos papeis, tal acionista terá que realizar uma Oferta Pública de Aquisição (OPA).
A remoção da cláusula no estatuto social, por um lado, desprotege os minoritários. Por outro, aumenta a liquidez da companhia, e torna mais fácil para que os controladores da varejista possam se desfazer da participação na empresa varejista.
Resultados negativos
A Via Varejo registrou um prejuízo total de R$ 49 milhões no primeiro trimestre de 2019. Essa é a terceira vez consecutiva de prejuízos trimestrais. Os analistas estimavam um saldo negativo de R$ 5,2 milhões. No quarto trimestre de 2018 o prejuízo líquido foi de R$ 279 milhões.
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O EBITDA (Earnings Before Interest, Taxes, Depreciation and Amortization) ajustado do quarto trimestre de 2018 somou R$ 275 milhões. O recuo ante o mesmo período de 2017 foi de 55,3%.
No total, em 2018 a empresa registrou um prejuízo líquido de R$ 267 milhões. No ano anterior, o saldo foi positivo e o lucro líquido havia sido de R$ 168 milhões.
No acumulado do ano passado, o EBITDA ajustado caiu 26,3% na comparação anual, a R$ 1,236 bilhão.
De acordo com a Via Varejo, o prejuízo do último trimestre de 2018 foi puxado pela menor margem bruta no período. E por outras despesas operacionais, resultantes da reestruturação realizada na companhia.