A Gol (GOLL4) registrou prejuízo líquido de R$ 2,53 bilhões no primeiro trimestre de 2021, crescendo 10,8% na comparação com o déficit registrado primeiro trimestre de 2020, que foi de R$ 2,28 bilhões. Além disso, a empresa atualizou as suas projeções para o próximo trimestre, e traçou um cenário ainda pior, com expectativa de queda na receita.
A companhia aérea continua a ter seus resultados impactados pela covid-19. A receita líquida da Gol no começo deste ano foi de R$ 1,6 bilhão, queda de 50,2% na comparação com o mesmo período de 2020.
“A queda é devido principalmente à redução mais acentuada na demanda no setor aéreo, em decorrência da segunda onda de casos de COVID-19 com pressão na rede hospitalar que impactou no aumento no número de cancelamentos e não comparecimentos”, afirmou a companhia no documento publicado na manhã desta quinta-feira (29).
O número de passageiro-quilômetro transportado (RPK), dado utilizado no setor aéreo para avaliar a demanda, reduziu 44% na base anual, e o assento quilômetro ofertado (ASK), que mede a oferta, também.
Foram 4,5 milhões de clientes transportados nos primeiros três meses do ano, queda de 46% na base anual – o transporte de pessoas corresponde a quase 90% da receita da Gol, com apenas 9,7% do faturamento sendo oriundo do transporte de carga (esse apresentou baixa menor na comparação sazonal, de 15%).
A Gol viu ainda suas despesas operacionais avançarem, se levada em conta a proporção, no período. Apesar da queda pela metade da receita, esse número ficou em R$ 2,09 bilhões, ante R$ 2,1 bilhões no mesmo intervalo do ano passado. O resultado operacional ficou negativo em R$ 522,5 milhões.
A variação cambial pesou no resultado financeiro da companhia aérea, que ficou negativo em R$ 1,96 bilhões, crescendo na comparação com os R$ 1,2 bilhões registrados no mesmo período do ano passado. Os custos com juros sobre empréstimos e financiamentos avançaram 43% na base anual, chegando a R$ 439,9 milhões. As perdas com variação cambial e monetária foram de R$ 1,5 bilhão.
A Gol termina o primeiro trimestre de 2021 com uma dívida líquida de R$ 14,8 bilhões, alta de 14,1% na comparação com o fim de 2020 e de 27,5% na comparação com o primeiro trimestre do ano passado. O múltiplo da alavancagem da companhia, medida pela relação entre dívida líquida e Ebitda (DL/Ebitda), ficou em 11,4 vezes, antes 2,6 vezes no ano passado.
Com piora do cenário, Gol atualiza projeções para segundo trimestre
Com o avanço da covid-19 e a entrada de um período de baixa temporada, a Gol atualizou seu guidance para o segundo trimestre: a companhia espera conseguir manter sua dívida líquida em R$ 14,8 bilhões e quer uma liquidez de R$ 4,2 bilhões.
Para isso, a Gol tentará reduzir seus custos operacionais diminuindo sua frota: irá operar, no período, apenas 63 aeronaves, 70% da sua frota média do final de 2020. A companhia vê sua receita caindo 35% na comparação com a registrada no primeiro trimestre de 2021, para cerca de R$ 1 bilhão.