A Gol (GOLL4) informou, em nota ao Broadcast (sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado), que “segue cumprindo as suas obrigações em todos os seus empréstimos e financiamentos, sem nenhum atraso nas parcelas de juros ou amortização”.
Os títulos de dívida da Gol emitidos no exterior, os bonds, despencaram mais de 40% entre a terça e quarta-feira no mercado secundário. Os papéis operam em níveis chamados no mercado de dívida de “distressed”, quando as cotações passam a embutir a expectativa de um alto risco de inadimplência.
A Gol tem a obrigação de pagar neste mês os juros de três títulos, as Senior Notes com vencimento em 2025, as Exchangeable Senior Notes com vencimento em 2024 e as Notas Perpétuas, de acordo com a assessoria de imprensa da empresa.
A empresa aérea vem enfrentando uma pressão de caixa para atender os compromissos no curto prazo com rumores de que precisará entrar com Chapter 11, equivalente nos Estados Unidos à recuperação judicial.
Ao final do terceiro trimestre da Gol, a empresa tinha um endividamento de R$ 20,3 bilhões, com R$ 3 bilhões vencendo dentro de um ano.
Com todo esse noticiário envolvendo uma crise financeira na Gol, as ações da empresa acumulam perdas de 25% no ano de 2024, o segundo pior desempenho dos ativos que compõem a carteira teórica do Ibovespa, até aqui.
Cotação GOLL4
Gol: discussões por “ampla reestruturação de capital”
A Gol (GOLL4) anunciou que, conforme divulgado no dia 1º de dezembro de 2023, contratou a Seabury Capital para auxiliá-la em uma ampla revisão de sua estrutura de capital. A companhia diz que pretende captar recursos para cumprir com seus compromissos financeiros e, em conjunto com a Skyworks, continuar com as negociações em andamento com arrendadores de aeronaves, na busca de reestruturar de forma abrangente as obrigações de frota.
A aérea também esclareceu que continua “comprometida” na busca pela captação de recursos para o fortalecimento do caixa da Gol. Além disso, a companhia segue discutindo com seus stakeholders financeiros sobre uma “reestruturação consensual”, embora não existam ainda definições sobre como será essa implementação.
Os esclarecimentos da Gol acontecem em meio a um pedido da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) para que a empresa se manifeste sobre a queda no preço das ações da Gol ontem (15), ocorrida em meio à possibilidade de a empresa entrar com um pedido de recuperação judicial nos EUA.
Assessoria jurídica que trabalhou com a Avianca
Ainda nesta terça-feira (16), o jornal O Globo noticiou que a Gol contratou o escritório Milbank, que é a assessoria jurídica que já tinha sido representante no pedido de recuperação judicial da Avianca nos Estados Unidos.
A Gol e a Avianca fazem parte do “guarda-chuva” de uma mesma holding, que é o Grupo Abra, cuja sede está localizada no Reino Unido.
Além disso, a Avianca tinha entrado no capítulo 11 da lei de falências dos Estados Unidos em maio de 2020, ou seja, durante a pandemia. Em dezembro, após realizar a negociação de um empréstimo de US$ 1,7 bilhão, e de conseguir diminuir seu endividamento em US$ 1 bilhão, a companhia então deixou a proteção judicial.
Mas a assessoria jurídica da Gol vai além do escritório Milbank, uma vez que também está sendo realizada por Lefosse e TWK, que são escritórios do Brasil.
Com Estadão Conteúdo