Arko: taxação de dividendos será feita, qualquer que seja o próximo governo
A taxação de lucros e dividendos deve vir qualquer que seja o próximo governo, segundo o vice-presidente e sócio da Arko Advice, Cristiano Noronha. As informações são do Valor Econômico.
Em evento realizado na quarta-feira pela Fitch Ratings, Noronha afirmou que a taxação de dividendos virá independentemente ao resultado das urnas.
“Não importa o governo, essa medida virá. Mas talvez o Lula (o candidato do PT, Luiz Inácio Lula da Silva) faça algo mais escalonado”, disse.
Caso Lula vença as eleições, é provável que não aconteça nenhuma “maluquice” no campo fiscal, segundo o especialista.
“Lula viu o que a Dilma enfrentou, ele não faria nada parecido”, disse.
Outras dúvidas sobre a economia
Entretanto, uma eventual gestão petista traz uma série de dúvidas, como o que será feito com o teto de gastos, medida fiscal cuja revogação já foi defendida por Lula.
Um novo governo do PT também deve adotar medidas como o uso de bancos para incentivar o crédito.
Ele lembra que foi esse o caminho seguido em 2008, durante a crise financeira global que o então ministro da Fazenda, Guido Mantega, chamou de “marolinha”.
Agora, com o mundo cada vez mais preocupado com o risco de uma nova recessão, esse poderia ser um instrumento.
Para o sócio da Arko, a ampliação da oferta de crédito público pode ser feita de forma gradual, a depender do cenário internacional.
Lula deve também rever o cálculo feito para estipular o salário mínimo.
No caso de uma reeleição de Jair Bolsonaro (PL), a Arko espera a retomada de uma tendência fiscal de austeridade — já que, em anos eleitorais, o governo fica com “coração mole”, mas depois disso as coisas devem “voltar aos trilhos”.
Noronha acredita que deve haver um ajuste, e não a revogação do teto de gastos por parte de Bolsonaro.
Agendas como a reforma administrativa e tributária, além da privatização dos Correios e a Petrobras (PETR4) devem ser retomadas.
Entretanto, o sócio da Arko não acredita que a privatização da Petrobras aconteça dentro dos próximos quatro anos.
Lula e Bolsonaro já falaram em taxar dividendos
Os dois primeiros colocados nas pesquisas eleitorais se pronunciaram sobre a taxação de dividendos nas últimas semanas.
Em uma live no início do mês de setembro, Bolsonaro, afirmou que o governo pode taxar lucros e dividendos para custear a continuidade do pagamento do Auxílio Brasil com parcelas de R$ 600 em 2023.
“A outra forma [de custear o Auxílio] é a taxação de lucros e dividendos para quem ganha acima de 400 mil reais por mês. O pessoal paga imposto bem pequeno, o certo seria pagar 27% disso tudo, se não quer, a proposta da equipe econômica é 15%, está abaixo da pessoa física, que pega 27%”, disse.
Lula também comentou o assunto em conversa com apoiadores.
“Vamos ter que eleger muitos deputados e senadores, porque nós precisamos fazer uma nova política tributária neste país. A gente precisa desonerar o salário para taxar as pessoas mais ricas. Lucros e dividendos têm de pagar imposto de renda”, afirmou.