A Gol (GOLL4) reportou um prejuízo líquido de R$ 2,85 bilhões no acumulado do segundo trimestre (2T22). Com isso, a companhia reverte o lucro de R$ 642 milhões que foi registrado em igual período no ano anterior.
O resultado da Gol foi divulgado em documento arquivado na Comissão de Valores Mobiliários (CVM) na manhã desta quinta-feira (28).
Segundo dados levantados pelo BTG Pactual (BPAC11), o consenso dos analistas projetava um prejuízo de R$ 1,135 bilhão no 2T22. Os analistas da casa, por sua vez, miravam R$ 1,01 bilhão de prejuízo líquido.
No semestre, segundo o balanço da Gol, são R$ 1,13 bilhão de lucro líquido. Já em 2021, no acumulado dos primeiros seis meses, a companhia aérea registrou R$ 1,88 bilhão em prejuízo.
O prejuízo líquido recorrente da companhia foi de R$ 620,8 milhões no trimestre, retração de 51,7% ante o prejuízo número de 2T21.
O lucro antes juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) recorrente foi positivo em R$ 439 milhões no período, revertendo os R$ 547,4 milhões negativos que a Gol registrou no 2T21.
A margem Ebitda da companhia foi de 13,5% no trimestre, ante 53,2% de margem negativa no 2T21.
No resultado financeiro do 2T22 também consta R$ 51,45 milhões em receitas financeiras, R$ 36 milhões em instrumentos financeiros e derivativos ante R$ 201 milhões de despesas financeiras. Com isso, o saldo ficou em R$ 113 milhões de despesas líquidas.
A Receita líquida ficou em R$ 3,24 bilhões, próximo da estimativa do BTG, de R$ 3,23 bilhões.
Os números também apontam um resultado antes da variação cambial, líquido, de R$ 2,47 bilhões. As variações monetárias e cambiais, líquida tiveram impacto de R$ 380 milhões.
Vale lembrar que, no aguardo desses números as ações GOLL4 tiveram forte alta no pregão da véspera do balanço, liderando o Ibovespa.
As ações preferenciais da companhia subiram 9,7% no intradia da quarta (27), com altas expectativas para o Ebitda da companhia. No acumulado de 2022, os papéis caem cerca de 56%.
Dívida da Gol sobe, mas Ebitda em alta reduz a alavancagem
No fim do trimestre, em junho a liquidez total da empresa fechou em R$ 4 bilhões, 8,7% a mais do que o que foi registrado no fim de junho de 2021.
A dívida líquida ajustada da empresa fechou o 2T22 em R$ 23,838 bilhões, 50,9% a mais do que o que foi registrado em igual período do ano anterior.
Com esses dados, a alavancagem da Gol – razão entre a dívida e o Ebitda ajustado – ficou em 9,5x, uma retração de cerca de 1,6x no comparativo com o 2T21.
O que os analistas esperavam de GOLL4 no 2T22?
As expectativas divergiam opiniões ponderando sobre os riscos da variação cambial e com as expectativas cenário melhor do que o que foi reportado pela companhia – dada a estimativa de um resultado operacional em recuperação.
O BTG, por exemplo, recomendou compra para os papéis com as suas projeções, em parecer anterior à divulgação do balanço.
A Genial Investimentos, por sua vez, destacou que a companhia ainda se encontra abaixo dos patamares esperados “tanto em oferta quanto em demanda, estando em média 22% abaixo dos reportados em 2019”.
“Esperamos que este seja um trimestre pior em receita, impulsionada pela forte recuperação de viagens corporativas nas malhas domésticas e a retomada de viagens de lazer na malha internacional, porém ainda sim com queda de volume. A Gol ainda se encontra abaixo dos patamares pré pandemia, tanto em oferta quanto em demanda (ASK e RPK)”, disse a casa, em prévia divulgada ainda na segunda (25).
“Esperamos que a recente queda nos preços dos combustíveis comece a aliviar o setor apenas no próximos trimestre”, frisou a Genial, sobre o balanço da Gol.