Goldman Sachs alerta para risco de retração de mercado acionário
O economista chefe do banco de investimento Goldman Sachs, Jan Hatzius, afirmou à CNBC em evento na última sexta (8) que os mercados acionários dos Estados Unidos podem cair no curto prazo.
A declaração do economista do Goldman Sachs vem após os principais índices acionários dos EUA atingirem sequencialmente novas máximas históricas nas últimas semanas, ignorando os problemas com o novo coronavírus (covid-19).
Fora os recentes avanços da doença, com novos lockdowns sendo impostos pelo mundo, Jan Hatzius afirmou em entrevista à CNBC que uma pausa no movimento altista deve vir de qualquer forma com o Federal Reserve diminuindo os programas de estímulos ou com um avanço das curvas longas de juros.
Na última semana, o treasury yield de dez anos superou 1% após os democratas ganharem as vagas da Geórgia no Senado americano e de o Congresso confirmar a vitória de Joe Biden à presidência. Na última terça (12), o yield de referência alcançou 1,18%.
Pausa deve vir por alta da curva longa de juros ou por menor injeção de liquidez
O economista chefe do Goldman Sachs pontua que os yields são utilizados por companhias como forma de medir suas dívidas futuras. Se a taxa de juros tende a aumentar, isso significa que as dívidas também aumentarão. Logo, com mais débitos para saldar, as contas ficam mais apertadas, o que reduz lucros, investimentos, e por ai vai. Todo esse movimento, segundo Hatzius, tem impacto direto nos preços das ações.
Já o corte dos estímulos, que deve vir uma hora ou outra, significa uma menor injeção de dinheiro na economia, o que também deve, para o economista do Goldman Sachs, prejudicar o mercado de ações.
No longo prazo, porém, Jan Hatzius afirmou que o banco continua positivo para as ações americanas. “Nós acreditamos que é um ambiente amigável para ativos de risco, ações e crédito”, afirmou o economista chefe do Goldman Sachs à CNBC.
Jan Hatzius pontua que a inflação continua abaixo da meta, o que dá ainda algum espaço para o Fed agir, e que os bancos centrais mundo afora continuam focados em gerar atividade econômica.
Apesar da elevação da projeção da curva longa de juros, o Senado sob controle dos democratas, após a eleição da Geórgia, deve tornar mais fácil a aprovação de estímulos econômicos. Por esse motivo, o Goldman Sachs elevou sua projeção do produto interno bruto (PIB) americano em 2021 de 5,6% para 6,4%.