A crise do coronavírus (covid-19) causou, de forma repentina, grandes transformações nas empresas. Se não pela dificuldade financeira, na necessidade e velocidade de execução. Na Goomer, uma startup de food service com sede em Sorocaba (SP), não foi diferente.
A pandemia fez com que a startup, que contava com cardápios em tablets e atendimento via totem em fast foods como Madero, Gendai, KFC e Spoleto, antecipasse os planos para o ano que vem e lançasse o GoomerGO, uma plataforma totalmente gratuita para delivery dos restaurantes via Whatsapp.
A mudança foi repentina. O primeiro final de semana após decreto de quarentena imposto no Estado de São Paulo impôs uma queda de 25% nas vendas dos restaurantes que já utilizavam o Goomer. A queda foi aumentando até chegar a quase 100% em poucos dias, quando diversos locais ligaram à startup pedindo uma solução online.
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“Os clientes nos ligavam para dizer que tinham 30% de vendas pelo Ifood, mas que como a taxa era muito alta, não podiam depender só disso para vender até porque minha marca vai morrer”, conta Felipe Maia Lo Sardo, CEO da Goomer.
Em quatro dias, 80% do time de cerca de 60 funcionários que foi deslocado ao desenvolvimento do novo produto apresentou a solução aos restaurantes utilizando um canal já usado pelos restaurantes.
“As plataformas como Ifood ficaram muito competitivas e quem já vendia por lá, passou a vender menos. Por isso, o WhatsApp começou a ser usado como canal de venda”, contou o CEO da Goomer, Felipe Maia Lo Sardo.
Dessa forma, o cliente recebe o cardápio via e-mail, redes sociais ou mesmo Whatsapp e faz o pedido utilizando a plataforma dentro do aplicativo de mensagens. Em cerca de 70 dias de operação, o GoomerGo já conta com 27 mil estabelecimentos cadastrados.
“A crise, no final das contas, fez com que nós ampliássemos o nosso core bussiness, que apesar de já ser planejado, teve de ser antecipado. As perspectivas são as melhores a partir de então”, conta Felipe.
É hora de rentabilizar
Em meio a crise e a queda vertiginosa do faturamento dos restaurantes, a Goomer optou por oferecer a solução do GoomerGo de forma gratuita às empresas. Em março, a empresa captou mais uma rodada de investimentos, que apesar de não ter o montante revelado, ficou na casa dos milhões, que deu fôlego ao novo projeto.
“Íamos começar a captar uma outra rodada de R$ 20 milhões, mas com a pandemia pausamos o processo. Agora, voltamos a conversar com alguns fundos para captar novamente”, disse Maia.
Agora, porém, é hora de rentabilizar a plataforma. Para isso, o GoomerGo terá funcionalidades adicionais para os estabelecimentos que quiserem pagar, com planos a partir de R$ 29,90.
“O WhatsApp é uma ferramenta de entrada onde você consegue contabilizar os pedidos. Mas, caso você tenha muitos pedidos, isso pode atrapalhar sua operação. Então levamos isso a uma plataforma que monitora os clientes, capta informações e tudo que é relevante de apoio operacional”, afirmou ele.
Esses planos tornam o GoomerGo rentável, segundo o CEO. Além disso, com a base de clientes, o time comercial, de forma ativa, tenta vender outras soluções da Goomer a essas empresas.
GoomerGO, Instagram e concorrência
Além do lançamento do GommerGo, a startup foi uma das cinco empresas brasileiras a serem selecionadas pelo Facebook, dono do Instagram, para uma parceria de vendas pela rede social.
“Na tela inicial do Instagram você pode pedir uma refeição que vai direto para o link de delivery. Globalmente, apenas UberEats e o conglomerado de Ifood e na América Latina o Rappi. Agora, o GoomerGo entrou como uma nova opção, mas a única que não é marketplace e sem cobrança de comissão”, disse Maia.
De acordo com o CEO da Goomer, apesar de a concorrência ser acirrada no mercado de food service, o GoomerGo deve ser uma alternativa de independência dos restaurantes em relação as taxas dos marketplaces.
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“Como atuamos em diversos pontos do mercado, temos diversos estilos de concorrentes. No caso do GoomerGo, temos um perfil mais direto, que são as plataformas de delivery como a nossa, sem comissões, como Delivery Direto e outras, além dos marketplaces, que são indiretos, como o Ifood, dado que eles são muito focados no marketing e já engloba a logística”, disse o CEO.
“Não queremos eliminar o Uber Eats ou o Ifood, mas sim complementar como mais uma plataforma de vendas, com marketing próprio e sem comissão a essas empresas”, afirmou o CEO da Goomer.