Gol (GOLL4), Azul (AZUL4): setor de turismo desaba com nova variante de Covid-19
Um dos setores que mais sofreram na pandemia e ainda não se recuperaram completamente, o do turismo, é o que mais derrete no Ibovespa nesta sexta (25), após a notícias de mais uma nova variante da Covid-19 ter sido identificada na África do Sul.
Papéis da Gol (GOLL4), Azul (AZUL4) e CVC (CVCB3) estão entre as maiores quedas do Ibovespa, com a perspectiva de piora do cenário internacional em meio à nova variante identificada no início do período de final do ano – época que tradicionalmente ferve com as viagens de férias.
Às 12h, o cenário na bolsa de valores para as empresas de turismo era o seguinte:
- Gol (GOLL4): -13,22, cotada a R$ 14,82
- Azul (AZUL4): -11,60%, valendo R$ 23,96
- Embraer (EMBR3): -9,46%, aos R$ 19,05
- CVC (CVCB3): -9,38%, cotada a R$ 15,18
Rodrigo Franchini, sócio da Monte Bravo Investimentos, afirma que o setor de turismo deve ser um dos mais prejudicados. “Nós tínhamos visto nos últimos três meses um boom no setor. Esse último trimestre como um todo seria muito melhor e ano que vem esperávamos uma devolutiva no setor bem significativa”, diz.
Mas o cenário pode ter mudado. Franchini avalia que ainda se sabe muito pouco sobre a nova variante e que se deve considerar que a taxa de vacinação na África do Sul está muito baixa e isso pode ter agravado o cenário de contaminação.
Nova variante representa risco para o turismo
De acordo com Felipe Vella, analista técnico da Ativa Investimentos, o maior receio do mercado está relacionado à baixa eficiência da vacina para essa nova cepa.
Isso porque pesquisadores verificaram que a nova variante apresenta cerca de 50 mutações, das quais 32 delas são na proteina spike, que é justamente a parte do vírus que a maior parte das vacinas atua para barrar a Covid-19.
Ou seja, alterações nessas proteínas podem ser potencialmente perigosas para diminuir a eficiência da vacina. “Esse é o maior receio do mercado, de que as vacinas não sejam tão eficazes ou, pior, nada eficazes nesse novo caso”, diz Vella.
Sobre o setor de turismo em específico, Vella afirma que, caso os países da Europa fechem suas fronteiras aéreas, por mais que o Brasil não vá barrar a entrada, não tem como o turista sair da origem para vir pra cá e vice-versa.
“Não adianta o Brasil ficar com as fronteiras abertas e o resto do mundo fechado. E nós sabemos que no verão é uma época que o Brasil recebe muitos turistas, mas agora esse período deve ser duramente afetado, principalmente caso aconteçam novos lockdowns.”
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Europa começa a fechar as portas
Com isso, o mercado como um todo opera no negativo. Desde as bolsas asiáticas que já fecharam, até as europeias, americanas e aqui no Brasil.
O Ibovespa caía 3,75% às 12h, devolvendo os ganhos dos dias anteriores para voltar aos 101.534 pontos.
Essa nova variante surge em meio ao aumento dos casos de internações na Europa, com países como a Áustria anunciando lockdown e a Alemanha decretando novas medidas severas de restrições de circulação.
O Reino Unido já fechou suas fronteiras para seis países africanos: África do Sul, Namíbia, Lesoto, Botsuana, Suazilândia e Zimbábue, todos temporariamente suspensos. Além disso, viajantes vindos dessas localidades para o país deverão cumprir quarentena.
Israel também anunciou que irá proibir que seus cidadãos viajem para a África do Sul e que viajantes vindos da região entrem no país. As outras cinco nações serão adicionadas à lista “vermelha”, ou seja, de maior risco.
Os casos da nova variante foram identificados na África do Sul, Botsuana e Hong Kong.