As ações da Gol (GOLL4) despencaram nesta segunda-feira (4) no Ibovespa, liderando as quedas do índice, com o mercado repercutindo a notícia de que a aérea contratou a Seabury Capital para auxiliar a empresa em uma “ampla revisão” de sua estrutura de capital.
No fechamento, as ações preferenciais de Gol (GOLL4) caíram 8,52%, cotadas a R$ 8,36. O Ibovespa fechou em queda de 1,08%, aos 126.802,79 pontos.
Cotação GOLL4
Na última sexta-feira (4), a Gol anunciou que contratou a Seabury Capital para auxiliar a empresa “em uma ampla revisão de sua estrutura de capital, que inclui a gestão de passivos, transações financeiras e outras medidas para melhorar a liquidez da companhia aérea, ao mesmo tempo em que ajusta a frota de curto e médio prazo, assim como outras obrigações financeiras”.
A Gol informou ainda que, “como parte desse contrato, a Seabury, trabalhando em conjunto com a Skyworks, prosseguirá com as negociações em andamento com seus arrendadores de aeronaves com o objetivo de alcançar uma reestruturação consensual abrangente das obrigações da frota da companhia”.
Em relatório, o Goldman Sachs (GSGI34) afirmou que, embora não tenha uma opinião sobre o resultado potencial dessas renegociações, acredita que esse anúncio poderá ser o primeiro passo para uma ampla reorganização das obrigações com os arrendadores e outros fornecedores, o que poderia potencialmente aliviar a pressão sobre o balanço no curto prazo.
“Para referência, a Gol reportou liquidez no resultado do 3T23 de R$ 994 milhões (incluindo caixa, investimentos de curto prazo, caixa restrito), que se compara à dívida de curto prazo (empréstimos e financiamentos correntes) de R$ 1,2 bilhão”, apontaram os analistas Bruno Amorin, João Frizo e Guilherme Martins.
Também em relatório divulgado pelo Estadão, os analistas Stephen Trent, Jay Singh e Filipe Nielsen, do Citi, pontuaram que “este anúncio também parece aprofundar o que já parece ser uma trajetória de difícil compreensão para os acionistas minoritários da Gol”.
Eles mencionam que, no final de setembro, o caixa e equivalentes da empresa eram de R$ 905 milhões, contra R$ 3 bilhões de empréstimos para o curto prazo.
O Citi tem recomendação de venda, sinalizando alto risco, para a aérea, com preço-alvo a US$ 3 para a ação da Gol negociada em Nova York.
“O mercado entendeu que a Gol ainda enfrenta desafios relevantes. É um cenário complicado à frente para a companhia que já vinha numa toada difícil”, destacou Fábio Lemos, sócio da Fatorial Investimentos.
Gol (GOLL4) diminui prejuízo no 3T23, para R$ 1,3 bilhão
A Gol teve um prejuízo de R$ 1,3 bilhão no acumulado do terceiro trimestre de 2023 (3T23), conforme balanço divulgado no início do mês passado.
Com isso, a Gol diminuiu em 16% o prejuízo de R$ 1,5 bilhão registrado no mesmo período do ano anterior.
O lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações (Ebitda) recorrente da Gol foi de R$ 1,25 bilhão no 3T23, ante R$ 695,2 milhões registrados no mesmo período de 2022 (aumento de 79,8%).
A receita operacional líquida da Gol no 2T23 foi de R$ 4,665 bilhões, sendo 16,4% superior a igual etapa do ano anterior.
Além disso, a Gol encerrou o período com uma alavancagem líquida de 4,0x (5,5 vezes em 7 vezes arrendamento e 3,2 vezes excluindo o SSN, ou Senior Secured Notes, com vencimento em 2028), 1,0x inferior ao 2T23 e 4,2 vezes menor em comparação ao 3T22.
O fluxo de caixa das atividades operacionais da Gol foi de R$ 900 milhões entre os meses de julho e setembro deste ano, enquanto o yield cresceu 4,5% em relação ao 3T22 devido ao aumento de produtividade e à otimização da gestão de inventário.
Projeções financeiras para 2023
A Gol (GOLL4) atualizou suas projeções financeiras para o ano de 2023 de forma a refletir os resultados atingidos nos nove primeiros meses do ano.
Para 2023, a companhia prevê que a oferta de voos avance de 10% a 15%, a frota operacional média entre 110 a 114 aeronaves, e que a taxa de ocupação média dos aviões fique em cerca de 82%.
A empresa ainda revisou a previsão da receita líquida total para este ano, de R$ 19,3 bilhões para R$ 19,0 bilhões, e a margem Ebitda de 24% ante estimativa anterior de 25%.
A Gol manteve também a expectativa de alavancagem, medida pela dívida líquida em relação ao Ebitda, em torno de 4x.
oll