Dono da Gol: aéreas criaram fundo de caixa dois de R$ 2,5 milhões
O dono da Gol, Henrique Constantino, afirmou que as companhias aéreas criaram um fundo de caixa dois de R$ 2,5 milhões. Em delação premiada, o executivo afirmou que a verba era repassada a parlamentares como troca de favorecimento no Congresso. Contudo, a delação é mantida em sigilo e as informações foram divulgadas pelo “O Globo”.
De acordo com o dono da Gol, o esquema era liderado pelo presidente da Associação Brasileira das Empresas Aéreas (Abear), Eduardo Sanovicz. “Todos os representantes presentes aprovaram a contribuição no valor total de R$ 2,5 milhões, cujo montante foi pago pelas empresas à associação, a título de contribuição extraordinária, na proporção de suas participações no mercado doméstico”, disse Constantino na delação.
O valor que a Gol inseriu no fundo seria de R$ 800 mil. Segundo o executivo, em 2014 foram selecionados oito parlamentares que receberiam os recursos. Dessa forma, entre os nomes estariam:
- Rodrigo Maia (DEM-RJ) – presidente da Câmara dos Deputados;
- Romero Jucá (RR) – presidente do MDB;
- Ciro Nogueira (PI) – presidente do PP;
- Marco Maia (PT-RS);
- Edinho Araújo (MDB-SP);
- Vicente Cândido (PT-SP);
- Otávio Leite (PSDB-RJ);
- Bruno Araújo (PSDB-PE).
Em delação premiada, dono da Gol acusa Temer, Cunha e Geddel
Na delação, Henrique Constantino não apontou se os parlamentares chegaram a receber a verba das companhias aéreas. O dono da Gol ainda disse ao Ministério Público que, além dele, representantes de outras companhias participaram do esquema. Seriam eles:
- TAM – Marco Antonio Bolonha;
- Avianca – José Efromovich;
- Azul – José Mario Caprioli.
Constantino declarou que não sabia de detalhes da operação, uma vez que, segundo ele, era o presidente da Abear o responsável por isso. Entretanto, o executivo afirmou que havia contratos fictícios para mascarar a operação. O dono da Gol também não confirmou se as empresas foram beneficiadas pelos parlamentares.
A escolha dos parlamentares que receberiam os recurso teria sido feita por Sanovicz estrategicamente, afirmou Constantino. Segundo ele, fatores como a influência no meio político e a diversidade dos partidos foram levados em consideração.
Temer, Cunha e Geddel
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O dono da Gol revelou ainda, na delação, ter feito pagamentos de propina em troca de liberação de financiamentos da Caixa Econômica Federal para as suas empresas. Entre os acusados, estão políticos do MDB, como o ex-presidente Michel Temer e o ex-ministro Geddel Viera Lima. Segundo Constantino, o ex-deputado Eduardo Cunha também estaria envolvido.
A delação do dono da Gol foi homologada pelo juiz Vallisney de Oliveira, da 10ª Vara Federal do Distrito Federal. Além disso, ela foi firmada com o Ministério Público Federal.