A S&P Global Ratings rebaixou hoje a nota global da Gol (GOLL4), de “CCC-” para “D”, após a empresa protocolar pedido de reestruturação pelo Chapter 11 do Código de Falências dos Estados Unidos, aceito nesta sexta-feira. O rating em escala nacional também foi cortado, de “brCCC-” para “D”.
Em comunicado, a S&P Global explica que a companhia brasileira enfrenta uma pesada carga de dívida, apesar da melhora nas métricas operacionais em 2023. De acordo com a análise, o cenário reflete elevados pagamentos de leasing, gastos com capital e atraso nas entregas do Boeing 737 Max, que pressionam o fluxo de caixa.
Gol: pedido de recuperação judicial não afetará voos ou funcionários
O diretor-executivo da Gol Linhas Aéreas, Celso Ferrer, afirmou que o pedido de recuperação judicial que a empresa apresentou à Justiça dos Estados Unidos nesta quinta-feira (25) não afetará os voos, clientes e funcionários da empresa.
“Nada do que estamos fazendo vai ter qualquer impacto para os agentes de viagem ou para nossos passageiros”, declarou Ferrer ao conversar com jornalistas, na tarde desta quinta-feira (25), pouco após a Gol tornar pública a decisão de recorrer à justiça norte-americana.
Chapter 11
Durante a entrevista, Ferrer reforçou a estratégia que a companhia já tinha adotado na nota que havia divulgado à imprensa poucas horas antes, ao dizer que a medida não é exatamente uma recuperação judicial.
“Queria deixar claro que não é uma recuperação judicial”, destacou o executivo, enfatizando que o chamado chapter 11 é um recurso legal a que empresas de diversas nacionalidades, incluindo do setor aéreo, como a Latam, já acionaram a fim de poderem continuar operando comercialmente enquanto negociam as medidas necessárias para obter capital e se reorganizar financeiramente.
“O processo de chapter 11 é justamente para proteger a companhia de qualquer ação que possa ser tomada pelos arrendadores de aeronaves, com quem já vínhamos negociando”, acrescentou Ferrer, explicando que os chamados lessores (agentes financeiros que compram aviões e os arrendam para as empresas aéreas na forma de leasing) são credores de aproximadamente metade da dívida da Gol, de cerca de R$ 20 bilhões, que a aérea contabilizava até o terceiro trimestre de 2023, quando divulgou seu mais recente balanço.
CEO explica dívida da Gol e financiamento de US$ 950 milhões
De acordo com Ferrer, a dívida se deve principalmente à crise econômica gerada pela pandemia da covid-19 e por atrasos nas entregas de aeronaves. Nesta quinta-feira, a companhia anunciou estar negociando um financiamento de cerca de US$ 950 milhões, aproximadamente R$ 4,6 bi.
“O chapter 11 nos dará o tempo e as condições necessárias para negociarmos [com os credores da Gol]. Já vínhamos conversando com os arrendadores, mas, agora, dentro deste processo protegido pela Corte norte-americana, vamos fazê-lo de forma mais transparente, para que todo mundo possa acompanhar”, justificou o executivo, evitando falar em prazos para a conclusão das negociações.
“Nosso objetivo é otimizar a frota da Gol de forma a sustentar o crescimento sustentável da companhia. Não devemos ter necessidade de redução das aeronaves em serviço. E não há, em relação a este processo, previsão de redução de pessoal, rotas, número de bases ou destinos que a gente opera”, finalizou Ferrer.
Com Estadão Conteúdo e Agência Brasil