Ontem, o governo Jair Bolsonaro deu um passo importante no apoio à iniciativa dos Estados Unidos para barrar a tecnologia chinesa do 5G. Depois de um evento no Itamaraty, o governo brasileiro declarou apoio à iniciativa “Clean Network” (“Rede Limpa”), lançada pelo governo Donald Trump.
O programa é uma iniciativa diplomática dos EUA para convencer países a banir de suas redes de telecomunicações “fornecedores não confiáveis”. O programa de Trump é definido ainda como uma forma de proteção da privacidade de cidadãos e informações sensíveis de empresas de invasões agressivas de “atores malignos como o Partido Comunista Chinês (PCC)”.
“O Brasil apoia os princípios contidos na proposta do ‘Clean Network’ feita pelos Estados Unidos, inclusive na Organização Para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), destinados a promover no contexto do 5G e outras novas tecnologias um ambiente seguro, transparente e compatível com os valores democráticos e liberdades fundamentais”, disse o secretário de Negociações Bilaterais e Regionais nas Américas, embaixador Pedro Miguel da Costa e Silva.
O anúncio ainda não oficializa a negociação com sistemas americanos, pois ainda falta um decreto presidencial. No entanto, a fala dificulta as chances de o Brasil firmar uma parceria com a Huawei em relação ao 5G. Os americanos celebraram a declaração.
“O Brasil é o primeiro país da América Latina a respaldar os princípios da Rede Limpa”, disse o secretário de Crescimento Econômico, Energia e Meio Ambiente do Departamento de Estado dos Estados Unidos, Keith Krach, que estava presente na ocasião. Segundo ele, 31 dos 37 países da OCDE já fazem parte do programa.
Disputa mundial sobre o 5G
O Brasil é um dos locais em que a China e EUA disputam a liderança da tecnologia. O leilão do 5G está previsto para 2021. A empresa chinesa Huawei tem a liderança na venda de aparelhos para rede 5G e outros produtos de telecomunicações em todo o mundo. A empresa tem sofrido a oposição dos Estados Unidos, que acusa a empresa de permitir espionagem e controle por parte do Partido Comunista Chinês. A empresa nega as denúncias.
Na tarde de ontem, ministro da Economia, Paulo Guedes disse que o Brasil ainda não tinha uma decisão tomada sobre o veto ou a liberação de tecnologia chinesa nas redes de 5G. No entanto, ele disse que o governo leva em conta os “alertas” de países como os Estados Unidos e o Reino Unido.
“O Reino Unido impediu os chineses no centro do sistema de 5G, mas permitiu que as empresas chinesas atuassem na periferia das redes. Estávamos indo nessa direção antes da pandemia. Não queremos perder a revolução digital, mas há esses alertas geopolíticos.”
(Com Estadão Conteúdo)