A Gol (GOLL4), que pediu recuperação judicial nesta semana, tem compromissos financeiros com 50 mil a 100 mil credores. As informações constam no pedido de recuperação judicial protocolado no Tribunal de Falências dos Estados Unidos do Distrito Sul de Nova York. A Justiça dos EUA aceitou hoje o pedido.
Os principais credores da Gol incluem o BNY Mellon, com o qual a aérea tem dívidas financeiras, o Comando da Aeronáutica (por serviços de controle de tráfego aéreo e auxílio de navegação) e a Vibra (VBBR3).
Além disso, dentre os maiores credores da companhia aérea também está a fabricante de aeronaves Boeing (BOEI34).
O número de credores informado ao tribunal no âmbito do pedido de recuperação judicial deriva de um levantamento interno da Gol.
- JHSF (JHSF3): vendas contratadas de incorporação no 4T23 caem 43,6%, para R$ 236,6 milhões
- Suzano (SUZB3) anuncia programa de recompra de até 40 milhões de ações
- S&P rebaixa rating da Gol (GOLL4), após anúncio de recuperação judicial nos EUA
- Gol (GOLL4), Azul (AZUL4), Latam: aéreas ganharam R$ 6,5 bilhões em renúncia fiscal em 2021
- Gol (GOLL4): após pedido de recuperação judicial, membros renunciam ao conselho
Para efeito de comparação, a Americanas (AMER3), que pediu recuperação judicial em meados de janeiro de 2023, possui cerca de 9 mil credores.
Conforme os dados da companhia, a dívida da Gol, no total, fica entre US$ 1 bilhão (R$ 4,92 bilhões) e pode chegar a US$ 8,3 bilhões (R$ 40,8 bilhões).
Ou seja, na pior das hipóteses, a dívida da empresa estaria próxima dos ativos totais de toda a empresa.
A Latam, que pediu recuperação judicial nos EUA assim como a Gol, declarou à época do processo, em maio de 2020, uma dívida maior, de US$ 18 bilhões (R$ 94,9 bilhões no câmbio atual).
A primeira audiência da Gol na Justiça de Nova York aconteceu nesta sexta-feira. O juiz que cuida do caso da companhia aérea é o veterano Martin Glenn, que tem mais de 16 anos de experiência na corte de falências e o chefe atual da área.
Na audiência, o juiz aceitou o pedido de proteção judicial para a reestruturação da dívida da Gol e avaliou o pedido de empréstimo DIP, para empresas em situação financeira difícil, de US$ 950 milhões, que a Gol já acertou com detentores de títulos de dívida da Abra, a holding que controla a empresa e a Avianca.
Fitch acompanha S&P e rebaixa rating da aérea
A Fitch Ratings rebaixou a nota de crédito de longo prazo em moeda estrangeira da Gol Linhas Aéreas de “CCC-” para “D”, em meio à reestruturação da dívida pelo Chapter 11 do Código de Falência dos Estados Unidos. Mais cedo, a S&P Global Ratings já havia tomado decisão semelhante.
A Fitch reconhece que a empresa registrou uma melhora em métricas operacionais desde a pandemia de covid-19, mas explica que o aumento dos pagamentos de arrendamentos (lease) e os juros elevados pressionaram a geração de fluxo de caixa, o que torna o perfil de dívida insustentável.
A agência estima que o passivo total da Gol era de R$ 20,3 bilhões no terceiro trimestre, a maior parte resultante de títulos estrangeiros.
Entenda a recuperação judicial da Gol
A companhia aérea pediu oficialmente nesta quinta (25) recuperação judicial nos Estados Unidos, em procedimento chamado de Chapter 11.
A informação foi divulgada pela companhia nesta quinta-feira (25), por meio de fato relevante.
As ações da companhia tiveram negociações interrompidas na B3 e entraram em leilão – ficaram 30 minutos suspensas.
Os papéis fecharam em queda de 3,16%, a R$ 6,44, sendo a maior queda do pregão.
No comunicado da Gol, a companhia ainda acrescenta que “assegurou US$ 950 milhões em financiamento para apoiar os negócios”.
O processo de recuperação judicial da Gol iniciado nos EUA inicia com um compromisso de financiamento de US$ 950 milhões, na modalidade debtor in possession (“DIP”) por membros do Grupo Ad Hoc de Bondholders da Abra – holding que controla a Gol – e outros detentores de bonds da Abra.
“A Companhia buscará acesso a esse financiamento como parte da audiência do Primeiro Dia com o Tribunal dos EUA, prevista para os próximos dias. O financiamento está sujeito à aprovação judicial e, juntamente com o caixa gerado pelas operações em curso, fornecerá liquidez substancial para apoiar as operações, que seguem normalmente, durante o processo de reestruturação financeira”, diz a companhia.
Em seu comunicado, a companhia ainda ressalta que apesar do pedido de recuperação judicial, os voos de passageiros da Gol, os voos de carga da GOLLOG, o programa de fidelidade Smiles e outras operações da companhia continuam normalmente.
Com Estadão Conteúdo