Gol (GOLL4): ações despencam e lideram quedas no Ibovespa, mesmo após reverter prejuízo no 2T23; veja motivos

As ações preferenciais de Gol (GOLL4) despencaram no Ibovespa na tarde desta quinta-feira (27), liderando as quedas do índice e refletindo a sensação do mercado com o balanço do segundo trimestre, divulgado na manhã de hoje. A aérea reverteu prejuízo em lucro — mas analistas viram pontos preocupantes no balanço do 2T23.

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No fechamento, as ações preferenciais da Gol caíram 5,83%, cotadas a R$ 9,69.

Cotação GOLL4

Gráfico gerado em: 27/07/2023
1 Dia

Em relatório, analistas do BTG Pactual avaliaram que os resultados trimestrais da Gol foram mais fracos devido à tendência de demanda menor no período.

Apesar do cenário ainda turbulento para o setor de aviação, o banco espera um segundo semestre melhor devido às menores pressões de custo de combustível e alavancagem, conforme refletido em seu guidance. Além disso, o recente programa de gerenciamento de responsabilidades da empresa diminuiu as preocupações do mercado sobre a liquidez financeira.

O BTG tem recomendação “neutra” tanto para as ADRs da Gol, com preço-alvo a US$ 2,12 e também para as ações negociadas na B3, com preço-alvo a R$ 10,00.

“Os dados da Gol no 2T23 na comparação anual foram interessantes porque, no ano passado, a gente tinha aqueles preços de combustível muito altos no segundo trimestre, no estopim da guerra da Ucrânia, e a empresa subiu o preço das tarifas nesse período. É claro que, para a frente, a gente está com uma atenção extra sobre o que está acontecendo na Ucrânia, já que algum tipo de abalo ou piora na guerra poderia ‘dar um susto’ nos preços de petróleo”, disse Gustavo Cruz, estrategista da RB Investimentos. 

Segundo ele, a taxa de ocupação doméstica da companhia, por exemplo, que ficou em 77,3% no período, pode ser melhorada. “Ainda é um período de recuperação da demanda – principalmente em voos corporativos e internacionais – com vários trechos que ainda não retomaram. Quando tivemos os ataques de 2001, demorou três anos para que o setor de turismo retornasse ao pré-evento. Acho que a gente deve ter algo parecido, então ano que vem deve estar bem normalizado”, completou.

Preferimos companhias com balanços sólidos, diz Goldman

Também em relatório, o Goldman Sachs observou que, com base na sazonalidade histórica, a Gol está operando com uma margem Ebitda anualizada de aproximadamente 29%, o que pode indicar que a empresa esteja contabilizando um ligeiro repasse de custos mais baixos de combustível de aviação nas tarifas.

“Preferimos estar expostos a companhias aéreas com balanços sólidos, diante de um cenário macroeconômico ainda incerto e com forte poder de precificação mais saudáveis. Assim, mantemos nossa preferência pela Copa Airlines e Latam em nossa cobertura”, disse o banco.

O Goldman tem recomendação “neutra” tanto para as ADRs da Gol, com preço-alvo US$5,65 e também para as ações da Gol negociadas na B3, com preço-alvo a R$ 13,50.

A queda nas taxas de juros, inclusive, está no radar das companhias aéreas, que podem ser favorecidas no segundo semestre. “As empresas estão bem alavancadas, tiveram que fazer uma rodada de negociação das suas dívidas, e pagam bastante em termos de juros por conta da sua situação financeira. Elas, junto com algumas empresas de varejo online, são dois setores que serão bastante beneficiados adiante com juros mais baixos, além de terem um alívio nos seus balanços”, pontuou Cruz.

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Gol reverte prejuízo anual no 2T23 e lucra R$ 556 milhões

Gol lucrou R$ 556,3 milhões no acumulado do segundo trimestre de 2023 (2T23), conforme balanço divulgado na manhã desta quinta-feira (27).

Com isso, a Gol reverteu o prejuízo de R$ 2,8 bilhões registrados no mesmo período do ano anterior.

O lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações (Ebitda) recorrente da Gol foi de R$ 947,3 milhões no 2T23, ante R$ 439,0 milhões registrados no mesmo período de 2022.

receita operacional líquida da Gol no 2T23 foi de R$ 4,145 bilhões, sendo 27,9% superior a igual etapa do ano anterior, considerada a maior da história para o período.

A Gol encerrou o trimestre em questão com liquidez total (considerando caixa e equivalentes de caixaaplicações financeiras, depósitos e contas a receber) de R$ 4,1 bilhões, cifra que representa 8,4% de queda em relação ao trimestre imediatamente anterior.

Além disso, a Gol encerrou o período com uma alavancagem líquida de 6,7x (5,0 vezes em IFRS16 e 3,5 vezes excluindo o SSN, ou Senior Secured Notes, devido em 2028), 1,1x inferior ao 1T23 e 2,8 vezes menor em comparação ao 4T22.

Segundo a Gol, este segundo trimestre, o mais fraco sazonalmente do ano, confirmou a melhoria contínua da eficiência operacional e da produtividade, bem como posicionou a companhia para obter resultados ainda melhores com o crescimento das viagens aéreas.

“Mantivemos nossa abordagem disciplinada de custos para impulsionar ainda mais a produtividade e alcançamos uma receita unitária (PRASK) de R$ 36,18 centavos, um aumento de 8,9% em relação ao ano anterior, focando em nossas estratégias de gerenciamento de receita. Continuamos priorizando a confiabilidade, a rentabilidade e o fortalecimento do nosso balanço”, destacou o diretor-presidente, Celso Ferrer, em comunicado de resultados.

Projeções financeiras para 2023

Gol atualizou suas projeções financeiras para o ano de 2023 de forma a refletir os resultados atingidos no primeiro semestre do ano, além de revisar sua projeção para o segundo semestre do ano, incluindo os novos patamares de preço de querosene de aviação observados e ajustes de capacidade.

Para 2023, a companhia prevê que a oferta de voos avance de 10% a 15%, ante estimativa anterior de crescimento de 15% a 20%. Por outro lado, projeta que as decolagens fiquem no limite entre 15% a 20%, ante estimativa anterior de 20% a 25%.

Já a frota operacional média da companhia segue mantida entre 114 a 118 aeronaves este ano, assim como a taxa de ocupação média dos aviões, de cerca de 81%.

A empresa ainda revisou a previsão da receita líquida total para este ano, de R$ 19,5 bilhões para R$ 19,3 bilhões, e a margem Ebitda de 25% ante estimativa anterior de 24%.

A Gol manteve também a expectativa de alavancagem, medida pela dívida líquida em relação ao Ebitda, em torno de 6x.

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Giovanni Porfírio Jacomino

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